Sonhos de revolução

PCO prega conscientização e prevê revolta popular no Brasil

Ivan Santos

O pequeno Partido da Causa Operária (PCO) foi formado a partir de uma dissidência radical do PT. E a exemplo de outras legendas saídas da sigla petista, também se propõe a resgatar bandeiras históricas da esquerda. Mais exatamente da esquerda que ainda aposta no comunismo como saída para uma suposta crise do capitalismo. Candidato do PCO ao governo, o funcionários dos Correios Ivo Souza prega a conscientização da população através das entidades civis organizadas como forma de vencer a apatia da maioria em relação à política. E prevê que o desinteresse dos brasileiros com política não for vencido através dessa conscientização, acabará um dia sendo despertado quando a crise do capitalismo chegar ao ponto de provocar uma revolta popular.

Jornal do Estado — Quais as intenções do PCO nesta eleição?

Ivo Souza
— O principal objetivo é divulgar as propostas do partido. A diferença do PCO para os outros partidos é que tem uma tendência revolucionária, não são propostas reformistas. Mexem com os princípios institucionais. Interfere diretamente na propriedade privada. Trabalhar para construir o comunismo.

JE — Mas como falar em revolução diante da crise mundial da esquerda?

Souza
— Considero essa crise um avanço. A crise do sistema capitalista nas suas várias fases chegou a um nível máximo, com o imperialismo. Quando chega a isso o capitalismo se auto destrói. O comunismo não foi implantado totalmente, mesmo na União Soviética. O fracasso do comunismo também se deu por uma forçação de barra do capitalismo, que inclusive sequestrou e matou comunistas. Acreditamos que o sistema comunista é o sistema natural, pois quando adquirimos um bem para a nossa família, esse bem é para o benefício de toda a família. É o contrário do que acontece na sociedade capitalista.

JE — Mas como fica, por exemplo, o direito de propriedade de uma família que tem apenas uma casa para morar?

Souza
— Toda a população deve ter cara para morar, independente de se é própria ou não. Se é do governo ou do cidadão. Não temos como regular isso agora. É algo que será implementado com o tempo.

JE — Qual a avaliação do PCO sobre o governo Lula?

Souza
— Fomos expulsos do PT por uma conspiração do José Dirceu. Tínhamos a maioria dos candidatos da corrente Causa Operária. Certamente se permanecessemos no PT, ele não seria o que é hoje. O PT foi dominado por uma corrente altamente capitalista. O Lula abandonou a causa operária há muito tempo. Nós já havíamos denunciado que o PT trairia o povo. O PT e o Lula estão muito mais a serviço dos grandes capitalistas do que da população brasileira. Fazem ações paliativas para suprir necessidades superficiais do povo, mas são políticas que não têm durabilidade.

JE — Como vencer a apatia da maior parte da população em relação à política?

Souza
— O PCO defende que os trabalhadores tenham uma consciência política vinda das igrejas, sindicatos, comunidades. Esse círculo vicioso tem que ser vencido ou com uma alternativa política de organização dos trabalhadores ou com uma revolução que pode surgir a partir de uma greve geral que leve à uma polarização. Outra alternativa é a conscientização automática através da educação. Se prega muito no Brasil que sempre se dá um jeitinho. Mas vai chegar um instante em que os meios (de produção) vão se esgotar tanto que ou a população reage, ou passa necessidade.

JE — E o governo Requião?

Souza
— O governo Requião tem um discurso demagógico. Um discurso forte mas não todo verdadeiro. Pela imposição parece tudo verdade. O nepotismo, por exemplo, é um problema muito grande. Defendemos que todos os servidores públicos sejam concursados.