Futuro chanceler diz que Ortega não será recebido na posse

Folhapress

SÃO PAULO, SP (FOLHAPRESS) – O futuro chanceler brasileiro, Ernesto Araújo, afirmou neste domingo (23) que nenhum representante do governo de Daniel Ortega, ditador da Nicarágua, será recebido na posse do presidente eleito, Jair Bolsonaro (PSL), dia 1º de janeiro.

“A posse do presidente Bolsonaro marcará o início de um governo com postura firme e clara na defesa da liberdade”, disse Araújo pelo Twitter. “Com esse propósito e frente às violações do regime Ortega contra a liberdade do povo da Nicarágua, nenhum representante desse regime será recebido no evento do dia 1°.”

Também pela rede social, o futuro ministro já havia desconvidado os ditadores da Venezuela, Nicolás Maduro, e de Cuba, Miguel Díaz-Canel, para a posse.

Desde abril, a Nicarágua vive uma onda de manifestações pela saída de Ortega e de sua mulher, Rosario Murillo, que é a vice-presidente. A repressão aos manifestantes já deixou 325 mortos, incluindo uma brasileira. Ortega interveio em jornais, fechou um canal de TV e prendeu jornalistas.

Horas antes, Janaina Paschoal, eleita deputada estadual pelo PSL de Bolsonaro, havia recomendado pelo Twitter que Ortega fosse desconvidado. “Se ainda não o fez, o Brasil haveria de desconvidar a Nicarágua para a posse do presidente. Será constrangedor receber um país em que se prendem jornalistas por fazerem seu trabalho.”

Filipe Martins, secretário de assuntos internacionais do PSL, comentou a declaração de Araújo. “A cordialidade do Brasil com seus vizinhos não servirá mais de desculpa para o descaso com abusos praticados por ditaduras, pois só há cordialidade quando há respeito à autodeterminação e às diferentes expressões da aspiração por liberdade e dignidade que há em cada um de nós.”

Por tradição, o Itamaraty nunca deixa de convidar um chefe de Estado ou de governo para posses presidenciais. Já confirmaram presença para a posse o primeiro-ministro israelense, Binyamin Netanyahu, o presidente do Chile, Sebastián Piñera, e o da Bolívia, Evo Morales.