Messi conquista devotos no Catar e é venerado por jogadas geniais e liderança

Estadão Conteúdo

“Está vindo o melhor do mundo, está vindo o melhor do mundo”, repete um jornalista argentino no momento em que Lionel Messi entra na sala de entrevistas coletivas do Lusail Stadium depois de atuação genial na vitória por 3 a 0 sobre a Croácia que colocou a Argentina na final da Copa do Mundo do Catar.

Um radialista, aflito, quer saber do jogador se ele está bem fisicamente quando ele já está de pé depois de responder a três perguntas. O camisa 10 havia levado a mão à parte posterior da coxa esquerda durante a partida, mas acena positivamente ao repórter. “O Messi disse que está bem, graças a Deus. Isso é tudo o que me importa. O melhor do mundo está bem”, vibra o jornalista em seu programa de rádio.

Ao final do massacre sobre os croatas, Messi é reverenciado pelos “hinchas” argentinos atrás de um dos gols. O mesmo acontece depois de cada jogada do craque, seja ela genial ou comum. Um gol, um drible, uma assistência ou até a batida de um escanteio. Sempre é uma oportunidade para venerar o “Deus” Messi.

Pelo protocolo, Messi pôde responder apenas a três perguntas na coletiva, frustrando os inúmeros jornalistas com a mão erguida à espera de uma declaração do astro argentino. Os três repórteres que tiveram a chance de perguntar exaltaram o melhor jogador do mundo seis vezes. Um deles não era argentino, mas costa-riquenho. Não importa para ele. A veneração foi igual.

O comportamento dos argentinos no Catar, jornalistas ou torcedores, revela uma devoção a Messi. Eles desfrutam do privilégio de ver o ídolo de perto em seu quinto Mundial apresentando a sua melhor versão aos 35 anos, na despedida das Copas do Mundo.

A deferência ao sagrado camisa 10 é resultado das geniais apresentações de Messi, mas também de sua postura fora de campo. Isso inclui a liderança que exerce dentro do elenco, a versão maradoniana com provocações que encantam os torcedores e o tratamento que dá à imprensa, geralmente cordial e atencioso.

Ele viveu com Julian Álvarez uma noite histórica no Lusail. O jovem, 13 anos mais novo que Messi, foi às redes duas vezes contra os croatas, na segunda concluindo jogada genial do seu ídolo, a quem pediu uma foto quando tinha 11 anos e do qual agora é parceiro de ataque. “Estou preparado para o passe porque sei que ele pode fazer qualquer coisa com a bola nos pés”, resumiu o atacante.

A admiração é compartilhada também entre rivais. “Não precisamos falar mais nada do Messi. Ele é o melhor jogador do mundo”, enalteceu o técnico da Croácia, Zlatko Dalic, depois de ver o argentino arrasar os seus comandados. “Ele atuou em muito alto nível e foi o verdadeiro Messi que a gente esperava ver”.

Para Lionel Scaloni, é um privilégio treinar o “melhor jogador do mundo”, em suas palavras. “É emocionante poder vê-lo e treiná-lo, porque cada vez que vejo, gera algo, gera algo ao companheiro e não só aos argentinos”, definiu. “É uma sorte, um privilégio vê-lo jogando, vê-lo treinando e acompanhar o dia a dia”.

Os números provam que a Copa do Catar é a sua melhor. São cinco gols e três assistências em seis partidas e a artilharia repartida com o francês Mbappé. Em nenhum dos outros quatro Mundiais o camisa 10 havia obtido essas marcas.

“Estou desfrutando muito disso, me sinto bem, me sinto forte para enfrentar cada partida”, disse ele. “Pessoalmente, me sinto feliz em toda a Copa e por sorte posso ajudar o grupo para que as coisas saiam”, comentou.

Ele se furtou de dizer se considera essa a sua melhor versão. Só quer desfrutar até a final, no domingo, quando fará seu último jogo em um Mundial, encerrando uma história que começou em 2006. Espera que, desta vez, ao contrário do que houve no Maracanã há oito anos, quando o título escapou na decisão, a sorte possa lhe sorrir. O Brasil não deu a Messi uma Copa, mas o Catar pode sanar esse problema.