Valquir Aureliano – Oriovisto e Arns eleitos

Contrariando todas as pesquisas eleitorais realizadas ao longo da campanha, Professor Oriovisto Guimarães (PODE) e Flávio Arns (REDE) foram eleitos os dois senadores mais votados para ocupar as duas vagas em disputa no Senado pelo Paraná. O mais votado, Oriovisto, fez 29,2% dos votos válidos. O segundo, Arns, chegou a 23% dos votos válidos. Contrariando as perspectivas, os novos senadores desbancaram os dois ex-governadores que estavam na disputa, o senador Roberto Requião (MDB) que fez 15% dos votos e ficou em terceiro e o ex-governador Beto Richa (PSDB), que fez apenas 3,7% dos votos e ficou em sexto lugar.

Empresário fundador do Grupo Positivo, Oriovisto Guimarães, que nunca ocupou um cargo público, chegará ao Senado como mais votado em sua primeira eleição. Apoiado pelo governador eleito, Ratinho Junior (PSD), presidiu por 40 anos o grupo que criou o cursinho pré-vestibular Positov e que, hoje, se consolidou como um conglomerado que incluiu uma universidade, editora, gráfica e fábrica de celulares e equipamentos de informática. Oriovisto também é o concorrente ao Senado que declarou maior patrimônio – R$ 297,7 milhões. Ele entrou na disputa pelo Senado após convite de seu amigo senador Alvaro Dias (PODE), que vai dar continuidade a mais quatro anos mandato após sua derrota na disputa pela presidência da República. As vagas ocupadas pelos novos senadores são as que hoje são ocupadas por Requião e Gleisi Hoffmann (PT).

“Duas coisas são importantes para mim no Paraná: primeiro representar bem o Estado, trazer os recursos que o Paraná precisa. E não ficar lá discutindo a Venezuela ou ideologia. Isso não resolve a vida do nosso Brasil. Junto com os outros nossos senadores, vou ter lá a companhia de Alvaro Dias e do Flavio Arns, suas pessoas com quem eu me dou muito bem. São excelentes pessoas. O Alvaro é uma pessoa que admiro há muito tempo. Vamos formar um time de senadores como o Paraná nunca teve”, declarou Oriovisto após a vitória.

Como postura imediata, Oriovisto afirma que irá trabalhar em leis mais duras contra a corrupção. “É o primeiro ponto. Assinei um compromisso, inclusive, com aquele movimento 'todos contra a corrupção' e esse compromisso quero dar prioridade absoluta”, afima.

O senador recém-eleito também garantiu que vai trabalhar pela aprovação das reformas política e previdenciária. No acompanhamento ao segundo turno da eleição presidentecia, Oriovisto disse que espera que o presidente eleito “não seja o PT”.

Segunda via – Senador entre 2003 e 2011, Flavio Arns volta ao Congresso Nacional para seu segundo mandato no Senado. Arnas se consolidou como segunda via no fim da campanha, embora já ocupasse o terceiro lugar nas pesquisas desde o início. Com ajuda de integrantes das Apaes e fiéis simpatizantes, fez uma das campanhas mais baratas. O político também já foi deputado federal pelo Paraná por três legislaturas seguidas – entre 1991 e 2003, ocupou duas secretarias ao longo do governo Richa –Educação e a de Assuntos Estratégicos – após ter sido vice-governador do Paraná no primeiro mandato do tucano entre 2011 e 2014. Ficou afastado da política nos últimos quatro anos.

Arns chegou ao Tribunal Regional Eleitoral (TRE-PR), em Curitiba, quase uma hora depois de Oriovisto, que chegou logo após a consolidação do resultado. Arns agradeceu eleitores pela votação e admitiu que sua campanha tinha poucos recursos em comparação com os adversáiros. Com isso, fez questão de usar a terceira pessoa para se referir ao mandato. “O nosso mandato. Porque todas as pessoas pelo Paraná se envolveram coluntariamente, sem comitês, sem recursos. Cada um foi atrás do voto, do convencimento”, agradeceu.

Flavio Arns comentou o fato de ter vencido dois ex-governadores na disputa. “A gente tem que respeitar sempre o que o povo deseja. Nós temos que fazer um esforço para unir o Paraná e unir o Brasil. É isso que a gente precisa daqui para frente”, disse.

Na corrida pela presidência da República, Arns preferiu não se posicionar. “Não discutimos isso ainda. Mas podemos dizer de antemão, como senador do Paraná, e representando nosso Estado em Brasília, faremos todo o possível para que as medidas necessárias para o Brasil sejam tomadas. Seja quem for o presidente vamos conversar”, disse.

Requião reclama de pesquisa e Richa silencia

A principal surpresa no resultado ao Senado foi a derrota do senador Roberto Requião (MDB). A última pesquisa eleitoral realizada pelo Ibope e divulgada no sábado (6), assim como todas as outras ao longo da campanha, apontava Requião isolado na liderança, com 38% das intenções de voto. Em segundo lugar, havia uma disputa acirrada, com Oriovisto com 23%, Richa com 21% e Arns com 21% das intenções, todos em empate técnico.

As pesquisas fizeram com que Requião desviasse o olhar da campanha eleitoral. O candidato do MDB chegou a abrir mão de parte de seu tempo de TV para fazer campanha para seu sobrinho João Arruda (MDB) ao governo do Paraná, além do concorrente, mas companheiro de chapa ao Senado, Nelton Friedrich (PDT). Requião reconheceu a derrota e a atribuiu sua derrota, em parte, às pesquisas eleitorais, que indicavam uma retomada de Beto Richa. Com isso, segundo Requião, a âsia por “voto útil” do eleitor fizeram com que ele perdesse votos. “No Paraná as empresas de pesquisa simularam um crescimento de Beto Richa (Ibope) e me liquidaram com o voto útil em Oriovisto e Arns. Alem disto fui atacado com calunias nos últimos dias. Da melhor condição eleitoral do pais para a derrota em 48 horas. Apreendamos!”, escreveu no Twitter. Entre outros motivos, Requião também afirmou que pagou o preço por seus posicionamentos. “Tomei sempre as posições em que acreditava, pelo Brasil, pela nossa soberania, por projeto de Nação, pelos nossos trabalhadores e empresarios nacionais. Repetiria tudo”, escreveu.

Mesmo antes de votar, Beto Richa já havia declarado durante a manhã que sua candidatura corria risco de naufragar após ter sido preso na Operação Radio Patrulha, que investiga um esquema de corrupção em um programa de manutenção de estradas rurais. O ex-governador despencou do segundo lugar nas intenções de voto para o atual sexto lugar, com menos de 4% dos votos válidos. Depois do resultado, Richa não deu declarações.

PLACAR

A votação para o Senado no Paraná

Professor Oriovisto (PODE): 2.957.135 (29,17 %)

Flavio Arns (REDE): 2.331.696 (23%)

Roberto Requião (MDB): 1.528.204 (15,08%)

Alex Canziani (PTB) 1.304.600 (12,87%)

Mirian Gonçalves (PT) 599.878 (5,92%)

Beto Richa (PSDB) 377.834 (3,73%)

Nelton Friedrich (PDT) 269.246 (2,66%)

Zé Boni (PRTB) 264.513 (2,61%)

Rodrigo Reis (PRTB) 243.349 (2,40)

Compadre Luiz Adão (DC) 87.435 (0,86%)

Jacque Parmigiani (PSOL) 77.446 (0,76%)

Roselaine Barroso (PATRI) 49.037 (0,48%)

Rodrigo Tomazini (PSOL) 35.231 (0,35%)

Gilson Mazaroba (PCO) 10.840 (0,11%)