A jogadora Juliana em treino do Imperial, de Curitiba (Crédito: Valquir Aureliano)

O futebol feminino atingiu um novo patamar no Paraná. Pela primeira vez na história, o campeonato estadual vai terminar a temporada com equipes em todas as categorias: sub-15, sub-17, sub-20 e adulto. Resultado do aumento do número de praticantes e de melhor organização por parte dos dirigentes. Para completar, a competição vai entrar em uma nova era em 2023, ganhando as telas.

O Campeonato Paranaense Feminino de 2023 será totalmente transmitido ao vivo por streaming. O projeto é da Federação Paranaense de Futebol (FPF), que resolveu bancar a ideia com recursos próprios.

Todos esses degraus representam um grande avanço no futebol feminino no estado, que teve seu primeiro campeonato estadual oficial em 1998. De lá para cá, a quantidade de equipes e participantes aumentou pouco a pouco. E pode ter um salto em 2023.

No ano passado, o campeonato adulto teve seis equipes femininas: Athletico Paranaense, Toledo, Coritiba, Sobi São Braz, Foz e Rio Branco. Para 2023, a FPF espera dobrar esse número, com 12 participantes – a competição está programada para novembro.

“Hoje a evolução é grande, mas o apoio continua fraco”, diz Fabiano Trevisol, presidente do Imperial. “Hoje o futebol feminino está em ascensão e nós somos o maior projeto do Paraná: temos aproximadamente 80 atletas, contando desde o sub-13 até o adulto”, conta.

A jogadora curitibana Juliana Cristina da Luz, 36 anos, está há três décadas no futebol paranaense e testemunhou essa evolução. “Mudou e muito! Principalmente a estrutura para treinos. Hoje as meninas têm acesso a muita coisa, a vários profissionais desde cedo”, conta. “Tem muita menina jogando futebol. O que falta são os clubes abrirem as portas, movimentarem, arrumarem patrocínios e investirem em campeonatos”, argumenta.

O preparador físico Diego Borges Martins também vê avanços na modalide. “O futebol feminino passa por uma enorme transformação no Paraná. Estou desde 2014 no Imperial e percebo o quanto evoluímos. Hoje temos competições bem organizadas no Sub-15, no Sub-17, no adulto e em breve no Sub-20. E desenvolver as categorias de base é fundamental hoje para evoluir”, afirma.

Apesar de toda evolução, o futebol feminino vive basicamente no amadorismo. As únicas equipes que conseguem contratar jogadoras profissionais, remuneradas e com dedicação exclusiva ao esporte, são o Athletico Paranaense, que jogou a primeira divisão nacional feminina em 2023, e o Toledo, que disputou a 3ª divisão do Brasileirão. E os valores ainda estão bem distantes do futebol masculino.

OS PARTICIPANTES
Clubes paranaenses com equipes femininas em diferentes categorias

  • Aruko (Maringá)
  • Athletico (Curitiba)
  • Colombo
  • Coritiba
  • Desportivo (Curitiba)
  • Foz do Iguaçu
  • Imperial (Curitiba)
  • Londrina
  • Rio Branco (Paranaguá)
  • São Braz (Curitiba)
  • Shabureya (Curitiba)
  • Toledo
  • Madeirit (Guarapuava)

REALIDADES DIFERENTES
Campeonato Paranaense Feminino 2022
6
times (uma divisão)
168 jogadoras

Campeonato Paranaense Masculino 2022
35
times (divididos em 3 divisões)
1.153 jogadores

Athletico Paranaense
O Bem Paraná enviou mensagem à assessoria de imprensa do Athletico Paranaense em 9 de agosto pedindo informações sobre o time de futebol feminino, mas não recebeu resposta até 18 de agosto.

Federação vai bancar transmissão de todos os jogos, mas procura patrocínio

A Federação Paranaense de Futebol decidiu bancar a evolução do futebol feminino. A entidade vai transmitir pela FPF TV, no Youtube, todos os jogos do campeonato estadual feminino da categoria adulto.

A entidade não cita valores, mas garante que não é barato. “É caro”, conta Orlando Colaço Vaz, gerente de competições da FPF. “Estamos em busca de patrocinadores”, diz. Se os patrocinadores não aparecerem, a entidade vai bancar do próprio bolso o projeto.

Orlando Colaço Vaz (ao fundo) em premiação no futebol feminino (Crédito: Divulgação/FPF/Wesley Carvalho/Agência Action)

“O futebol feminino está em expansão, com projetos muito legais”, afirma Orlando. “E depende dessa rede, com federação, clubes, atletas e patrocinadores”, comenta ele, lembrando que só São Paulo e Paraná estão com competições em todas as categorias do feminino (do sub-15 ao adulto).

Paranaense é convocada para seleção de base

Vitoria da Silva Barreto tem 14 anos e entrou para a história do Imperial, de Curitiba, por ser a segunda atleta do clube a ser convocada para a Seleção Brasileira de Futebol. Atacante, ela foi vice-artilheira do Campeonato Paranaense Feminino Sub-15, com seis gols.

Vitória da Silva Barreto (Divulgação/FPF/Wesley Carvalho)

Ela foi convocada em julho, para uma fase de treinamentos, na Granja Comary. “Chegamos a chorar de alegria. Você vê o trabalho sendo reconhecido”, afirma Fabiano Trevisol, presidente do Imperial, que foi campeão estadual sub-15 em 2023.

A primeira do Imperial a ser convocada foi a goleira Mayara Nabosne Harendet, em 2017, para a seleção brasileira sub-17. Em seguida, atuou também pela seleção sub-20 e pela seleção principal, quando já estava no Internacional, clube que está atualmente.

Além de revelar Vitoria, o Imperial formou as jogadores Pepe, do Corinthians, e Nick, do São Paulo, dois clubes da primeira divisão nacional do futebol feminino.