Brasileiro curte as emoções da Copa pelas festivas e eufóricas ruas do Marrocos

Estadão Conteúdo

Não é só no Brasil que o futebol é paixão nacional. O Marrocos está em polvorosa pela classificação da sua seleção à semifinal da Copa do Mundo do Catar, a primeira equipe africana a chegar a esta fase do torneio em toda a história – nesta quarta-feira o time encara a França na luta para ir à final. Trabalhando em um resort de Marrakesh, cidade ao oeste do país, o brasileiro André Pacheco, de 25 anos, acompanha de perto a felicidade de milhares de pessoas que nunca antes comemoraram com tanta felicidade os gols da seleção.

Torcedor do Atlético-MG, André admite que não acompanha muito futebol. Ele chegou ao Marrocos há cerca de um mês para trabalhar em um resort fazendo apresentações e dando aulas de trapézio voador, função que exercia antes na unidade da empresa em que trabalha, no Caribe. A escolha pelo país do Norte da África não foi por acaso. O brasileiro conta que desejava experimentar uma realidade diferente de tudo que já viveu. Ele explica que Marrakesh, por ser um polo econômico nacional, é um ponto de encontro de várias culturas, especialmente a árabe. Quando a bola rola, a capacidade do futebol em unir as pessoas independentemente do lugar fica evidente.

“É impressionante perceber como todos os marroquinos engajam nos jogos da seleção desde que a Copa começou. Normalmente não se vê muito isso acontecendo em partidas de clubes na TV. Não se vê muito uma cultura de andar com camisa de time pelas ruas ou falar de futebol, mas quando a seleção marroquina entra em campo, tudo para”, conta André. “Todos os bares ficam lotados, todo mundo pinta o rosto, compra bandeira, sai por aí com a camisa do Marrocos. É impressionante como isso faz girar a economia e a política social. Não chega a ser como no Brasil, mas engaja muitos dos que estão aqui.”

André conta que a primeira resposta dos marroquinos ao revelar ser brasileiro são os nomes de jogadores da seleção. “Brasil todo mundo conhece. Todos conhecem os jogadores da seleção brasileira”, diz.

A seleção marroquina é a que teve a trajetória mais heroica até o momento nesta Copa. Segundo André, a campanha foi acompanhada com bastante entusiasmo no Marrocos, com ambulantes pelas ruas vendendo bandeirinhas e camisetas da seleção. Nos bares, cada toque na bola dos principais jogadores é motivo de aplausos e as vitórias são comemoradas com muita cantoria e instrumentos de percussão típicos.

“Os jogos foram uma euforia generalizada. É claro que os marroquinos tinham esperança de vitória, mas eu acredito que todos eles se surpreenderam com o quão longe Marrocos tem chegado nessa Copa. Foram abraços, choros, sinalizadores nas ruas, trânsito caótico com motocicletas andando em fila com bandeiras. Foi bem emocionante e com muita energia”, fala. “Independentemente do resultado final, se ganhar ou não, eu sei que todos vão estar muito orgulhosos de tudo que tem acontecido porque ganhar de Espanha e Portugal foi um motivo gigantesco de alegria. Isso tudo só aqueceu bem meu coração, ver essa energia e essa alegria toda dos marroquinos”.

A coletividade da seleção de Marrocos tem sido o diferencial do time nesta Copa. No entanto, o rosto que simboliza o sucesso é o de Achraf Hakimi. O lateral-direito do Paris Saint-Germain nasceu na Espanha, mas é filho de marroquinos e escolheu jogar pela nação dos seus pais – ele afirma que se sente em casa quando está no Marrocos, diferente da Espanha.

“Eu diria que 60% de todas as camisetas que eu vi por aqui tem o nome do Hakimi. Ele é um ídolo mesmo. Toda vez que a câmera foca no rosto dele durante os jogos, todo mundo aplaude e grita.”