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Detonautas: Fábio Brasil, Phil Machado Tico Santa Cruz, André Macca e Renato Rocha (@jvportugal)

Em 2009, pela primeira vez, o Detonautas Roque Clube lançou um álbum acústico, expondo um lado mais intimista de suas canções. O projeto não teve a oportunidade de pisar nos palcos Brasil afora, mas as versões “desplugadas” conquistaram os fãs, ultrapassando 300 milhões de streams nas plataformas digitais.

Em 2023, para comemorar as duas décadas de seu disco de estreia, a banda retomou o formato e lançou o álbum Detonautas 20 Anos – Acústico. O disco reacendeu a vontade de levar este modelo para a estrada e, assim, a Detonautas Tour 20 Anos – Acústico chega para uma sequência curta de shows, com Tico Santa Cruz (vocal), ao lado de Renato Rocha (guitarra), Fábio Brasil (baterista), Phil Machado (guitarra) e André Macca (baixo).

Além de São Paulo e Rio de Janeiro, a banda realiza a apresentação deste formato inédito também em Curitiba, no Teatro Guaíra, nesta sexta-feira, 22 de março. Os ingressos já estão disponíveis pelo DiskIngressos, a partir de a partir de R$90 (meia-entrada) e R$180 (inteira), somado à taxa da plataforma.

Em entrevista ao Bem Paraná, Tico Santa Cruz relembra as primeiras vezes em que esteve na capital paranaense e traz detalhes sobre o projeto, que percorre diferentes fases do conjunto, incluindo músicas menos conhecidas e outras que ainda não ganharam uma versão oficial acústica.
Confira a entrevista na íntegra aqui.

Bem Paraná – Tico, não é nem um pouco fácil entrar na indústria da música, muito menos, manter uma banda por 20 anos. Ao que você atribui o sucesso do Detonautas Roque Clube?
Tico Santa Cruz, vocalista do Detonautas Roque Clube –
Eu atribuo o sucesso do Detonautas a alguns fatores muito importantes. O primeiro deles é a dedicação que temos com a banda, que desde o começo foi muito necessária para conseguirmos nos organizar e entender como nós iríamos desenvolver métodos para poder acessar uma indústria tão disputada quanto é a indústria musical.
É claro que depois fomos aperfeiçoando também a parte técnica. Todo mundo estudou e começou a trabalhar para poder se desenvolver melhor nas suas funções. Eu, como compositor, comecei a ler muito mais, a prestar mais atenção em questões relacionadas à própria literatura e à própria forma de conduzir a minha escrita.
O Detonautas também foi uma banda muito improvável por termos nos conhecido na internet em uma época remota, onde ninguém sabia quem era o outro, nem de onde vinha e nem quais eram as características. Mesmo assim, conseguimos nos juntar de alguma forma e realizar o sonho de gravar um disco e fazer uma carreira muito bem sucedida.

BP – E o que vocês estavam pensando quando começaram a planejar as comemorações dos 20 anos de banda?
Tico –
Então, passamos por algumas intempéries, porque quando nos organizamos para fazer a pré-produção dessa comemoração do acústico, no finalzinho do primeiro mês de ensaio, veio a pandemia.
Antes disso, o Detonautas lançou um acústico, em 2009, que acabou sendo engavetado pela gravadora e, por isso, ficou só nos streamings. Não aconteceu nenhuma turnê e, por isso, ficou só no YouTube e nas plataformas digitais. Isso já foi uma grande frustração, porque entendemos que aquele formato era um formato muito interessante pra banda, pela versatilidade que temos e pela maneira que conduzimos a nossa carreira.
Então, quando a gente entrou pra fazer um novo acústico, em 2020, veio de novo um outro imprevisto, algo que ninguém esperava e, de novo, nos recolhemos e fomos entender o que estava acontecendo. E o período de pandemia foi um período muito triste e trágico, mas, ao mesmo tempo, um período de reflexão, de tentar entender como as coisas funcionam e de que maneira poderíamos atuar para construir, num segundo momento, depois da pandemia, uma comemoração.
A comemoração acabou se tornando uma comemoração coletiva: dos 20 anos da banda, de que nós sobrevivemos a uma pandemia trágica no país e uma comemoração que nós conseguimos, de alguma maneira, nos reunir novamente pra poder ouvir música, se divertir, se encontrar, se abraçar e se ver.

BP – E porquê a escolha do acústico? O que é possível transmitir em um show acústico que não é o mesmo em um show “tradicional”?
Tico –
O acústico é um formato onde originalmente as músicas nascem, né? Eu componho muito no violão, então boa parte do repertório do Detonautas foi feito no violão. Isso traz uma versatilidade muito grande pra banda, porque podemos criar arranjos elétricos, que demandam uma produção um pouco mais elaborada em cima de timbres que são feitos para esse formato elétrico.
Quando você vai para o acústico, você vai para a essência da música, que é a canção. Quando uma música funciona bem só no violão e voz, é porque ela tem um grande potencial de acesso no coração e na alma das pessoas. Então, quando montamos o acústico de 2009, nós percebemos que esse potencial era muito grande, porque os números do Detonautas são extraordinários para esse projeto. E como ele não foi para a estrada, nós entendemos que era a melhor forma de celebrarmos com os nossos fãs.

BP – Detonautas Roque Clube é uma banda dos anos 2000 e as décadas de 90/00 têm voltado com tudo. Vocês percebem uma nova geração descobrindo o trabalho de vocês?
Tico –
Acredito que tem uma nova geração aparecendo, sim, junto com os shows, mas o movimento maior é da própria geração que viveu essa experiência e sente saudade, quer reviver e tem momentos importantes da vida que são feitos por essas canções.
Estamos falando de pessoas que tinham 15, 20 anos naquela época e que agora já têm filhos e que já estão trazendo os filhos para os shows. Eu acredito muito que daqui a pouquinho, vamos botar aí mais uns cinco anos, vamos acessar muito essa geração que hoje tem 12, 13 e que vai entender o que nós estamos fazendo e qual é a importância do rock nacional. Aí sim, vamos ter uma catarse com três ou quatro gerações, que são aqueles fãs que viveram os anos 1990, 2000, 2010 e 2020.
Eu vejo isso, porque eu posto muito no TikTok músicas mais antigas, dos anos 1970 e 1980, e vejo uma galera mais nova falando: “Pô, saudade de um tempo que eu não vivi”. Mesmo vivendo em um mundo com muita inteligência artificial nas redes sociais, a música acaba prevalecendo.

BP – Você se lembra das primeiras vezes que passou por Curitiba? Qual era a sua impressão da cidade e dos fãs curitibanos?
Tico –
O nosso primeiro fã-clube nasceu em Curitiba. A Tally, hoje, já é uma mulher que já tem filhos, mas era uma adolescente na época e foi ela quem fundou esse fã clube junto com algumas outras pessoas que acompanharam a banda durante muitos anos.
Ela sempre esteve presente e da última vez que estivemos no Teatro Positivo, conseguimos juntar muitas pessoas desse fã clube lá dos anos 2000. E foi muito legal, porque conseguimos nos reunir com o Seu Luiz, por exemplo, que, hoje, é um senhor que já tem filhos e até netos. E, com ele, o fã-clube viajava para o Paraná inteiro e até para outros estados com um carro com o logo do Detonautas.
Curitiba é uma cidade que tem um capítulo importante na nossa história, porque além do fã-clube, eu me lembro que nessa época de 2000 existia uma lenda, que eu acho que perdura até hoje, de que Curitiba é o Crivo do Brasil em termos de qualidade de entretenimento em alguns aspectos, principalmente no musical.
Então, quando eu passava pelo crivo de Curitiba, os outros estados fatalmente teriam também uma boa relação com a banda. Enfim, tivemos uma boa relação coletiva desde o começo, então não dá pra saber se não tivéssemos passado pelo crivo, né? (risos)

BP – A turnê do Acústico acabou de começar e vocês tiveram a oportunidade de se apresentar em São Paulo. Como tem sido a experiência até o momento?
Tico –
Faz três semanas que fizemos o show em São Paulo e foi muito importante pra gente. O primeiro show tem todo um nervosismo, uma ansiedade que nos envolve, mas ensaiamos muito, ficamos internados no estúdio com ensaios de 12, 13 horas de duração, mas estamos super felizes e estamos pegando esse ritmo.
Acredito que nessa primeira leva, com shows nas capitais como São Paulo, Curitiba, depois Rio de Janeiro e Belo Horizonte, já irão surgir novas datas para o Nordeste, por exemplo. Vamos pegando fôlego e força para poder criar desse acústico uma turnê histórica para a banda.
Em Curitiba, vamos experimentar, por exemplo, músicas que não fizemos em São Paulo, já que entendemos que cabiam mais músicas no repertório. Acredito que à medida que formos avançando com a turnê, vamos entendendo como é que é o funcionamento desse novo formato. E a turnê do elétrico está a todo vapor. Temos shows na Europa no final do ano e mais de 30 shows marcados para o ano todo. É um ano bem positivo para os Detonautas.

BP – Em relação ao repertório, quais foram os critérios para essa seleção das músicas? O que não podia ficar de fora?
Tico –
No início, escolhemos por 24 canções, que seriam as canções do primeiro acústico de 2009, somadas às principais de 2023 que poderiam criar uma história. Em São Paulo, tocamos o repertório e o show teve 1 hora e 35 minutos, mais ou menos, de espetáculo. Em Curitiba, vamos experimentar aumentar um pouquinho.
E o repertório é totalmente voltado para a obra do Detonautas, sem nenhum cover, tocando músicas que não entraram em momento algum na turnê do elétrico, ou seja, que os fãs não fizeram contato. Então, é um repertório que foi escolhido para representar os hits, os grandes sucessos, mas também as músicas que os fãs têm um apelo afetivo e que não estavam nos repertórios anteriores dos shows elétricos.
É uma experiência muito bacana. O feedback que nós recebemos das pessoas que foram nos shows é de muita emoção, de muita conexão com canções que fizeram a trilha sonora da vida dessas pessoas e, obviamente, de um ineditismo, porque não aconteceu essa turnê, anteriormente.

BP – Por último, você poderia deixar um convite ou uma mensagem aos seus fãs curitibanos que já estão ansiosos para o show em abril?
Tico –
Estamos super felizes de poder fazer esse show no Teatro Guaíra. Nós sabemos da importância do teatro, o quanto ele é importante tanto para o teatro, para a música, quanto para outras expressões artísticas
Percebemos que há uma grande movimentação em torno dos ingressos, né? Restam pouquíssimos ingressos, então, para quem ainda está na dúvida, eu recomendaria experimentar essa experiência junto com a gente. E eu espero que, depois desse show em Curitiba, possamos escrever mais um capítulo nessa relação que temos com o Paraná.

Serviço
Detonautas Roque Clube em Curitiba

Onde: Teatro Guaíra (Guairão) – R. XV de Novembro, 971 – Centro, Curitiba.
Quando: 22 de março (sexta-feira).
Horário: abertura da casa às 20h e início do show às 21h.
Quanto: Ingressos a partir de R$90 (meia-entrada) e R$180 (inteira) + taxa administrativa do Disk Ingressos.
Vendas: https://www.diskingressos.com.br/event/6274