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Em reunião na tarde desta segunda (31) de diversas entidades representativas do setor de comércio e serviços, comandada pela Associação Comercial do Paraná (ACP), foi confirmada a carreata de protesto contra a bandeira vermelha em Curitiba para essa terça (31). O protesto começará às 16 horas e deve seguir até as 18 horas, começando na Praça Nossa Senhora de Salete, no Centro Cívico, passará pela Rua Mateus Leme, até o Parque São Lourenço, onde haverá parada e depois os carros retornarão para o Centro Cívico pela Avenida Anita Garibaldi. No comando da reunião, o presidente da ACP, Camilo Turmina, foi bastante duro nas críticas à administração da crise do Covid-19 por parte da Prefeitura de Curitiba e do governo do Estado, chegando a falar em renúncia do prefeito Rafael Greca e criticando a decisão do Supremo Tribunal Federal (STF) que dá autonomia aos municípios e estados no gerenciamento do combate ao coronavírus.  “Ignoraram todas as nossas sugestões sobre rodízio no comércio, sobre o transporte coletivo. Cinco mil empresas já fecharam um ano e três meses de pandemia nada se fez. Lockdown não funciona. Vamos mostrar a nossa força”, afirmou ele. O convidado ‘especial’ Luciano Hang, dono da Havan, também criticou as decisões sanitárias no Paraná e ainda defendeu “remédios para a população”. O parque São Lourenço foi escolhido por causa da inauguração do Memorial Paranista, promovida pela própria prefeitura no dia 14 de maio, que gerou aglomeração, contrariando os decretos municpais. Consultada, a Prefeitura de Curitba preferiu não se manifestar sobre o protesto. 

Hang ainda defendeu “Ou existe maldade ou incompetência dos gestores públicos tanto da cidade de Curitiba quanto do estado do Paraná. Eles não estão resolvendo o problema, estão criando dificuldades. Um dos lugares que mais fecha é Curitiba e um dos estados que está se excedendo no fechamento é o Paraná”, disparou Hang. Ele disse que a Havan está com 11 unidades fechadas em todo o Brasil (das 159 existentes). Nove delas são no Paraná, sendo sete em Curitiba, e duas em São Paulo. Hang ainda apontou que os secretários Beto Preto e Márcia Huçulak, da Saúde, não “querem resolver o problema e que é preciso  testar e dar remédio para a população”, embora não haja comprovação científica em relação à eficácia de qualquer medicamento contra a Covid-19, conforme a  Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) e a  Organização Mundial da Saúde (OMS). Apesar de vários participantes da reunião afirmarem que o movimento dos comerciantes de Curitiba é apartidário e que eles não são negocionistas, Hang é um dos aliados mais fiéis ao presidente Jair Bolsonaro, que, aliás, entrou com ação no STF para derrubar medidas restritivas adotadas por Ratinho Junior.  Ele disse ainda que seus funcionários participarão do protesto em Curitiba: “Todos os nossos gerentes e toda a nossa força de trabalho estará nas ruas com vocês. Essa passeata já deveria ter acontecido antes. Só mostrando o poder de quem gera impostos e empregos para esse pessoal incompetente para que talvez eles acordem para resolver, e não criar, problema”.

Nelson Goulart, da Associação Brasileira de Bares e Restaurantes (Abrasel), lembrou que os restaurantes e eventos são os mais prejudicados desde o início da pandemia. “Nosso setor tem sido apontado como um dos causadores e isso não é verdade Nós não somos negacionistas. Não temos conotação partidária. Estamos tomando todas as medidas necessárias, queremos colaborar na crise, mas precisamos de contrapartida e que possamos ajudar”, afirmou ele. O presidente da Abrabar, Fábio Aguayo, mais uma vez lembrou da dificuldade que o setor enfrenta e que com as proibições, as festas clandestinas estão tomando conta. Vander Giordano, representante dos shoppings, ressaltou que em um ano e três meses o setor aprendeu, investiu e conseguiu criar um protocolo seguro, enquanto a administração pública, não conseguiu: “Não estamos negligenciando. Quando você gerencia uma empresa, tem que olhar todos os aspectos e um governo também tem que fazer isso, cuidar da saúde e da economia”. Juscelino Zilio, diretor do Teatro Barracão em Cena, também avisou que vai aderir ao movimento. “Quando estávamos prontos, fechou de novo. Os teatros estão fechando. Estamos fechados desde o início, como cinemas”. 

No decreto da bandeira vermelha, válido até o dia 9 de junho, atividades comerciais não essenciais e lojas de material de construção podem funcionar apenas com atendimento no sistema de entrega (delivery) e drive thru

Um grupo de comerciantes convocou uma manifestação para segunda-feira (dia 31) sugerindo bloqueio a garagens de ônibus.  O Tribunal de Justiça do Paraná (TJ-PR), no entanto, concedeu liminar que garante o funcionamento do transporte coletivo na segunda-feira (31) e durante todo o período em que vigorar a bandeira vermelha, prevista no decreto municipal 940/21. A tutela antecipada foi pedida pela Urbanização de Curitiba (Urbs) em função da manifestação, convocada por um grupo de comerciantes por meio de grupos de whatsapp e redes sociais, sugerindo o bloqueio das garagens de ônibus nesta segunda-feira (31/5) em protesto contra medidas mais restritivas de alerta contra covid-19.