A delegação brasileira que disputa os Jogos Paralímpicos de Paris está em um dos melhores ciclos de sua história em diversas modalidades, com resultados relevantes em Mundiais. No atletismo, que é a modalidade com a maior quantidade de convocados para Paris 2024, com 71 atletas e 18 atletas-guia, o país obteve campanhas históricas nos Mundiais de Paris 2023 e de Kobe 2024.

No Japão, os brasileiros conquistaram o maior número de ouros na história do país na competição, com 19 pódios dourados, superando as 16 vitórias registradas na edição de Lyon 2013. O atletismo é o esporte em que o Brasil mais conquistou medalhas em Jogos Paralímpicos, com 170, somando os pódios das provas nas pistas e no campo – foram 48 de ouro, 70 de prata e 52 de bronze.

A natação tem o segundo maior número de atletas em Paris, 37 nadadores ao todo. É também a segunda modalidade em que o Brasil mais conquistou medalhas na história dos Jogos, com 125 (40 ouros, 39 pratas e 46 bronzes).

Os nadadores do país conseguiram uma campanha histórica no Mundial da Ilha da Madeira 2022 ao ficarem na terceira colocação do quadro de medalhas do evento, com 53 no total, sendo 19 de ouro, 10 de prata e 24 de bronze.

Houve também resultados expressivos na canoagem, que conquistou seis medalhas no Mundial de Szeged (Hungria) 2024, recorde na competição, com duas de ouro, duas de prata e duas de bronze. São oito atletas convocados para Paris na modalidade.

No vôlei sentado, o Brasil terá 12 atletas no masculino e 12 no feminino, com 24 no total, o que faz com que seja a terceira modalidade com mais competidores nos Jogos Paralímpicos de 2024. E as mulheres chegam com status de atuais campeãs mundiais, com o título conquistado na Bósnia, em 2022.

Mulheres em destaque

Dos 255 atletas com deficiência convocados, 117 são mulheres, ou 45,88% do total dos competidores. O número representa a maior convocação feminina brasileira na história dos Jogos Paralímpicos, tanto em quantidade quanto em termos percentuais. Em números, as atletas que estarão na capital francesa vão superar as convocadas para a edição de 2016, no Rio de Janeiro, quando o Brasil teve 102 mulheres, o que representou 35,17% do total da delegação.

Em termos percentuais, a maior representatividade de mulheres na delegação havia sido em Tóquio 2020, quando elas foram 41,03% do total dos convocados – 96, ante 138 homens. O aumento da participação das atletas em todas as modalidades paralímpicas é um dos pilares do planejamento estratégico do CPB, elaborado em 2017 e revisado em 2021.

Entre as mulheres em Paris estará a catarinense Bruna Alexandre, mesatenista de 29 anos. Ela foi a primeira atleta brasileira apta a defender o Brasil nos Jogos Paralímpicos e Olímpicos no mesmo ciclo, já que participou dos Jogos Olímpicos de Paris, entre julho e início de agosto, e agora estará nos Jogos Paralímpicos.

“Essa experiência na Olimpíada com certeza vai me ajudar nos Jogos Paralímpicos. Eu joguei nas principais mesas da arena, enfrentei atletas olímpicos, e isso pode sim fazer a diferença”, disse Bruna Alexandre. Ela compete na classe 10 (para andantes) e disputará nas duplas mistas, nas duplas femininas e no individual. Aos seis meses de vida, Bruna foi submetida à amputação do braço direito por consequência de uma trombose.

A cearense Edênia Garcia, 37, é a atleta da delegação com maior número de participações em Jogos Paralímpicos. Em Paris, a nadadora da classe S3 (limitações físico-motor) estará em sua sexta edição após competir em Atenas 2004, Pequim 2008, Londres 2012, Rio 2016 e Tóquio 2020. Ela conquistou três medalhas paralímpicas, duas pratas e um bronze, todas na prova dos 50m costas, sua especialidade.

“Eu sabia que eu poderia estar em Paris. Não encaro como um desafio. Penso que a natação é algo natural para mim e também é um tratamento para minha condição física. Faço o que eu amo, trabalho com o que mais gosto e ainda estou cuidando da minha qualidade de vida”, afirmou a nadadora, que nasceu com doença de Charcot-Marie-Tooth, condição degenerativa que afeta os movimentos dos seus membros inferiores.

Maior medalhista da delegação

O pernambucano Phelipe Rodrigues, 34, é o atleta brasileiro convocado para os Jogos Paralímpicos de Paris com mais medalhas na história da competição. O nadador da classe S10 (limitações físico-motoras) é o único a ter oito pódios paralímpicos na carreira.

Phelipe conquistou ao menos uma medalha em cada uma das quatro edições dos Jogos que disputou, de Pequim 2008 a Tóquio 2020. Especialista nas provas de velocidade (50m e 100m) do nado livre, ele soma cinco pratas e três bronzes no currículo.

“Ser o atleta do Brasil com mais medalhas nesta edição me faz acreditar que todo o esforço nos últimos anos valeu a pena e que, olhando para trás e vendo a minha trajetória, eu posso ficar extremamente feliz por estar contribuindo com o nosso país da melhor forma”, afirmou Phelipe, que nasceu com má-formação no pé direito e, depois de algumas cirurgias para correção, como forma de reabilitação, passou a ter aulas de natação.

Maioria paulista

Ao todo, 23 dos 26 estados do Brasil, além do Distrito Federal, estarão representados na delegação brasileira que vai disputar os Jogos. A maioria dos atletas é nascida no Estado de São Paulo. São 71 dos 255 convocados, ou quase 28% do total da equipe brasileira.

Já Rio de Janeiro e Minas Gerais, com 22 atletas nascidos em cada, contam com a segunda maior representatividade na Seleção Brasileira em Paris 2024. O Paraná, com 20, o Rio Grande do Sul, com 13, o Rio Grande do Norte, com 12, e Santa Catarina e Distrito Federal, ambos com nove, também estão entre os locais com mais representantes na delegação.