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Fernanda Montenegro. Foto: Reprodução Instagram @companhiadasletras

Uma das artistas mais celebradas do país, Fernanda Montenegro acumula várias paixões ao longo da vida: pela arte, família e por seu eterno companheiro, o também ator Fernando Torres, falecido em 2008. Todos esses temas são revisitados no episódio de ‘Tributo’ que estará disponível no Globoplay em 16 de outubro – dia em que a atriz faz aniversário –, e no dia 17 será exibido na TV Globo, após ‘Mania de Você’.

“Fazemos parte da história cultural da televisão brasileira. Eu comecei em dezembro de 1950 na TV Tupi. Havia um grande elenco, todos muito jovens, e hoje estamos aí a beira dos 100 [anos]. As nossas biografias são muito bonitas, porque são biografias de resistência”, celebra a atriz.

Após a adoção de um nome artístico – que ela mesma criou, ainda no início da carreira – a homenageada revela o segredo para equilibrar a convivência entre a celebridade e a pessoa física. “Sou, ao mesmo tempo, Arlette Pinheiro Monteiro Torres e Fernanda Montenegro. Uma é a chamada de uma arte, de uma profissão. A outra, sou eu de porta fechada, sólida, dentro de casa. Será que isso é sadio? Não sei! Mas é desafiador. E já que estou com essa idade, tenho sobrevivido”.

Embora tenha sido uma das pioneiras da televisão, Fernanda não esconde a sua identificação com o palco. Ou, como definiu a filha, Fernanda Torres, uma “devoção pelo teatro”. “Ela é um ser totalmente do presente. E trabalha mais do que nós todos: é chamada para filme, novela, peça, debate e comerciais. É requisitadíssima. E dá conta. Ao mesmo tempo, há atrás dela uma corrente de pessoas e de experiências. Como traduzir isso? Talvez seja o preço de viver muito, lucidamente”, elogia Fernanda Torres.

‘Tributo’ repassa acontecimentos importantes como a fundação da Companhia Teatro dos Sete – da qual também faziam parte Fernando Torres, Sergio Britto e Ítalo Rossi, além do diretor Gianni Ratto – em 1959; e sua atuação como Dora em ‘Central do Brasil’ (1998), de Walter Salles, que lhe rendeu a indicação para o Oscar de melhor atriz no ano seguinte. Em seu depoimento, ela pondera que a derrota [para Gwyneth Paltrow, por ‘Shakespeare Apaixonado’] não se tornou um trauma. Pelo contrário. “Jamais pensei que iria levar esse negócio. Mesmo que não pegue a estatueta, aquilo já bota você no noticiário. Eu assisti como se estivesse em uma fantasia. Sabia que não ia levar nada, mas estive lá. Eu sou obediente, às vezes”, brinca.

O episódio, costurado pela leitura de poemas e trechos de autores renomados, traz ainda uma declaração para o inesquecível companheiro. “Sem Fernando, a minha vida não se cumpriria. Do nosso mais profundo pacto de existir, vieram dois filhos maravilhosos [além de Fernanda Torres, ela é mãe do cineasta Claudio Torres], que também são referências dentro do nosso processo artístico. Tenho que agradecer, viu Fernando, a você”.

‘Tributo’ é uma série original Globoplay com redação de Isadora Wilkinson e Lalo Homrich, direção artística de Antonia Prado, direção de Matheus Malafaia e direção de gênero de Mariano Boni.