Como Deschamps transformou uma remendada França em candidata ao título da Copa

Estadão Conteúdo

Divulgação / Equipe de France / Twitter

Quatro anos e meio depois de derrotar a Croácia por 4 a 2, e conquistar o bicampeonato mundial, em Moscou, na Copa da Rússia, parecia que a França estava condenada a fazer papel de coadjuvante, no Mundial do Catar, tamanha a quantidade de desfalques que surgiram. Instalado no seu quartel-general no Centro Nacional de Desenvolvimento de Futebol, em Clairefontaine, nos arredores de Paris, o técnico Didier Deschamps quebrou a cabeça para montar um time que pudesse ser competitivo.

Mas não era um desafio fácil para ele. De cara, o meio-campo titular da seleção da França, com Paul Pogba e N’golo Kanté, foi descartado para aparecer nos campos do Catar. Kanté teve que ser operado de uma complicada lesão nos músculos da sua coxa, em outubro, enquanto Pogba sofreu com o seu joelho direito.

Também tiveram que desistir da Copa o goleiro Mike Maignan, destaque do Milan, o zagueiro Prenel Kimpembe, um dos pilares da defesa francesa, e o artilheiro Karim Benzema, vencedor da última Bola de Ouro, machucado a poucos dias da divulgação da lista de convocados. Já no Catar, na fase de grupos, foi a vez do lateral Lucas Hernández se machucar.

Pois, mesmo com o time todo remendado e repleto de caras novas, eis que o técnico Didier Deschamps está, de novo, nas semifinais. E é o grande favorito para derrotar Marrocos e fazer mais uma final em um Mundial.

Escaldado pelos seus problemas, o técnico da França tenta negar o favoritismo da sua seleção. “Termos um jogo difícil contra uma equipe muito bem preparada e motivada”, disse Deschamps. “Para vencer em uma semifinal, será preciso que nossa seleção mostre força coletiva, talento individual e que está preparada”.

E ele não espera nenhuma facilidade por parte da seleção marroquina. “Tentaremos achar uma solução contra equipe organizada, racional, que sabe se defender e tem qualidade ofensiva para perturbar os seus adversários”, diz Deschamps. “Nosso objetivo será manter a coerência do nosso jogo, criar ocasiões e marcar gols”.

Comandante de uma equipe na qual reluz o talento de Kylian Mbappé, a segurança do goleiro Hugo Lloris, o talento de Antoine Griezmann e o oportunismo de Olivier Giroud – que foram campeões mundiais na Rússia -, Deschamps evita cotejar um time com o outro. “Não é possível comparar seleções de duas competições diferentes”, diz Deschamps. “A única similaridade entre aquele nosso percurso bem-sucedido, na Rússia, e o atual é que a França chegou, novamente, em uma semifinal.”

“Como treinador, posso dizer que esta equipe da França que disputa o Mundial do Catar surpreende positivamente”, afirmou. “Alguns jogadores estão na sua primeira Copa. Não sabíamos como poderia reagir no plano emocional, sob pressão. Mas, a integração dos mais novos com os mais experientes se passa muito bem e uma dinâmica positiva se instalou no nosso time.”