Excêntrico mundo de xeque catariano conta com museu com mais de 30 mil itens

Estadão Conteúdo

Além de ser um dos homens mais ricos do Catar, o que não é pouca coisa, o xeque Faisal Bin Qassim Al Thani é também um dos mais peculiares. Amante da história e da cultura, comprou uma fazenda de 150 hectares em Al Shahanyia, nos anos 1990, porque se apaixonou por um poço antigo e, em volta dele, decidiu construir um museu com seu nome e com mais de 30 mil peças dos mais diferentes interesses e idades. No mesmo terreno, fica um dos 20 hotéis de luxo que o primo do ex-emir catariano Hamad Bin Khalifa possui pelo mundo, e que Portugal fez de centro de treinamento até ser eliminado pelo Marrocos.

Segundo a revista Forbes, Faisal tem uma fortuna avaliada hoje em US$ 2 bilhões (R$ 10 bilhões), mas não foi sempre assim. Apesar de ser um Al Thani e filho de Hamad Bin Qassin Bin Failsal, um dos meio-irmãos do ex-emir, nem ele nem seus dez filhos de três mulheres diferentes fazem parte da linha sucessória da realeza catariana.

Em 2005, foi aprovada uma lei pela qual apenas os descendentes diretos de Hamad Bin Khalifa podem assumir a liderança militar e política do país por meio de um conselho escolhido pela realeza catariana. Por não ter os mesmos privilégios do que um pequeno grupo da família, decidiu começar a trabalhar aos 16 anos, vendendo peças de carros usados, apesar de seus pais terem uma boa condição financeira.

VARIEDADES EXPOSTAS
Faisal aprendeu a arte do colecionismo viajando com o pai e, aos 10 anos, iniciou sua primeira coleção, de caixas de fósforos. Aos 74 anos, ele continua atuante tanto nos negócios quanto em ampliar seu maior museu, já que o xeque possui outro em Doha, apenas dedicado a tapetes persas raros e aberto ao público em 2014. No dia 4, inaugurou um anexo dentro da fazenda para exibir carros de luxo antigos que comprou ao longo de décadas, assim como veículos raros presenteados por amigos. Um deles, um Buick preto 1951, pertenceu ao primo Hamad.

Andar pelas mais de 30 salas do museu faz com que se viaje por itens catarianos, como uma típica moradia do país do século 20, passando por itens de guerra, barcos usados para pescas de pérolas, instrumentos musicais, passaportes e fotografias. A coleção abriga também um dos menores e maiores alcorões já produzidos pelo homem. Dado a extravagâncias, Faisal adquiriu uma casa síria do século 18 e mandou reconstruí-la.

O museu ainda conta com itens esportivos, como um macacão utilizado por Felipe Massa em 2008, quando o piloto brasileiro foi vice-campeão mundial da Fórmula 1, e uma camisa de Portugal com o nome do xeque nas costas, dada de presente pelas mãos de Cristiano Ronaldo no dia em que ele fez uma visita ao local.

Como o ritmo de obras continua conforme seus desejos, é possível visitar um lago e uma mesquita. E se tiver sorte, o próprio Faisal pode guiar uma visita ao que ele considera sua grande obra. O xeque vai com frequência à fazenda.