Apesar da goleada de 6 a 2 da Inglaterra sobre o Irã na partida de estreia das seleções na Copa do Mundo do Catar, uma cena chamou a atenção na torcida iraniana antes do apito inicial. Durante a execução do hino nacional, torcedoras iranianas se emocionaram e foram às lágrimas. Proibidas de entrarem nos estádios em seu país, muitas iranianas vivem pela primeira vez a sensação de frequentar um jogo de futebol na Copa do Mundo.

A transmissão oficial da Fifa registrou a cena de uma torcedora que chorou e aplaudiu durante a execução do hino iraniano. Nem todas também estavam de véu cobrindo os cabelos. Algumas mulheres com camisas do time iraniano se vestiam sem qualquer traje tradicional do seu país.

Os jogadores de Irã, no entanto, se recusaram a cantar o hino nacional quando estavam perfilados no gramado. Diferentemente dos ingleses, que entoaram o “God Save The King” – “Deus Salve o Rei”, na tradução livre – pela primeira vez desde 1950 e ainda se ajoelharam em sinal contra o racismo, os atletas iranianos se posicionaram a favor das manifestações que estão em vigor no país, contra o regime teocrático do Irã. Além das torcedoras emocionadas, outros vaiaram a execução do hino nacional.

Alguns jogadores expressaram seus sentimentos antes do início da Copa do Mundo, apoiando os manifestantes em casa. “Na pior das hipóteses, serei demitido da seleção nacional. Sem problemas. Eu sacrificaria isso por um fio de cabelo na cabeça das mulheres iranianas”, afirmou Sardar Azmoun, atacante do Bayer Leverkusen, em seu perfil no Instagram.

As manifestações continuam no Irã após a morte de Mahsa Amini, que provocou protestos contra o governo e levaram a centenas de mortes e milhares de prisões. No Khalifa Stadium, torcedores iranianos ergueram uma bandeira com os dizeres “women, life, freedom” – “mulheres, vida e liberdade”, em tradução livre.