O petróleo fechou em queda de mais de 1% nesta sexta-feira, apagando os ganhos obtidos no início da semana, que haviam alçado os preços do WTI e do Brent aos maiores níveis desde julho. O movimento reflete preocupações sobre a demanda global, colocando em segundo plano dados norte-americanos que consolidaram expectativa por cortes de juros pelo Federal Reserve (Fed, o banco central norte-americano).

Na New York Mercantile Exchange (Nymex), o petróleo WTI para setembro encerrou em baixa de 1,93% (US$ 1,51), a US$ 76,65 o barril, enquanto o Brent para outubro, negociado na Intercontinental Exchange (ICE), fechou em queda de 1,68% (US$ 1,36), a US$ 79,68 o barril.

Na semana, o WTI recuou 0,25% e o Brent teve alta marginal de 0,03%.

Os preços do petróleo operavam em baixa desde o início da manhã, mas aceleraram queda e chegaram a perder mais de 2%, enquanto digeriam comentários do presidente do Fed de Chicago, Austan Goolsbee.

O dirigente expressou preocupação em relação a sinais de recessão nos EUA e, nesta tarde, reiterou que o BC norte-americano precisa ser cauteloso com o nível crescente da taxa de desemprego.

Isso adicionou ímpeto aos receios de investidores da commodity sobre deterioração da demanda global, colocando em segundo plano dados de construções e sentimento econômico do consumidor nos EUA, que impulsionaram expectativas de cortes de juros pelo Fed.

Na visão do TD Securities, as vendas nos contratos de petróleo sugerem que investidores se desfizeram de posições longas e projeta que há escopo para vendas ainda maiores nos contratos do petróleo WTI na próxima semana.

“Nossas análises sugerem que o prêmio de risco relacionado a oferta de energia também está desaparecendo dos mercados novamente, indicando que os operadores desconsideram risco de ataques geopolíticos no fim de semana”, estima o banco de investimentos.

O Commerzbank prevê que, sem uma nova escalada das tensões no Oriente Médio, os preços do petróleo devem passar a operar praticamente de lado. O banco alemão nota que há decepção de investidores especialmente em relação a dados fracos de demanda da China, o que se sobrepõe ao consumo robusto de gasolina nos EUA, sinalizado por relatórios de estoques norte-americanos.

“Esse cenário nos levou a cortar nossas projeções e agora esperamos que o Brent termine 2024 em US$ 85 por barril”, avalia o Commerzbank, acrescentando que esse cálculo já considera riscos geopolíticos e assume que a Organização de Países Exportadores de Petróleo e aliados (Opep+) manterá os cortes voluntários na produção até o fim do ano. “Ainda há risco de oferta demasiada e queda indesejável nos preços devido a enfraquecimento da demanda no quarto trimestre”, alerta o banco.

Nesta semana, a Opep e a Agência Internacional de Energia (AIE) também cortaram suas projeções para a demanda global de petróleo, em relatórios mensais.