nevoa e fumaça
Torres da Catedral de Curitiba quase somem por conta da névoa que toma conta do céu da Capital neste domingo, 8 de setembro. (Luís Pedrucco)

A piora da qualidade do ar, que ficou mais poluído em decorrência das queimadas em diversas regiões do Brasil, e da seca traz consequências à saúde. O alerta é da Associação Brasileira de Otorrinolaringologia e Cirurgia Cérvico-Facial (ABORL-CCF) e a da Academia Brasileira de Rinologia (ABR).

As entidades destacam que a situação traz efeitos negativos, como irritação das vias respiratórias, dificuldade de respirar, surgimento de coriza ou ressecamento na mucosa nasal, redução da capacidade filtrante do nariz e agravamento de quadros de doenças respiratórias, como a asma e a rinite alérgica.

As partículas tóxicas resultantes das queimadas representam ameaça à saúde pública, especialmente para as populações com o sistema imunológico mais fragilizado, como crianças, idosos e pessoas com doenças respiratórias prévias.

“As partículas da poluição e a baixa umidade não só exigem muito do nariz e seios da face, como causam inflamação no sistema respiratório. Esses danos ao revestimento interno das vias aéreas prejudicam todo o preparo do ar inspirado necessário a uma função respiratória adequada”, explica o presidente da ABR e membro da ABORL-CCF, Otavio Piltcher.

O Instituto Nacional de Meteorologia (Inmet) emitiu alerta para 15 estados brasileiros e o Distrito Federal devido à baixa umidade do ar, que pode cair abaixo de 20%. Isso agrava ainda mais a situação.

As regiões afetadas incluem Goiás, Tocantins, Mato Grosso, Mato Grosso do Sul, Maranhão, Piauí, Ceará, Rio Grande do Norte, Pernambuco, Paraíba, Bahia, Minas Gerais, São Paulo, Paraná e Rondônia.

Segundo a Organização Mundial de Saúde (OMS), o nível ideal de umidade é de aproximadamente 60%. Acima ou abaixo desse percentual, a umidade pode oferecer riscos à saúde se o nariz não conseguir ajustar esse desequilíbrio.

Nessas circunstâncias ambientais, é fundamental tomar medidas preventivas para diminuir a exposição a poluentes no ar. “Nos períodos de queimadas, o ideal é evitar ambientes externos e não realizar atividades ao ar livre. Se sair, o uso de máscaras N95 são úteis para minimizar a entrada de partículas relacionadas à fumaça e à poluição”, destaca Piltcher.

Janelas e portas devem ficar fechadas por causa da poluição

Cuidados simples podem manter o ambiente doméstico protegido e também garantir o bem-estar do organismo e a hidratação das vias aéreas. “É importante manter a casa bem fechada para evitar a entrada de partículas no ambiente. Além disso, deve-se beber bastante água”, orienta.

Além da hidratação adequada, muitos pacientes recebem alívio dos sintomas através das lavagens nasais. Essa é uma técnica reconhecida na medicina pelos efeitos positivos em pacientes com alergias respiratórias e outras disfunções das estruturas relacionadas ao nariz.

Utilizando diversos dispositivos que produzem jatos nasais com soluções com diferentes salinidades, ela busca através da umidificação da mucosa nasal ajudar na manutenção do funcionamento saudável das vias aéreas, especialmente em condições climáticas e ambientais com baixa umidade relativa do ar.

Mauro Gomes, médico pneumologista, professor da Faculdade de Ciências Médicas da Santa Casa de S. Paulo e consultor da farmacêutica Glenmark, aponta quais são os sintomas de alerta.

Sintomas de alerta

  • Tosse persistente, que pode ser seca e em alguns casos acompanhada de secreção
  • Dificuldade para respirar – a pessoa pode ter falta de ar e a respiração ficar mais ofegante – isso é muito comum em pacientes que já tem algum histórico, como asma.
  • Irritação nos olhos, com vermelhidão e lacrimejamento
  • Nariz e garganta irritados
  • Dor de cabeça – geralmente associada à inalação de monóxido de carbono
  • Tontura ou confusão mental em casos de intoxicação mais severa.
  • Sensação de opressão no peito
  • Cansaço excessivo
  • Dor de cabeça
  • Chiado no peito

Como se cuidar nos dias mais secos e com ar mais poluído

  • Pacientes com asma, DPOC (doença pulmonar obstrutiva crônica) e rinite alérgica devem manter o tratamento regular com sua medicação inalatória (bombinhas);
  • Quem não faz uso frequente, deve utilizar a bombinha regularmente, neste momento, para o tratamento para asma ou rinite, antes dos sintomas se agravarem;
  • Obter medicação usada em quadros críticos anteriores e utilizar o mais cedo possível, caso iniciem sintomas respiratórios;
  • Se possível, não sair de casa. Vedar portas e janelas;
  • Se precisar sair de casa, usar máscara, preferencialmente, PFF2/N95;
  • Evitar locais com grande concentração de fumaça. A fumaça é tóxica e pode causar problemas respiratórios imediatamente;
  • Quem tiver contato direto próximo a áreas de queimada, se apresentar sintomas respiratórios como falta de ar, chiado no peito, tonturas, dor de cabeça, procurar atendimento médico;
  • Beber água. A hidratação é muito importante para a via aérea. Atenção especial com crianças e idosos, pelo maior risco de desidratação;
  • Lavar o nariz e olhos com soro fisiológico;
  • Umidificadores podem ser usados, mas precisam ser limpos diariamente. Usar toalhas molhadas e bacias com água, caso não tenha umidificador em casa;
  • Suspender a prática de atividade física ao ar livre.