Líderes do Primeiro Comando da Capital (PCC) pagaram R$ 2 mil por cada celular recebido dentro da Penitenciária 2 de Presidente Venceslau, interior de São Paulo. A descoberta só foi possível após a prisão do agente penitenciário de um grupo de elite da polícia Márcio Mota Ferreira, de 29 anos, anteontem (23). Ele foi detido com nove aparelhos celulares, baterias e carregadores, no momento em que entrava no presídio para fazer plantão.

Na unidade penitenciária, considerada de segurança máxima, cumprem penas líderes do PCC, como Marco William Camacho, o Marcola, apontado como comandante da facção criminosa que age no Estado de São Paulo.

O agente preso disse à polícia que pretendia distribuir os celulares durante sua ronda. Em depoimento dado à polícia hoje (25), ele contou que, na semana passada, entregou quatro celulares aos presos, recebendo R$ 2 mil por cada aparelho. Não há bloqueadores de sinais de celulares em funcionamento no presídio.

Ferreira, que foi encaminhado nesta terça-feira para o Centro de Detenção Provisória (CDP), de Caiuá, a 582 quilômetros da capital, fazia parte do Grupo de Intervenção Rápida (GIR), um grupo especial de agentes de elite especializados em combater rebeliões e vigiar presos perigosos. O grupo foi criado depois que a penitenciária se tornou unidade de isolamento do PCC, durante os ataques de maio de 2006.

Os homens do GIR usam diversos tipos de equipamentos e coletes à prova de balas, o que facilitou ao agente esconder os celulares. Na casa dele, a polícia encontrou mais cinco celulares e R$ 21 mil em dinheiro, possivelmente fruto da venda de aparelhos aos presos.

Agora, a Secretaria de Administração Penitenciária (SAP) investiga se o agente agia isoladamente ou se fazia parte de um esquema para facilitar a entrada de celulares e armas aos presos Desde o fim dos ataques de 2006, seis agentes foram presos na mesma circunstância, porém, Ferreira foi o primeiro do grupo de elite.