Dólar alto pode provocar alterações no turismo doméstico

Faturamento do setor acumula alta de 2,6% no ano, mas impactos das incertezas fiscais no longo prazo preocupam

Assessoria de Imprensa
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Imagem ilustrativa (Foto: Marcelo Camargo/ABr)

A alta do dólar, que atingiu o seu maior patamar em dois anos e meio na semana passada, pode afetar a indústria da aviação e trazer consequências negativas para o turismo doméstico. Atualmente, cerca de 60% dos custos das companhias aéreas — envolvendo gastos com combustível, aluguel e manutenção — estão atrelados à moeda.

Para a Federação do Comércio de Bens, Serviços e Turismo do Estado de São Paulo (FecomercioSP), essa elevação poderá pressionar os preços internos e dificultar as viagens dentro do País.

Embora não haja sinais dessa tendência no curto prazo — e seja verdade que a valorização do dólar também torne os destinos internacionais menos atrativos, favorecendo o deslocamento regional —, passagens aéreas mais caras causariam impactos significativos para o Turismo em geral, sobretudo o corporativo.

O público dessa modalidade tem como característica a necessidade de realização de viagens para participar de eventos e feiras de negócios, ou visitas a clientes e filiais, pelo território nacional. Por outro lado, contribui para o mercado de turismo de proximidade (para destinos de curta e média distâncias), por meio da locação de veículos, de ônibus ou do próprio carro.

A taxa de juros norte-americana, que permanece em patamar elevado, tem gerado uma depreciação global das moedas, não sendo um movimento exclusivo no Brasil. No entanto, a moeda brasileira é uma das mais desvalorizadas nos últimos meses, o que mostra a necessidade de olhar para os desafios internos, sobretudo para a política fiscal e o equilíbrio das contas públicas.

Diante da falta de perspectiva sobre os gastos do governo e com a taxa de juros dos Estados Unidos permanecendo como está, a tendência é que o dólar, pelo menos até o fim do ano, continue pressionado. Nesse cenário, consumidores e empresários precisam agir de forma estratégica no período, avaliando demandas e público.

O levantamento que avalia o Faturamento do Turismo Nacional, elaborado mensalmente pela FecomercioSP, apontou que, em abril, o setor faturou R$ 15,7 bilhões, registrando uma alta de 4,7% em comparação ao mesmo período do ano passado. O segmento com maior faturamento no mês foi justamente o de transporte aéreo, com R$ 3,73 bilhões e alta anual de 3,7%. De acordo com a Agência Nacional de Aviação Civil (Anac), o número de passageiros por quilômetros transportados foi o maior desde 2015.

A oferta de assentos por quilômetro também cresceu, segundo a Anac, apontando o maior nível desde 2012. Foi um movimento importante de recuperação da oferta aérea, reduzindo a pressão sobre os preços das passagens, que, agora, podem encarecer novamente pela disparada do dólar. Uma ponderação relevante é que a inflação do setor vem demonstrando uma trégua em relação ao ano passado. Isso torna o volume de turistas que estão viajando de avião, hospedando-se em hotéis e alugando carros mais relevante, para o faturamento geral, do que os valores despendidos nas atividades turísticas.

Para se ter uma ideia, a inflação do Turismo, calculada pela FecomercioSP com base nas informações do Índice de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA), foi de 0,7%, no acumulado dos últimos 12 meses (até abril). Há um ano, essa variação era de 21,5%. Em maio, houve elevação média nos preços de 1,45% [tabela 1], e o acumulado subiu para 8,4%, ainda num nível razoável diante do registrado nos últimos dois anos.