Alta no mercado imobiliário faz profissionais migrarem de área

Setor vem aquecido nos últimos anos em Curitiba, e tem atraído cada vez mais profissionais que atuavam em outras áreas

Isabelle Gesualdo
PERSONAGENS QUE MUDARAM AREA DE ATUAÇAO

Mônica Arns e Débora Bertelli: pandemia deu impulso na decisão (Cassiano Rosário)

PERSONAGENS QUE MUDARAM AREA DE ATUAÇAO
Débora Bertelli e Mônica Arns (Cassiano Rosário)

O mercado imobiliário em Curitiba vivencia tempos de bonança. A alta é refletida em diferentes segmentos: no locatício, por exemplo, houve um aumento de 21,22% em 2023. O dado é de um levantamento do instituto de pesquisas econômicas FipeZap+. No mesmo ano, o Valor Geral de Vendas (VGV) foi acumulado em R$ 5,4 bilhões e houve um aumento de 24% em relação a 2022, de acordo com o Conselho Regional de Corretores de Imóveis (CRECI-PR).

Com o aquecimento do setor, profissionais de diferentes áreas estão conciliando suas profissões de formação com o ofício de corretor de imóveis, outros, no entanto, optaram por dedicar-se exclusivamente ao mercado imobiliário.

Flexibilidade de horários, laços com o clientes e, claro, as comissões são alguns fatores que atraem os profissionais para a área. Débora Bertelli e Mônica Arns integram o grupo de pessoas que decidiram mergulhar de cabeça no setor imobiliário. Formadas em Hotelaria, as amigas trabalharam por mais de 20 anos na área, que foi uma das mais atingidas durante a pandemia da Covid-19. O fechamento do hotel onde Arns trabalhava foi o estopim para que elas ingressassem no mercado como corretoras de imóveis.

Apesar de serem áreas distintas, Bertelli e Arns conseguem aplicar habilidades da hotelaria na consultoria imobiliária. “A gentileza durante o atendimento ao cliente, a pontualidade, a rapidez com que retornamos o contato. Todos os dias inserimos o conhecimento da hotelaria no segmento de corretor de imóveis”, conta Bertelli.

“Na hotelaria trabalhávamos com perfis diferentes de clientes: corporativo, eventos, lazer. Então, a gente tem essa vivência que linca com você saber se portar com cada tipo de cliente. Isso é muito importante nos dois ramos e facilitou nosso trânsito nos dois setores”, completa Arns.

As corretoras estão no ramo há um ano e atuam na imobiliária 7 Imóveis. O pouco tempo exercendo o ofício já foi suficiente para perceberem que acertaram na escolha e não querem retornar à hotelaria, pois veem o setor imobiliário rentável o suficiente para consolidarem a carreira.

Dados do CRECI-PR mostram que Curitiba tem atualmente 1.632 imobiliárias e 8.335 corretores de imóveis. O mercado curitibano teve 6.982 unidades lançadas em 2023.

Ana Righetto concilia o trabalho de assessoria de imprensa com o ofício de corretora de imóveis (Cassiano Rosário)

Novos desafios levaram jornalista para nova profissão

O mercado imobiliário hoje é uma das profissões que está entre as mais disputadas, pois oferece grandes oportunidades para aqueles que se dedicam. É o caso da jornalista Ana Righetto, que em busca de um novo desafio ingressou na corretagem, após anos se dedicando como assessora de imprensa.

“Sou jornalista de formação e atuo na assessoria de imprensa do ramo de entretenimento cultural, que foi bastante atingido pela pandemia. Foi minha motivação para buscar outras frentes de negócios e me reinventar. Meu irmão também é corretor e me incentivou a entrar na área e me chamou para fazer parte da equipe dele na Imóveis de Primeira. A imobiliária traz metodologia diferenciada, pois prepara o corretor, dá oportunidade e oferece um plano de carreira dentro do segmento. Hoje tenho CRECI e estou amando esse desafio. Para mim tem a ver com assessoria. Todo o aprendizado e técnicas usadas para despertar o interesse para “vender” uma pauta, no mercado imobiliário estudamos muito para conquistar o cliente e consolidar a venda de um imóvel , que é um projeto de vida, sonho. O corretor precisa estar apto para saber sobre tudo o que acontece no mercado imobiliário, economia para você passar segurança ao seu cliente e preservar o relacionamento, que é a base de tudo! Não pode ser apenas um ‘apresentador’ de imóvel , precisa muito mais e se dedicar diariamente o que demanda tempo”, comenta Righetto.

Atualmente, Ana integra o time de corretores na área de lançamentos de imóveis de alto padrão e sua rotina é puxada, se dedica a plantões de segunda a segunda, e concilia com as visitas. Ela faz parte da equipe foco da A. Yoshii. A  jornalista conta que o seu maior desafio quando iniciou no mercado imobiliário de lançamentos foi montar um fluxo de pagamentos personalizado que fosse saudável para o cliente. “Eu pensava: nossa, será que vou saber fazer? Porque dá um frio na barriga no início ”, lembra Righetto.

Hoje, contudo, a profissional consegue exercer a função com tranquilidade, que é fruto de dedicação.
Durante quase três anos exercendo a profissão, ela teve a oportunidade de trabalhar com imóveis prontos, mas se identificou com a venda de imóveis na planta, lançamentos.

“O desafio é grande, temos que oferecer uma experiência diferenciada ao cliente , mostrar o valor agregado desse produto, explicar os diferenciais, a parte técnica e arquitetônica e principalmente fazer um fluxo de pagamento que atenda ao perfil dele. Diferente de quem trabalha com pronto. Ambos têm suas características, mas lançamento é minha paixão, acho mais desafiador! A venda no mercado imobiliário é trabalhar com a emoção do cliente , desejo e planejamento de vida das pessoas. É extremamente satisfatório participar de todos os passos de uma venda e no final ver o cliente satisfeito e feliz com a conquista”, diz.

Carlos Eduardo Canto, presidente da Confraria Imobiliária de Curitiba (Cassiano Rosário)

Qual é o perfil de um corretor?

A indústria imobiliária movimenta a economia de qualquer cidade, especialmente por sua versatilidade e capacidade de atender às necessidades de diferentes nichos. E quando o profissional se depara com as diferentes áreas de atuação dentro do mercado de imóveis, ele analisa qual é a sua aptidão.

“Hoje, temos o Minha Casa Minha Vida, que é um mercado muito grande incentivado pelo Governo. Então, ao invés de vender um imóvel de R$ 1 milhão, vende quatro imóveis de R$ 250 mil. A corretagem é um ganho ilimitado, mas você depende do seu trabalho e dedicação para ganhar bem. O corretor, depois de um ou dois anos atuando, dificilmente sai desse mercado”, afirma Carlos Eduardo Canto, presidente da Confraria Imobiliária de Curitiba.

Canto exerce o ofício há 48 anos e elenca alguns pontos essenciais que devem compor o perfil de um corretor de imóveis. “Primeiro, tem que gostar de gente. Tem que ser uma pessoa comunicativa e proativa. Hoje, falamos muito do digital, mas eu vejo que a propaganda tem que ser feita nos lugares que o profissional frequenta, seja na academia, no salão de beleza. Quando o profissional se posiciona, ele tem retorno. E o corretor tem que entender de tudo: Psicologia, Matemática, Marketing, Engenharia, Direito. E temos diversos cursos para preparar esses profissionais”.