SÉRGIO RANGEL RIO DE JANEIRO, RJ (FOLHAPRESS) – A FGV (Fundação Getúlio Vargas) vai ter mais 45 dias para preparar o novo edital de licitação do Maracanã. A prorrogação foi feita nesta terça (20) pelo Governo do Rio, que tenta repassar o estádio carioca a um novo gestor. Em outubro, o consórcio formado pela Odebrecht (95%) e pela AEG (5%) entrou com um pedido de arbitragem para devolver o Maracanã para o Governo do Rio. O consórcio tenta há três anos a renegociação do contrato e alega um prejuízo acumulado de R$ 173 milhões. Reformada para receber a Copa do Mundo, a arena foi repassada ao consórcio por 35 anos após uma licitação em 2013. O governo alegou que prorrogou o contrato com a FGV para a instituição ter mais tempo para preparar o melhor modelo de licitação. A instituição foi contratada em setembro para fazer o serviço. Sem dinheiro em caixa, o Governo do Rio trabalha em duas frentes para evitar receber novamente o estádio. Além de preparar uma nova licitação, a Casa Civil tenta viabilizar um acordo para um novo conglomerado assumir a participação da Odebrecht no negócio e manter o antigo acordo. Dois grupos negociam. O vencedor deve ser anunciado até sexta (23). Um dos grupos, que tem o apoio do Flamengo, contaria com as empresas CSM, Amsterdam Arena e GL Events. A segunda seria a Lagardère, que administra dezenas de estádio pelo mundo, e tem como sócia no negócio a BWA, que administra o Castelão, em Fortaleza, e é uma das maiores na operação de venda de ingressos no país. Em nota nesta terça, o Flamengo ameaçou não jogar no estádio se o vencedor for a Lagardère. O clube faz questão de ter controle sobre as arrecadações dos jogos de futebol e sobre seu programa de sócio-torcedor. O Maracanã foi reformado por cerca de R$ 1,2 bilhão pela Odebrecht e Andrade Gutierrez. A obra entrou na Lava Jato. Executivos da Odebrecht afirmaram a procuradores, em tratativas para negociar delação premiada, que o ex-governador do Rio Sérgio Cabral (PMDB) cobrou propina em obras como o metrô e a reforma do Maracanã. Depois de pronta, arena foi repassada ao consórcio formado pela Odebrecht e pela AEG. O consórcio alega que a operação do estádio foi inviabilizada pela proibição da derrubada do parque aquático e do estádio de atletismo anunciada pelo governo após a conclusão da licitação. O grupo pretendia erguer um centro comercial e estacionamentos nestes lugares para tornar o empreendimento mais rentável financeiramente.