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Em reunião on-line, a Secretaria Municipal da Saúde de Curitiba avisou na tarde desta quinta (27) mais de 50 representantes de setores econômico e médico que a bandeira vermelha será decretada na Capital. “Nunca esteve tão certo que a bandeira vermelha será decretada, porque a cidade nunca viveu um momento tão difícil. Estão faltando medicamentos. Os médicos disseram que já estão tendo que escolher quem entuba e quem não entuba”, disse a presidente da Comissão de Saúde, Bem-Estar Social e Esporte da Câmara de Curitiba, vereadora Noemia Rocha (MDB), que participou da reunião. A bandeira laranja vence nesta sexta (27), quando os detalhes da nova bandeira serão divulgados.

De acordo com o presidente da Associação Brasileira de Bares e Casas Noturnas (Abrabar), Fabio Aguayo, durante o encontro administração municipal deixou clara a situação crítica da doença na capital. “A situação está mesmo fora de controle, colapsada, mas isso estamos vendo desde o começo. Agora as pessoas estão mais cansadas e muitas vezes desistindo e é isso que a gente não quer. O que queremos aqui é razoabilidade. Durante a reunião ficou claro que precisamos colaborar porque o inimigo é um só, a Covid”, disse ele.  A Associação Comercial do Paraná (ACP), em nota, criticou duramente a mudança para bandeira vermelha: “O comércio é um ambiente controlado, seguro e devidamente fiscalizado. O mesmo não verifica no transporte coletivo. Já sugerimos que se limite a ocupação dos ônibus e que se transporte apenas passageiros sentados, mas os veículos continuam cheios, colocando em risco os usuários. Até mesmo a suspensão total do transporte coletivo seria uma medida menos danosa para a sociedade e para a economia do que um lockdown, pois se reservaria o direito de transporte aos trabalhadores dos setores imprescindíveis, como área médica, abastecimento de água, energia, gás, combustível, segurança pública e outros. As empresas procurariam se adaptar para o transporte de seus funcionários”, afirmou a asssociação, em nota. 

“É necesário que os municípios da região metropolitana sigam medidas restritivas da capital”

“Nós temos um inimigo em comum: o vírus. E o diagnóstico do momento é crítico, traumático, dramático”, definiu o infectologista e presidente da Sociedade Brasileira de Infectologia, Clóvis Arns Cunha. “Não só no serviço público, como no privado. Está cada vez mais difícil dar atendimento adequado. Não temos mais recursos humanos. Estamos pior do que estávamos em março”, disse. Para o presidente da Federação das Santas Casas de Misericórdia e Hospitais Beneficentes do Estado do Paraná (Femipa), Flaviano Ventorim, é preciso no momento “um pacto social”. “Nós, dos hospitais, não vamos dar conta. O sistema está entrando em colapso e precisamos dar um fôlego”, disse Ventorim.

Segundo ele, entretanto, é necessário que os municípios da região metropolitana tomem medidas restritivas no mesmo sentido que a capital. “Não se vê a região metropolitana tomando medidas”, disse. Segundo a secretária municipal da Saúde de Curitiba, Márcia Huçulak, 65% dos atendimentos dos três prontos-socorros SUS de Curitiba (Evangélico, Cajuru e Hospital do Trabalhador) vêm de fora do município. “Toda vez que aumenta a mobilidade, aumenta o trauma, a queda, o atropelamento e, por consequência, o atendimento no pronto-socorro, concorrendo com o atendimento de covid-19”, explicou a secretária. “Não tem milagre, atingimos o teto da expansão. O kit intubação está em falta em 22 estados, pois é um problema da indústria farmacêutica”, explica Márcia.

De acordo com a secretária, se todos tivessem disciplina, os decretos mais restritivos não seriam necessários. A infectologista da SMS, Marion Burger, lembrou que as medidas mais restritivas acontecem de forma cirúrgica, por um curto espaço de tempo.

O secretário do Governo Municipal, Luiz Fernando Jamur, reforçou, durante a reunião, que nestes 422 dias de pandemia, os decretos municipais restringiram o comércio em apenas 21 dias e os decretos estaduais em 14 dias. Ou seja, somando, houve até o momento 35 dias de fechamento do comércio.

Quem participou da reunião

Participaram da reunião representantes da Associação de Bares e Restaurantes (Abrasel); Associação Brasileira de Bares e Casas Noturnas (Abrabar); Associação Comercial do Paraná (ACP); Associação Brasileira de Shopping Center (Abrasce), Associação Paranaense de Supermercados (Apras); Sindicato da Panificação.

Também estiveram na reunião representante do Núcleo de Patores, a Mitra, o Sindicador das Escolas Particulares (Sinepe), Associação dos Centros de Atividades Físicas do Brasil (Acaf), escolas de natação, Sindicador dos Clubes do Paraná (Sindiclubs) e Associação Paranaense dos Centros Esportivos (Apace).

A reunião virtual também contou a presença do presidente da Câmara de Vereadores, Tico Kuzma; da presidente da Comissão de Saúde, Bem-Estar Social e Esportes da Câmara de Vereadores, Noêmia Rocha; e do vice-presidente da Comissão, Marcelo Fachinello. O Ministério Público esteve representado pelo promotor Marcelo Maggio, da Promotoria de Justiça de Proteção à Saúde Pública de Curitiba.

O setor público e privado de Saúde esteve representado por diretores de diversos hospitais (como HC, Cajuru, Evangélico, Cruz Vermelha, do Trabalhador), entidades de classe (como CRM e Coren), operadoras de planos de saúde (como Unimed Curitiba), Federação das Santas Casas de Misericórdia e Hospitais Beneficentes do Estado do Paraná (Femipa), entre outros.

Boletim confirma que acabaram os leitos SUS para Covid

A Secretaria Municipal da Saúde de Curitiba registrou, nesta quinta-feira (27), 987 novos casos de covid-19 e 25 óbitos de moradores da cidade infectados pelo novo coronavírus. Vinte e um destes óbitos ocorreram nas últimas 48 horas. A taxa de ocupação dos 539 leitos de UTI SUS exclusivos para covid-19 está em 106%. Hoje foram ativados dez leitos de UTI adulto no Hospital do Idoso Zilda Arns e outros quatro no Hospital Universitário Evangélico Mackenzie, em razão da demanda de pacientes para internação nesse tipo de leito. Essa ampliação considera o último levantamento, que indicou 50 pacientes em assistência nas Unidades de Pronto-Atendimento (UPAs) de Curitiba com indicação para atendimento em UTI covid adulto na rede hospitalar do SUS. A taxa de ocupação dos 726 leitos de enfermarias SUS covid-19 está em 99%. Há nove leitos vagos. Os dados da ocupação de leitos em Curitiba é dinâmico, com alterações no decorrer do dia.