Marcelinho em frente à Arena da Baixada (Crédito: Robson Mafra)

Marcelinho é o autor do gol do último título do Paraná Clube, em 2006. Depois daquele ano, o máximo que o clube conquistou foi a segunda divisão estadual, em 2012. O Bem Paraná dividiu a entrevista com o ex-jogador em três partes. Aqui ele conta sobre a passagem pelo Tricolor da Vila Capanema, sobre a habilidade nas cobranças de falta, ídolos e técnicos. Veja mais nos links:

BP – Como foi o título do Paraná Clube em 2006? Parece que o ambiente não era dos melhores no clube?
Marcelinho
– O ambiente no Paraná Clube em 2006 era de pressão quando eu cheguei. Tinha empatado em casa com o Londrina e a torcida estava contra o técnico. E a diretoria também estava meio em cima do muro com o Barbieri. E daí nós reunimos o time no dia seguinte. Estava um clima meio pesado. Fizemos um churrasco pra só para os jogadores e o Barbieri. O time não era muito de cobrar um o outro. Estava bem displicente. Ninguém cobrava ninguém. Depois desse churrasco, o pessoal se enturmou, todo mundo começou a conversar mais, a cobrar mais um do outro e nós começamos a campanha do título. Daí conversamos com o Barbieri também, que ele estava sob pressão. Fomos pro clássico contra o Coritiba. E do outro lado tinha pressão também sobre o Márcio Araújo. E fizemos 3 a 0 no Pinheirão. Ali fizemos uma arrancada boa rumo ao título. Mesmo a gente ganhando, ainda tinha essa pressão interna de um dirigente.

BP – Você foi campeão, fez o gol do título e não ficou para o Brasileirão de 2006? Nem o técnico Barbieri. O que ocorreu?
Marcelinho
– É a primeira vez que eu vi isso no futebol. Nós fomos campeões e o treinador sai no dia seguinte. O Brasileirão estava para começar já em seguida, e o Barbieri dando tchau e o clube já apresentando o Caio Júnior, que estava trabalhando na rádio. O Barbieri se despediu e disse: “Ajudem o Caio Júnior. Agora que ele que vai trabalhar com vocês”. Em seguida, me chamaram e disseram que o meu contrato tinha acabado. Eu falei: mas como acabou? Eu tenho contrato de um ano. Fiz o contrato de um ano com um diretor lá. Na verdade, eram dois contratos. Um para o Paranaense e com salário menor. E outro para o Brasileirão com salário maior. O diretor só registrou o do Paranaense e guardou o outro na gaveta. Aí ele sumiu. Tentei falar com ele e ele não apareceu mais. Aí fui falar com o Caio Júnior. Ele disse: “eu saí da rádio e tenho o sonho de ser treinador. Então se veio da diretoria que você não vai ficar, eu não quero bater de frente. Você sabe que eu sou teu amigo, porque jogamos junto já em 98 no Lousano Paulista”. Tudo bem, mas fiquei triste. No dia seguinte fui dar entrevista. E falei: “quando o Paraná quiser ser campeão de novo é só me chamar”. E depois nunca mais ganhou mais nada. Mas o Paraná foi uma experiência boa. Recebi tudo certinho os pagamentos e não teve problema, só esse do contrato pro Brasileirão. Guardei bastante mágoa na época, mas passou, né?

Marcelinho fala sobre gols de falta, ídolos e os melhores técnicos

BP – Você ficou famoso pelos gols de falta? É um talento nato ou é treino?
Marcelinho – Por ser canhoto, eu tinha facilidade pra pegar bem na bola. Sempre ficava depois dos treinos batendo umas 50, 60 faltas por treino. Sempre ficava uma horinha. Chamava o goleiro reserva, que também queria treinar mais ou algum menino dos juniores. Às vezes eu ficava sozinho. Todo mundo ia embora e eu ficava, pegava a barreira e colocava eu mesmo. Ficava com umas 15, 20 bolas. Batia todas, depois buscava as bolas e repetia de novo. Então, sempre aprimorava.

BP – E alguns treinadores te ajudaram ou incentivaram nas cobranças de falta?
Marcelinho – Lá atrás trabalhei com o professor Pernambuco, meu amigo. E o professor Nilo sempre incentivava. No profissional, o Vadão e o Abel Braga também. O Abelão cobrava e incentivava que a gente batesse bastante falta. O Nilson Borges (ex-auxiliar do Athletico, falecido em 2021) era outro que incentivava. Ele fazia questão de ficar com a gente pra ficar cobrando. Pessoa genial, muito gente boa. E tinha o Bugrão, que falava também e apostava comigo.

BP – Quem foram seus ídolos no futebol?
Marcelinho – Meu pai era fã do Zico e a gente ficava assistindo pela TV. O Zico pelo Flamengo era a coisa mais linda. E sempre fui fã, mesmo depois que virei jogador profissional, do Ronaldinho Gaúcho. Sempre achei o cara ‘top’.

BP – Quem foram os melhores técnicos que você trabalhou?
Marcelinho – O Vadão em 99, o Leão em 95. Quando eu subi o profissional, era muito rígido mesmo, o Emerson Leão. Na base, foi o Sérgio Moura. Teve o Carpegiani também, um excelente treinador que trabalhei no Athletico. Teve o Vagner Benazzi e o Lula Pereira também. O Arturzinho também pelo Bahia, eu joguei lá, com pressão danada e torcida enorme. E o Barbieri, né? Fomos campeões em 2006.