Fabiano Trevisol, presidente do Imperial (Crédito: Valquir Aureliano)

O Imperial, de Curitiba, virou a principal referência do futebol feminino em Curitiba. Desde 2014, o clube amador do bairro Mossunguê mantém equipes para meninas em várias categorias. Agora, em 2023, são 80 atletas distribuídas desde o sub-13 até o adulto.

Para sustentar o projeto, o clube conta com alguns patrocinadores e uma velha estratégia de arrecadação de fundos. “De lá pra cá, é só recursos próprios e alguns parceiros que dão alguma força. No mais, é muita dedicação das atletas”, diz Fabiano Trevisol, presidente do Imperial. “Temos um patrocinador que dá R$ 500 e outro de R$ 700. É como a gente mantém o material esportivo. O resto é tudo rifa. Fazemos rifa de tudo quanto é coisa para arrecadar dinheiro”, conta.

Fabiano acredita que a Federação Paranaense de Futebol vem fazendo a parte dela, organizando os campeonatos. O que falta, segundo ele, é mais clubes participarem com equipes femininas e investimento de patrocinadores. “A Federação está focada em promover campeonatos de várias categorias, mas não tem equipes suficientes. Os clubes não acreditam muito no feminino e enxergam como um gasto desnecessário”, explica. “Muitas empresas não acreditam no projeto do futebol feminino quando vou atrás de patrocinadores”, lamenta.

Futebol feminino foi da proibição à obrigatoriedade

O futebol feminino ficou proibido por 38 anos no Brasil. Em 1941, o governo Getúlio Vargas publicou o Decreto-Lei 3199, vedando mulheres, no artigo 54, a “prática de desportos incompatíveis com as condições de sua natureza”. A decisão só foi revogada em 1979.

E 40 anos depois da sua ‘liberação’, o futebol feminino virou obrigatório. A Confederação Brasileira de Futebol obriga os 20 clubes da Série A do Campeonato Brasileiro masculino a manter um time de futebol feminino na categoria adulto e outro na base. É preciso disputar pelo menos uma competição oficial com essas equipes para não perder o licenciamento para continuar competindo pela CBF.

A Confederação, porém, promete ir além. Em fevereiro de 2023, o presidente da entidade, Ednaldo Rodrigues, afirmou que até 2027 todos os clubes das Série A, B, C e D serão obrigados a ter times femininos.

Já a Federação Paranaense de Futebol, por enquanto, não pretende seguir esse caminho. “Ainda não pensamos em obrigar os times da primeira divisão paranaense”, diz Orlando Colaço Vaz, gerente de competições da FPF. “Buscamos o crescimento vertical, ou seja, aumentar o número de competições, e o crescimento horizontal, que é incentivar quem está praticando o esporte”, afirma.

Salário médio das jogadoras profissionais é de R$ 5 mil

O salário médio de uma jogadora profissional no Brasil é de cerca de R$ 5 mil mensais. E, segundo dados do Caged (Cadastro Geral de Empregados e Desempregados), pesquisa feita pelo governo federal sobre os trabalhadores regidos pela CLT (Consolidação das Leis Trabalhistas), eram apenas 174 mulheres registradas em carteira no esporte em 2022. No mesmo ano, foram 5.570 homens.

A média salarial geral dos homens no Caged é inferior, em torno de R$ 4 mil. O motivo é a grande quantidade de jogadores em divisões inferiores e em campeonatos estaduais pouco expressivos. Já as poucas mulheres que são profissionalizadas disputam a primeira divisão nacional feminina.

No caso dos homens, a média salarial da primeira divisão nacional fica em torno de R$ 80 mil.

No mercado internacional, a diferença também é gigantesca. A jogadora mais bem paga do mundo é a australiana Sam Kerr, do Chelsea (Inglaterra), com cerca de R$ 210 mil mensais. Seis vezes eleita a Melhor Jogadora do Mundo, a brasileira Marta, do Orlando Pride (EUA), recebe cerca de R$ 160 mil mensais.

No masculino, o líder do ranking é Cristiano Ronaldo, do Al-Nassr (Arábia Saudita), com cerca de R$ 90 milhões mensais. O brasileiro Neymar, do PSG (França), ganha cerca de R$ 72 milhões por mês.