PARIS, FRANÇA (FOLHAPRESS) – As medidas anunciadas pelo presidente da França, Emmanuel Macron, para tentar apaziguar os milhares de “coletes amarelos” que tomam há semanas rodovias e ruas do país custarão entre 8 e 10 bilhões de euros (entre R$ 35 bilhões e R$ 44 bilhões) aos cofres públicos.

O pacote de bondades divulgado pelo centrista em cadeia nacional nesta segunda-feira (10) inclui o aumento de 100 euros (R$ 442) do salário mínimo, hoje na casa dos 1.500 euros (R$ 6.600), a desoneração dos pagamentos por jornada suplementar e a suspensão do reajuste de um tributo sobre a aposentadoria de quem recebe até 2.000 euros (R$ 8.800) por mês.

A recuperação do poder aquisitivo da classe trabalhadora se consolidou ao longo dos protestos como principal reivindicação do movimento, que inicialmente se articulou em torno da rejeição à alta de um imposto sobre combustíveis.

A um custo estimado em 4 bilhões de euros (R$ 17,6 bilhões), a revogação do aumento da tal taxa, na semana passada, não havia sido suficiente para impedir uma quarta jornada de mobilização, no sábado (8), com 136 mil participantes espalhados pelo país.

A conta salgada se soma ao prejuízo causado pelos atos de vandalismo (que marcaram sobretudo o terceiro dia de protestos, em 1º de dezembro) e pelo fechamento preventivo de inúmeros estabelecimentos comerciais nos últimos sábados, em plena temporada de compras natalinas.

No interior francês, o bloqueio de centros comerciais e depósitos, além da dificuldade em circular em rodovias parcialmente ocupadas pelos “coletes amarelos”, agravou o quadro.

Por causa dessa conjunção de fatores, o ministro da Economia, Bruno Le Maire, previu na segunda que o crescimento do país no quarto trimestre de 2018 perderia 0,1 ponto percentual, o que se refletiria numa evolução anual do PIB inferior ao 1,7% previsto até aqui -talvez mais perto de 1,5%.

Como menos crescimento equivale a menor arrecadação tributária, já há quem preveja um impacto agudo na proporção do déficit em relação ao Produto Interno Bruto, que subiria 0,6 ponto percentual em 2019.

Se esse cenário se concretizar, o país chegará a um saldo negativo de cerca de 3,5% em relação às riquezas produzidas, superando sensivelmente o teto de 3% que acende o alerta vermelho das autoridades europeias.

A título de comparação, a Itália sofre atualmente a ameaça de sanções por parte da Comissão Europeia por causa de uma previsão orçamentária para 2019 que leva em conta um déficit de 2,4% do PIB. A dívida pública italiana, porém, é a segunda maior da zona euro, atrás apenas da grega: corresponde a 131% do PIB.