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Compra online (Foto: Marcello Casal Jr/Agência Brasil)

Os criadores de conteúdo nas redes sociais têm cada vez mais poder para influenciar o comportamento de consumo das pessoas. No entanto, é fundamental que o consumidor verifique se o produto avaliado e recomendado atende às normas nacionais e internacionais de boas práticas de fabricação e se é seguro para uso. Esse alerta é dado por Patrícia Hellmeister, Diretora de Certificação de Produtos na TÜV Rheinland.

Segundo uma pesquisa realizada pela LTK, consultoria que apoia influenciadores na profissionalização de sua atividade, e pelo Retail Analytics Council, instituição norte-americana que avalia o impacto da tecnologia no varejo, o mercado de marketing de influência mundial é de US$ 21 bilhões. O levantamento também aponta que 73% da geração Z (nascidos entre 1995 e 2009), 68% dos millennials (nascidos de 1984 a 1995) e 57% da população geral recorrem aos influenciadores digitais antes de tomar uma decisão de compra.

No Brasil, o trabalho dos criadores de conteúdo também influencia o consumo. Segundo a pesquisa “A Black além da Black”, produzida pela Spark, agência de marketing de influência, e pela MindMiners, empresa de soluções digitais para pesquisa, ao menos 36% dos consumidores brasileiros compraram algum produto por recomendação de influenciadores na Black Friday de 2023. A análise foi feita com 2 mil pessoas, e entre os produtos mais adquiridos, 58% responderam equipamentos eletrônicos, 43% eletrodomésticos e 40% produtos de beleza e cuidados pessoais.

“O trabalho dos criadores de conteúdo permite às pessoas conhecerem um produto sem nunca tê-lo visto pessoalmente, e muitas vezes o consumidor pode comprar produtos de fabricantes que nunca ouviu falar, não operam no Brasil e não são certificados”, avalia Patrícia.

Normas geram segurança ao consumidor

Entre os produtos mais adquiridos estão equipamentos eletrônicos, eletrodomésticos e produtos de beleza e cuidados pessoais. Existem normas nacionais e internacionais para atestar a qualidade e segurança desses produtos. “O selo do Inmetro é um exemplo. Ele garante que o produto foi testado e aprovado em critérios de segurança, reduzindo o risco de acidentes e danos ao consumidor.”, completa.

No caso dos equipamentos eletrônicos, eletrodomésticos e aparelhos elétricos para cuidados da pele ou cabelo, incluindo os usados em salões de beleza, o Instituto Nacional de Metrologia, Qualidade e Tecnologia (Inmetro) possui a Portaria nº 148, de 28 de março de 2022, que estabelece os critérios e procedimentos de avaliação da conformidade e visa a segurança e prevenção de acidentes no uso dos equipamentos.

“Para que possa receber o selo do Inmetro, o equipamento passa por uma série de ensaios e avaliações realizadas por organismos acreditados que confirmam que o equipamento segue os requisitos estabelecidos pelo Instituto”, explica Patrícia.

A portaria também estipula os documentos complementares para a certificação do produto, incluindo a necessidade de seguir regulamentos da Associação Brasileira de Normas Técnicas (ABNT) e da International Electrotechnical Commission (IEC), como a ABNT NBR NM 60335-1:2010 e a IEC 60335-1:2006 (Ed. 4.2), que versam sobre a segurança de aparelhos eletrodomésticos e similares.

“Além destas, existem outros regulamentos específicos para cada segmento de produto, como o IEC 60335-2-8:2018, focado em barbeadores, máquinas de cortar cabelo e aparelhos similares, e o IEC 60335-2-23:2019, que trata da segurança de aparelhos elétricos para o cuidado da pele ou cabelo de pessoas ou animais, como alisadores de cabelo e modeladores de cachos”.

Uma das preocupações do especialista está ligada às compras feitas por meio de importação direta de produtos que não têm um representante no Brasil. “A Portaria do Inmetro atribui responsabilidade ao fabricante, importador e comércio físico e virtual. Isso aumenta a segurança para quem compra um produto no país, pois ele só pode ser comercializado se tiver o selo. Mas o consumidor que adquire um produto com um varejista do exterior pode estar correndo mais riscos de comprar um aparelho que não foi submetido a testes para verificar sua segurança”, enfatiza.