“Armageddon” é a grafia inglesa para o português Armagedon ou Armagedão, palavra que vem do hebraico AR MEGGIDO, nome de uma montanha – também chamada de “Tel Meggido” –  que se localiza no norte de Israel, onde se deu a batalha do Juízo Final a que se refere S. João Apóstolo no livro do Apocalipse 16.14-16. Daí que, figurativamente, o termo se aplica a qualquer conflito decisivo, a uma guerra total.


 


VERBO REMONTAR


O mesmo leitor solicita esclarecimento sobre o uso do A ou HÁ na seguinte frase: “Determino a citação dos alienantes ou sucessores, dispensada a citação destes últimos, se a data da transcrição remonta a (ou há) mais de vinte anos”.


O correto é escrever A, que nessa frase é simples preposição, exigida pelo verbo transitivo indireto remontar, o qual tem aqui o sentido de voltar atrás no passado, buscar a origem ou data: remonta ao Renascimento, remonta à Idade Média, remonta a mais de 20 anos (pode-se ver que nesses exemplos não é possível trocar o A por FAZ, como acontece em “mora ali há mais de 20 anos = mora ali faz mais de 20 anos).



PRONOME DEMONSTRATIVO “O”


Diante da frase “Se a opinião é desprezível, a gramática não o é”, que consta na coluna Não Tropece na Língua 010, o leitor J. F. Filho, de Joinville-SC, pergunta se o “o grifado é facultativo, obrigatório ou foi equivocadamente incluído”.


 


Não foi equívoco, não. Eu o utilizei para exprimir que “a gramática não é desprezível” mas sem ter de repetir o adjetivo “desprezível”. Trata-se de um pronome demonstrativo, equivalendo a isso (isto/aquilo). Ele é obrigatório na língua culta padrão, porém dispensável na fala, no linguajar coloquial. Sua utilidade é evitar a repetição do adjetivo e, em outras ocasiões, de um substantivo ou do sentido geral de uma frase. Seguem exemplos em que assinalo os termos a que o pronome “o” se refere:


Eles são tão pobres de espírito quanto o são de inteligência.


Não foi apenas a pesquisadora que se mostrou surpreendida. Os próprios entrevistados também o estavam.


Era conhecido – e ainda o é – em todos os círculos sociais do Rio de Janeiro.


O valor de uma desilusão, sabia-o ela.  


Não cuides que era sincero, era-o.


 “Ser feliz é o que importa  –  Não importa como o ser!”



USOS ESTEREOTIPADOS DO PRONOME DEMONSTRATIVO (cont. NTL 029 e 030)
 


ALÉM DISSO   Estamos sem água. Além disso, a luz foi cortada.


 


DESTA FORMA  (ou DESSA FORMA/MANEIRA, DESTE/DESSE MODO)   Não pude consultá-la com antecedência. Desta forma, peço que me desculpe.


 


ISTO É  [= quer dizer]    Disse que não se dão bem, isto é, se detestam.


 


ISTO POSTO   A realização de um curso de inglês na empresa é importante pelos seguintes motivos:   1) —– 2)—— etc.  Isto posto, solicitamos que V. Exa. aprove nosso projeto.


 


NEM POR ISSO   Ela não me deu bom-dia, nem por isso vou deixar de cumprimentá-la.


 


NISTO [então, em tal momento]   Pensei largar tudo e ir dormir cedo. Nisto, bateram à porta.


 


POR ISSO    Estou exausto; por isso, quero silêncio.    


 


 


 
* Maria Tereza de Queiroz Piacentini Diretora do Instituto Euclides da Cunha e autora dos livros ‘Só Vírgula’, ‘Só Palavras Compostas’ e ‘Língua Brasil – Crase, pronomes & curiosidades’ – www.linguabrasil.com.br