Não há evidências de um processo de dominância fiscal, afirma diretor do BC

Estadão Conteúdo

O diretor de Política Econômica do Banco Central, Diogo Guillen, disse nesta quinta-feira, 24, que não há evidências de um processo de dominância fiscal – quando o BC se veria impedido de aumentar juros, devido ao impacto disso sobre a dívida pública – no Brasil. “Para ter dominância fiscal, você precisa ter um banco central que é passivo nos dados, e nós não temos isso, e com certeza não teremos”, afirmou Guillen, em um evento organizado pelo banco Citi, em Washington, DC. “Não vejo os ingredientes de uma dominância fiscal.”

Pouco antes, Guillen apresentou um estudo detalhando impactos de anúncios fiscais na curva de juros e a sua transmissão às condições financeiras. Ele explicou que, em alguns casos, mesmo uma política fiscal mais contracionista pode tornar-se inflacionária.

O diretor do BC acrescentou que a incerteza sobre a meta de inflação foi completamente dissipada no Brasil após a adoção da meta contínua, com centro de 3% e tolerância de 1,5 ponto porcentual para mais ou para menos. Isso ajudou a ancorar as expectativas, ele afirmou, embora elas tenham se movido mais recentemente.

“Elas aumentaram um pouco devido a uma mudança nas condições correntes da inflação, uma mudança em como as pessoas perceberam a política monetária na primeira metade do ano, a política fiscal”, disse ele. “Algumas coisas podem ter impactado as expectativas de inflação, e nós enfatizamos a desancoragem das expectativas.”