É preciso primeiro surgir um empreendimento que atraia novos moradores até determinado local? Ou então é necessário que surja um grande mercado na frente, abrindo caminho? Essa é uma questão quando se fala em infraestrutura urbana, com acesso fácil a supermercados, farmácias, padarias, escolas e outros serviços e em valorização imobiliária.
Na visão de Carlos Eduardo Canto, presidente da Confraria Imobiliária de Curitiba, com 48 anos de experiência no mercado de imóveis da capital, quem costuma “desbravar” as regiões em valorização são os empreendimentos imobiliários.
“Os moradores das grandes cidades, em virtude do trânsito, querem se beneficiar sempre de uma infraestrutura próxima de casa. Quando isso é possível, acaba tendo uma valorização maior do imóvel. Hoje, isso ocorre em vários bairros de Curitiba. Apesar de ser um ciclo virtuoso, em que um incentiva o outro, podemos dizer que primeiro é preciso atrair os moradores para uma região, para que então o comércio acompanhe aquele fluxo. Os empreendimentos acabam sendo pioneiros desse modelo”, afirma.
Segundo Canto, um exemplo em destaque é a região do Ecoville. “Antigamente, o Ecoville não era muito desejado, porque não havia comércio próximo, mas isso mudou. Hoje quem tem comércio ali tem um potencial enorme nas mãos. Precisa de demanda também. E os supermercados atuam desta forma, já que precisam de gente comprando. Onde estão saindo muitos empreendimentos, é normal que o comércio seja atraído. Os malls e centros comerciais também estão em alta e facilitam muito a vida dos vizinhos de bairro”, reforça.
Bairros e empreendimentos: ligações
Segundo o especialista, o mercado imobiliário depende muito dessa ligação entre os bairros e seus empreendimentos. “Percebemos também que a região das Mercês está crescendo bastante, com aptidão grande para a área da saúde, surgindo mais prédios para consultórios, e muitas casas sendo reformadas. É uma região central, mas ainda sem um comércio pujante. O próprio Ahú está crescendo nesse sentido, com mais comércio ao redor do Museu Oscar Niemeyer, da OAB e das novas varas estaduais e federais. Também na Avenida Nossa Senhora da Luz, vemos comércio de rua a todo vapor. E os empreendimentos tem sido o desejo dos moradores”, acrescenta Canto.
Redes Festval e Jacomar em expansão
Outro exemplo recente é o novo supermercado da Rede Festval na Avenida Presidente Kennedy, e a próxima unidade que será inaugurada na Rua Itupava, esquina com a Rua Padre Germano Mayer. “Temos aberturas previstas para os próximos meses em Curitiba na Avenida Batel, no Alto da XV, Cabral, Bacacheri. E também no Shopping Catuaí, em Cascavel”, antecipa Altamir Sossela, diretor de operações e expansão da Rede Festval.
Segundo Sossela, quando uma nova loja está para ser aberta, são levados em conta os fatores populacionais e de renda média da população daquela localidade. Recentemente, a rede reinaugurou o Festval Barigui, que passou por revitalização e novo layout. Também foram incluídas novas opções de serviço, como um restaurante, cafeteria, adega ampliada e uma nova configuração dos espaços internos, com novidades no setor de açougue e nos frios e fatiados.
Essa visão é compartilhada por Harri Pankratz, CEO do Grupo Jacomar, que vai encerrar 2024 com 20 supermercados, três postos de combustível e um centro de distribuição. “Estamos bem localizados nas cidades onde atuamos: São José dos Pinhais, Piraquara, Pinhais, Curitiba e Fazenda Rio Grande. Nossas lojas possuem um público fiel e todas performam positivamente. Pretendemos continuar crescendo em Curitiba e Região Metropolitana, com crescimento sustentável, abrindo em média duas lojas ao ano”, conta.
Em relação à abertura de novas unidades, Harri afirma que são considerados os fatores populacionais e demográficos, potencial de crescimento da região, perfil do cliente (classe social e renda média), além da concorrência local.
