O Banco Central divulgou um boxe sobre os impactos econômicos das enchentes no Rio Grande do Sul no Relatório Trimestral de Inflação (RTI), publicado nesta quinta-feira, 27. O documento faz uma série de exercícios para avaliar como foram afetados os diversos setores da economia gaúcha, partindo de um conjunto de indicadores tempestivos.

“Há evidências de que houve queda expressiva do nível de atividade local no mês de maio, com heterogeneidade marcante entre setores e segmentos, e sinais de retomada em andamento”, diz o boxe. O BC pontua que as chuvas e enchentes atingiram regiões de elevada densidade populacional e de grande relevância para a economia gaúcha.

Para avaliar os impactos no comércio varejista e serviços prestados às famílias, a autoridade monetária considerou pagamentos recebidos por empresas domiciliadas no Rio Grande do Sul, por meio de cartões de débito ou Pix. O pagamento à vista é indicador de que a empresa continuou em operação, o que ajuda a mensurar a quantidade de empreendimentos que interromperam as atividades. No início das chuvas, houve queda de 8,6% no número de empresas que receberam pagamento, mas na última semana analisada (entre 5 e 11 de junho), houve sugestão de retomada relativamente rápida nas vendas de boa parte dos setores.

Também foram mensurados os valores recebidos pelas empresas. Os resultados indicam que, em maio, as famílias priorizaram o consumo de bens básicos, sobretudo supermercados. No início de junho, já foi possível observar elevação dos volumes recebidos nos setores de móveis e eletrodomésticos e material de construção.

Para a indústria, dados de emissão de notas fiscais compilados pela Secretaria de Fazenda do Rio Grande do Sul mostram que houve grande recuo no início do mês, mas essa retração diminuiu. “Setorialmente, os segmentos que mais contribuíram para essa queda foram metalmecânico, agroindústria e insumos agrícolas”, aponta. Os indicadores de confiança do consumidor e do empresário industrial também recuaram no período.

No caso da agricultura, o BC aponta que tanto IBGE quanto Conab já revisaram as estimativas de produção do Rio Grande do Sul para o ano, com efeitos diferentes de acordo com o tipo de plantio, que podem se estender por mais ou menos tempo. Já para a pecuária, embora mesmo antes das enchentes houvesse evidências de redução de abates no Estado, o movimento se intensificou em maio e os impactos não serão restritos ao mês, por causa da perda de rebanhos e destruição de equipamentos.

Também houve impactos para o comércio exterior, com o fechamento do aeroporto Salgado Filho e com terminais portuários operando abaixo da capacidade.

“A queda pode refletir tanto o impacto direto da interrupção da logística da região como possível redução em determinados tipos de encomendas. As exportações, por sua vez, apresentaram queda relativamente pequena, compatível com as oscilações comuns na rubrica, indicando impacto limitado”, diz o documento.