A força das commodities e da atividade brasileira é insuficiente para impulsionar o Ibovespa na manhã desta quarta-feira, 11, diante da queda dos índices de ações norte-americanos. O dado mais esperado desta quarta-feira saiu há pouco nos Estados Unidos a uma semana da decisão de política monetária pelo Federal Reserve (Fed, o banco central dos EUA).

O índice de preços ao consumidor dos Estados Unidos, o CPI avançou 0,2% em agosto, na margem (previsão: 0,2%), e 2,5% na comparação anual (previsão: 2,6%), enquanto o núcleo do indicador mensal ficou em 0,3%, pouco acima da elevação de 0,2% esperada por analistas e atingiu 3,2% ante agosto de 2023, mesma marca da projeção.

No geral, os números sugerem que a economia americana segue aquecida, mas não tão robusta e com uma inflação que ainda resiste. Assim, sobem as apostas de uma alta do juro dos EUA de 0,25 ponto porcentual na próxima semana.

“Apesar da desaceleração do índice cheio em 12 meses e dos sinais de arrefecimento da inflação, há alguns pontos que sugerem resiliência e que o Fed será mais cauteloso”, avalia Silvio Campos Neto, sócio da Tendências Consultoria.

Na avaliação de Felipe Moura, analista da Finacap, o cenário de recuo dos juros americanos parece “bem desenhado”, restando somente saber qual será a dose. “Só resta saber a magnitude e o guidance, os próximos passos do banco central americano”, diz.

Aqui, o volume de serviços prestados subiu 1,2% em julho ante junho e superou o teto das estimativas. A expansão tende a elevar a cautela dos agentes com a inflação interna e consequentemente reforçar as apostas de uma alta da Selic de 0,25 ponto porcentual no Comitê de Política Monetária (Copom) deste mês.

Conforme o sócio da Tendências Consultoria, apesar da força da atividade a inflação de curto prazo no Brasil ainda está bem comportada, o que não requer um avanço agressivo dos juros pelo Banco Central (BC).

Para Rafael Perez, economista da Suno Research, a combinação de um mercado de trabalho aquecido, melhores condições de crédito e o aumento das transferências sociais do governo explicam a expansão do setor de serviços ao longo do ano. Esses fatores, cita em relatório, devem seguir impulsionando os serviços nos próximos meses. “Esse cenário de atividade mais aquecida corrobora nossa projeção de uma alta de 3,1% do PIB em 2024”, estima.

Ontem, o Ibovespa fechou em baixa de 0,31%, aos 134.319,58 pontos. Conforme Moura, da Finacap, o principal indicador da B3 mostra certa resiliência após avanços influenciados em parte pelos balanços de empresas do Brasil que apresentaram bons no segundo trimestre. “Mas aqui ainda continuamos com a questão da bomba fiscal, da insustentabilidade fiscal apesar de o governo acenar com medidas para amenizar a situação. Ainda há muita incerteza”, afirma.

Nesta manhã as ações da Vale avançam 2,12%, após alta de 1,0% do minério de ferro no fechamento da Bolsa de Dalian, na China, e depois que a mineradora atualizou suas das projeções de produção de minério. Já as ações da Petrobras avançavam entre 0,21% (PN) e 0,15% (ON), enquanto o petróleo subia na faixa de 1,00% no exterior, após queda de 4% ontem.

Às 11h12, o Ibovespa elevação de 0,14%, aos 134.507,82 pontos, ante queda de 0,04%, na mínima aos 134.265,57 pontos, depois de avançar 0,57%, na máxima aos 135.087,32 pontos. Vale acelerava os ganhos a 2,00%, mas Petrobras arrefecia a 0,70% (PN) e a 0,59% (ON). Entre os grandes bancos, só BB subia (0,28%). IRB cedia 8,86%, sendo o maior recuo. O JPMorgan rebaixou a recomendação de IRB de neutra para underweight (o equivalente a venda).