SÃO PAULO, SP (FOLHAPRESS) – A revista americana Time, no texto em que apresenta os jornalistas guardiões na busca pela verdade como Pessoa do Ano de 2018, cita a perseguição sofrida pela repórter da Folha de S.Paulo Patrícia Campos Mello.

“No Brasil, a repórter Patrícia Campos Mello foi alvo de ameaças após relatar que apoiadores do presidente eleito, Jair Bolsonaro, financiaram uma campanha para disseminar notícias falsas no WhatsApp”, afirma o texto da Time.

Reportagem da Folha de S.Paulo publicada em outubro mostrou que empresários impulsionaram disparos por WhatsApp contra o PT.

Nos cinco dias seguintes à publicação da reportagem, um dos números de WhatsApp mantidos pela Folha de S.Paulo recebeu mais de 220 mil mensagens de cerca de 50 mil contas do aplicativo. Campos Mello recebeu ligações telefônicas com ameaça, e o diretor-executivo do Datafolha, mensagens com o mesmo teor.

O ministro da Segurança Pública, Raul Jungmann, determinou à Polícia Federal a abertura de um inquérito para apurar os relatos. A investigação está em andamento.

Um dia após ser eleito, Bolsonaro voltou a atacar a Folha de S.Paulo e afirmou que “por si só, esse jornal se acabou”.

A Time cita outros casos de jornalistas ameaçados em 2018, como Victor Mallet, editor para Ásia do jornal Financial Times expulso de Hong Kong após convidar um ativista contrário a Pequim para falar em um evento, e a jornalista do Sudão Amal Habani, presa após cobrir protestos contra o governo. Ela ficou detida por 34 dias e foi torturada.

De acordo com o Comitê para a Proteção dos Jornalistas (CPJ), 262 foram presos em 2017, número recorde que a organização estima que será ainda maior neste ano.