NOVA YORK, EUA (FOLHAPRESS) – O secretário de Defesa americano, Jim Mattis, 68, apresentou sua renúncia nesta quinta-feira (20) ao presidente Donald Trump, afirmando que suas visões não estão alinhadas com as do republicano.

Segundo funcionários da Casa Branca ouvidos pela agência Reuters, a renúncia foi apresentada por Mattis durante uma reunião nesta quinta-feira com o presidente.

Mattis ocupava o cargo desde o início da administração Trump, em janeiro de 2017.

O anúncio ocorre um dia depois de os Estados Unidos anunciarem a retirada dos cerca de 2.000 soldados americanos da Síria, em decisão que teria contado com a objeção de Mattis e de outras autoridades de segurança.

O general enviou ao presidente uma carta apresentando sua renúncia, afirmando que estava deixando o cargo para que Trump pudesse ter um chefe de defesa cujas visões fossem mais alinhadas com as suas.

“Uma crença central que eu sempre carreguei é que nossa força como nação está inextrincavelmente ligada à força de nosso sistema único e amplo de alianças e parcerias”, escreveu Mattis.

“Enquanto os Estados Unidos continuam a nação indispensável ao mundo livre, nós não podemos proteger nossos interesses ou servir esse papel efetivamente sem manter alianças fortes e mostrar respeito a esses aliados”, acrescentou.

Em mensagem em uma rede social, o presidente escreveu que Mattis vai se aposentar, com distinção, no final de fevereiro. “Durante o mandato de Jim, um progresso tremendo foi feito, especialmente no que diz respeito à aquisição de novo equipamento de combate”, disse.

“O general Mattis foi de grande ajuda para mim para fazer com que aliados e outros países pagassem sua parcela de obrigações militares”, afirmou Trump.

Segundo o republicano, o novo secretário de Defesa será nomeado em breve. “Eu agradeço imensamente a Jim por seu serviço!”

Mattis passava uma imagem de estabilidade em meio a uma Casa Branca que, muitas vezes, parecia caótica.

Mas especulações de que ele poderia deixar o cargo começaram a ganhar força em outubro, depois que o presidente, em entrevista à emissora CBS, afirmou que o general era “uma espécie de democrata” e poderia estar de saída.

A saída de Mattis traz incerteza ao curso que a administração Trump vai seguir em relação a países como Irã e Coreia do Norte, além de jogar dúvidas sobre a possível retirada de tropas americanas do Afeganistão, além da já anunciada saída da Síria.

Um levantamento realizado pelo centro de estudos Brookings Institution mostra que a Casa Branca de Trump tem a maior rotatividade em cargos de alto nível dos últimos cinco presidentes dos EUA.