Um espetáculo excepcional. É desta forma que a crítica de arte Bárbara Heliodora define a peça Estamira-Beira do Mundo, uma adaptação para o teatro do premiado documentário sobre uma catadora de lixo, doente mental crônica, com uma percepção do mundo surpreendente e devastadora. A montagem – com dramaturgia de Dani Barros e Beatriz Sayad – será apresentada em curta temporada, de 12 a 14 de julho, na Caixa Cultural (R. Conselheiro Laurindo, 280 – Centro), com sessões sexta e sábado às 20 horas, e no domingo, às 19 horas. O monólogo com uma linguagem que passa do grotesco ao sublime, do drama à comédia, resume a tensão entre a loucura e normalidade, realidade e ficção, assim como Estamira. Com duração de 70 minutos, o projeto conta com o patrocínio do Programa Caixa Cultural. Os ingressos estarão à venda a partir de terça-feira, dia 9, ao meio-dia, somente na bilheteria do teatro.

No palco a atriz Dani Barros (premiada nesse papel como Melhor Atriz no Prêmio Shell, Prêmio APTR, APC e Questão de Crítica) vive Estamira, uma personagem real descoberta pelo cineasta Marcos Prado no Aterro Sanitário do Jardim Gramacho (RJ) e que se tornou personagem central de seu filme. A peça não só é um documentário, mas, também, um depoimento pessoal e artístico de Dani Barros, que reconheceu nessa história parte de sua experiência pessoal. O lixão é a porta de entrada para o universo de Estamira. Lá são encontradas cartas, memórias, histórias que não conseguimos jogar fora.

A peça aborda a história de uma catadora de lixo, que possui uma doença mental crônica, mas também uma percepção de mundo surpreendente e devastadora. Uma profetisa do lixão, carregada de tragédia e humor, delirante e sábia, atordoante e provocadora. O pano de fundo é o lixão, porta pela qual adentramos o universo de Estamira. Lá, são encontradas cartas, memórias e histórias que não são possíveis de se jogar fora. Desde pequena, sempre tive uma forte atração pelo lixo. Meu apelido de infância era Maria Caquinho. Sempre que eu ia à praia ficava catando saquinho, plastiquinho, copinho, achava que as coisas iam sentir frio à noite. Me sentia a Mulher Maravilha, salvando todos aqueles caquinhos. E assim eu cresci: catando, juntando. Não jogo nada fora, acho que tudo um dia vai servir para alguma coisa: cacarecos, histórias, fotos, lembranças… Achei, no teatro, um lugar para depositar meus guardados, conta Dani Barros. Segundo a diretora Beatriz Sayad, há histórias tão lindas que merecem ser contadas, e tão fantásticas que se tornam teatrais. Histórias que são duras demais para serem lembradas e caras demais para serem esquecidas. E que encontram no teatro uma morada.

Dani Barros:

Atriz formada na Uni-Rio. Trabalhou no projeto Doutores da Alegria por 13 anos. Atuou, recentemente, nas peças Maria do Caritó e Conchambranças de Quaderna, ganhando o prêmio APTR de Teatro de Melhor Atriz Coadjuvante com estes trabalhos. Atuou no programa Minha Nada Mole Vida e no filme O Veneno da Madrugada, dirigido por Ruy Guerra. Trabalhou com diretores de teatro como Antônio Abujamra, João Fonseca, Moacir Chaves, Gilberto Gawronski, Inez Viana e Terry O’Reilly (Mabou Mines-NY).

Beatriz Sayad:

Desde 1991, trabalha com a companhia de teatro-clown suíça Teatro Sunil, atual Cia Finzi Pasca, atuando nos espetáculos: 1337 – Déjeuner sur L’herbe, que percorreu cidades do Brasil e da Europa, e Donka – une lettre a Tchekhov, que passou por várias cidades da Rússia, América Latina, Canadá e Europa, e está atualmente em turnê mundial. Cursou a escola Jaques Lecoq, na França, em 1997 e 1998. Trabalhou no projeto Doutores da Alegria por 10 anos, atuando como atriz e também como Coordenadora Artística, em 2009/2010.

 

Serviço: Estamira – Beira do Mundo. Espetáculo teatral de Beatriz Sayad e Dani Barros. Com Dani Barros. Direção Beatriz Sayad. De 12 a 14 de julho na Caixa Cultural (R. Conselheiro Laurindo, 280 – Centro). Horários: de sexta a sábado, às 20 horas, e no domingo, às 19 horas. Informações: (41) 2118-5409. Ingressos: R$10 e R$5 (meia-entrada) – a venda começa a partir do dia 9 de julho ao meio-dia somente na bilheteria do teatro. Duração 70 min. Lotação: 125 lugares. Classificação etária: 14 anos.