Começar uma partida de mata-mata de Copa do Mundo atrás no placar e terminar o jogo festejando a classificação para a próxima fase parece ter se tornado a especialidade da seleção da Croácia, que, desde o Mundial da Rússia, há quatro anos tem mostrado poder de reação e resiliência nos jogos eliminatórios ao sofrer o primeiro gol e conseguir eliminar o adversário.

Contando a seleção brasileira, derrotada nas penalidades na última sexta-feira, no Catar, já são cinco rivais seguidos que os croatas despacham após saírem em desvantagem em um jogo decisivo de Copa – a final contra a França, na Rússia, não entra na conta por não ser considerado uma partida de caráter eliminatório.

Todas as cinco partidas disputadas foram para a prorrogação e apenas uma não precisou ser definida nas penalidades. A liderança do técnico Zlatko Dalic, o heroísmo dos goleiros e o poder de decisão de Perisic e Mandzukic (já aposentado) são alguns outros elementos que foram recorrentes nos confrontos.

Nesta terça-feira, às 16h (horário de Brasília), os croatas terão mais uma vez a chance de colocar à prova esse poder de reação. No Lusail Stadium, a equipe do leste europeu encara a Argentina, em partida que vale vaga para a final do torneio. O mundo esperava um confronto dos argentinos com a seleção brasileira, mas o time de Neymar não conseguiu se classificar.

CROÁCIA 1 (3) X (2) 1 DINAMARCA
A escrita começou na Copa da Rússia, em 2018. A primeira vítima foi a Dinamarca, pelas oitavas de final. No primeiro minuto da partida, Mathias Jørgensen abriu o marcador para os dinamarqueses. A Croácia, porém, reagiu rápido e, três minutos depois, Mandzukic empatou.

Apesar do começo alucinante, as redes não voltaram a balançar no tempo normal, assim como nos 30 minutos da prorrogação. Muito por conta de Modric, que a quatro minutos de terminar o tempo extra, desperdiçou um pênalti defendido por Peter Schmeichel. Mas o feito heroico do goleiro dinamarquês só adiou a eliminação da sua seleção. Nas penalidades, Subasic, da Croácia, defendeu três penalidades e assegurou aos croatas a vaga para as quartas de final.

RÚSSIA 2 (3) X (4) 2 CROÁCIA
No jogo seguinte, contra as anfitriãs do torneio, a Croácia também saiu perdendo depois de o russo Denis Cheryshev fazer um belo gol, ainda no primeiro tempo. Minutos depois, antes do juiz apitar o fim da primeira etapa, Andrej Kramaric usou a cabeça para deixar tudo igual para os croatas.

Com o placar inalterado no tempo regulamentar, a partida foi para a prorrogação. O zagueiro Vida colocou os croatas em vantagem, mas o brasileiro Mário Fernandes, naturalizado russo, empatou a partida minutos antes de acabar o tempo extra. Em nova disputa de pênalti, Subasic voltou a defender uma cobrança e viu Mário Fernandes, o responsável por manter os russos vivos na partida, desperdiçar a sua batida. Vitória croata (4 a 3) sobre a Rússia e classificação para a semifinal da Copa do Mundo confirmada.

CROÁCIA 2 X 1 INGLATERRA
Na partida que valia vaga para a final do Mundial da Rússia, a Inglaterra saiu na frente com gol de falta de Trippier, na primeira etapa. A Croácia empatou no segundo tempo com Perisic e virou na prorrogação com Mandzukic, em um dos jogos mais emocionantes da edição do torneio.

Sem tempo para a reação inglesa, os croatas se classificaram para uma final de Copa pela primeira vez na história, mas acabaram perdendo na decisão para a França pelo placar de 4 a 2, e os franceses sagraram-se bicampeões Mundiais – na final, a Croácia também começou a partida perdendo.

JAPÃO 1 (1) X (3) 1 CROÁCIA
Pela Copa do Catar, a Croácia voltou a mostrar resiliência e capacidade de se recuperar em uma partida decisiva após sair em desvantagem. Contra o Japão, pelas oitavas de final, Maeda abriu o marcador para a seleção nipônica ainda no primeiro tempo. Perisic provou que, mesmo após quatro anos, continua sendo tão importante como em 2018, e empatou o jogo no começo da segunda etapa.

Nenhuma das duas seleções voltou a balançar as redes e a partida foi decidida nas penalidades, momento em que brilhou a estrela de Livakovic, goleiro do modesto Dínamo Zagreb, da capital croata. O jogador repetiu o feito de Subasic de quatro anos atrás, e, com três defesas, foi decisivo na classificação da Croácia para as quartas de final, etapa em que enfrentou e eliminou o Brasil.

CROÁCIA 1 (4) X 1 (2) BRASIL
A Croácia chegou ao Education City Stadium para a disputa das quartas de final contra a seleção brasileira com apenas uma vitória em quatro jogos no Catar. Com o placar zerado durante todo tempo regulamentar, a partida foi para a prorrogação. Considerado um dos favoritos ao título, o Brasil fez 1 a 0 no fim do primeiro tempo da prorrogação, com Neymar, depois de 115 minutos de jogo.

Quando a classificação para a semifinal parecia encaminhada aos brasileiros, a Croácia conseguiu reagir e empatar com Bruno Petkovic, a três minutos do fim do tempo extra, em chute que desviou em Marquinhos e tirando as chances de defesa de Alisson. Nas penalidades, a quarta da Croácia em jogos eliminatórios, os europeus voltaram a sorrir e conseguiram uma classificação mesmo depois de começarem o jogo em desvantagem. Rodrygo e Marquinhos desperdiçaram suas cobranças e o Brasil foi eliminado. Os croatas acertaram todas as penalidades.