Dólar fecha perto da estabilidade com preocupação fiscal e leilões do BC

Folhapress

SÃO PAULO, SP (FOLHAPRESS) – Nova atuação do Banco Central no câmbio trouxe alívio à cotação do dólar nesta terça-feira (17), mas preocupações com o ajuste fiscal no Brasil amenizaram a queda da moeda americana no final do dia.
O dólar comercial, utilizado em transações de comércio exterior, teve leve recuo de 0,02%, para R$ 3,817 na venda. Já o dólar à vista, referência no mercado financeiro, cedeu 0,43%, para R$ 3,809. Entre as 24 principais moedas emergentes do mundo, o dólar perdeu força sobre 11.
O Banco Central vendeu nesta tarde US$ 500 milhões com compromisso de recompra em 4 de abril e 5 de julho de 2016. A operação ocorreu em duas etapas: um primeiro leilão entre 15h15 e 15h20, e um segundo entre 15h30 e 15h35.
Leilões deste tipo fazem parte da estratégia do BC de fornecer recursos para a demanda sazonal de fim de ano, quando aumenta o valor enviado ao exterior para pagamento de dívidas e remessas de lucros, por exemplo.
A autoridade também deu continuidade aos seus leilões diários de swaps cambiais para estender os vencimentos de contratos que estão previstos para o mês que vem. A operação, que equivale a uma venda futura de dólares, movimentou R$ 582 milhões.
No mercado de juros futuros, as taxas dos contratos acompanharam o câmbio e fecharam majoritariamente em queda na BM&FBovespa. O contrato de janeiro de 2016 caiu de 14,210% a 14,190%. Já o DI para janeiro de 2021 apontou taxa de 15,590%, ante 15,570% na sessão anterior.
CENÁRIO POLÍTICO
Internamente, os olhos seguem voltados ao cenário político do Brasil. Em entrevista à Folha de S.Paulo, o ex-presidente do Banco Central Armínio Fraga afirmou que, com ou sem Joaquim Levy no Ministério da Fazenda, o Brasil caminha para o “caos profundo” se não mudar de rota.
O mercado monitorou com apreensão a votação da mudança na meta de superavit primário de 2015, que foi aprovada no final da tarde pela Comissão Mista de Orçamento. A medida permite que o governo possa mostrar deficit primário de até R$ 117 bilhões em 2015.
Ainda está prevista para esta terça-feira a análise pelo Congresso dos vetos presidenciais às chamadas “pautas-bomba”, com destaque para o reajuste dos servidores do Judiciário.
Ainda no cenário fiscal, os investidores digeriram a notícia de recuo de 11,3% na arrecadação federal em outubro, na comparação com o mesmo mês do ano passado. O resultado levanta mais dúvidas sobre a capacidade do governo de controlar suas contas.
JURO AMERICANO
No exterior, dados mistos da economia americana voltaram acrescentaram cautela sobre uma possível elevação dos juros nos EUA na próxima reunião de política monetária do Federal Reserve (banco central americano), em dezembro.
A expectativa é que a alta dos juros provoque uma fuga de recursos aplicados em países emergentes para os Estados Unidos, encarecendo o dólar. Isso porque a mudança deixaria os títulos do Tesouro americano, cuja remuneração reflete a taxa, mais atraentes que aplicações em emergentes, considerados de maior risco.
O índice de preços ao consumidor americano cresceu pela primeira vez em três meses em outubro, com alta de 0,2%, ante recuo de 0,2% em setembro. O resultado veio em linha com o esperado. Já a produção industrial dos EUA surpreendeu negativamente ao cair pelo segundo mês consecutivo em outubro, com recuo de 0,2%, depois da baixa de 0,2% em setembro.
AÇÕES EM ALTA
O principal índice da Bolsa brasileira acompanhou o bom humor visto nos mercados acionários europeus e americanos e fechou no azul. O Ibovespa subiu 0,86%, para 47.247 pontos.
O ganho do Ibovespa foi sustentado pela alta das ações de bancos -setor com maior participação no índice. O Itaú viu suas ações subirem 0,70%, para R$ 28,61 cada uma, enquanto o Bradesco registrou valorização de 3,73%, a R$ 22,50. Já o Banco do Brasil teve alta de 1,79%, para R$ 17,61.
O desempenho positivo da Petrobras também colaborou para sustentar o avanço do Ibovespa. A estatal viu sua ação preferencial, mais negociada e sem direito a voto, avançar 0,78%, para R$ 7,76. A ordinária, com direito a voto, subiu 0,43%, para R$ 9,42.
Em sentido oposto, as ações preferenciais da Vale recuaram 3,44%, para R$ 12,07, na esteira da queda nos preços do minério de ferro no mercado internacional. Os papéis ordinários da companhia tiveram baixa de 3,52%, para R$ 14,52 cada um.
A empresa também continua sendo afetada negativamente pelo rompimento de barragens da mineradora Samarco, joint venture da Vale com a australiana BHP. A tragédia paralisou a unidade da empresa em Mariana (MG), além de ter deixado mortos e desaparecidos.