SÃO PAULO, SP (FOLHAPRESS) – A chanceler alemã, Angela Merkel, fez nesta sexta-feira uma defesa de seus 18 anos como chefe da CDU durante a convenção do partido em Hamburgo que escolheu sua sucessora à frente do partido.

Ovacionada de pé por quase dez minutos pelos delegados, muitos emocionados e segurando um cartaz com os dizeres “obrigado, chefe”, Merkel, 64, afirmou que a CDU venceu quatro eleições nacionais sob sua liderança ao se manter firme em seus princípios.

“Foi um grande prazer para mim, uma honra”, disse. “Em tempos difíceis, não devemos nos esquecer dos nossos valores democráticos e cristãos.”

“A CDU em 2018 não deve olhar para trás mas olhar para frente, com novas pessoas, mas com os mesmos valores.”

Fazendo uma referência ao crescimento do populismo ao redor do mundo e ao que chamou de colapso dos valores ocidentais, Merkel afirmou que a ordem que ela sempre defendeu está sob risco.

“Seja a rejeição do multilateralismo, o retorno do nacionalismo, a redução da cooperação internacional ou a ameaça a guerras comerciais, a desestabilização das sociedades com as fake news ou o futuro da União Europeia, nós, democratas-cristãos, devemos mostrar o que temos diante de todos esses desafios”, disse.

Merkel surpreendeu o país em outubro ao anunciar que não buscaria a reeleição como líder da CDU na convenção anual do partido, após uma série de derrotas eleitorais regionais que tiveram como pano de fundo a política imigratória de seu governo.

“Sinto reconhecimento por ter sido presidente [do partido] durante 18 anos”, afirmou Merkel. “Foi um período muito longo, no qual a CDU passou por altos e baixos”, acrescentou a chanceler.

Dentro do partido, diz-se que Merkel e AKK têm uma “boa química”.

Kramp-Karrenbauer se distanciou da chanceler em temas de política social e externa ao votar a favor de cotas para mulheres em direções de empresas e ao defender uma posição mais dura em relação à Rússia e à questão imigratória.

Casada, católica e mãe de três filhos, tem posição conservadora em relação ao casamento gay. Merkel é protestante, casada pela segunda vez e sem filhos.

Mas em questões europeias e da própria CDU ela adotou um estilo similar à da chanceler, dando preferência a uma abordagem prática e não ideológica. “Não tenho uma receita especial”, afirmou sobre como seria sua liderança.