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Em setembro de 2024, o projeto Solária atingiu a marca de 100 mil horas economizadas com o trabalho de seus robôs apenas no Tribunal Regional do Trabalho da 9ª Região (TRT-PR). O número representa a jornada de oito horas de trabalho de um servidor durante 52 anos ou o equivalente ao trabalho de 13 servidores por mês durante três anos. O Solária é uma família de robôs que atuam para realizar tarefas repetitivas dentro do Processo Judicial Eletrônico (PJe), plataforma em que tramitam os processos trabalhistas no Brasil.

Lançado em janeiro de 2021, o primeiro robô – o RJ1 – criado para o agendamento automático das audiências na plataforma Zoom, é o campeão em economia de trabalho: foram 58 mil horas economizadas no agendamento de 315 mil audiências. No ano da criação, dez robôs do Solária entraram em funcionamento e, desde então, a família de robôs foi ampliada e hoje está representada por 21 membros.

Atualmente, os robôs criados para o 2º grau possuem 100% de adesão nas turmas e gabinetes e, dentre os robôs criados para o 1º grau, o RJ1, RJ6, RJ12 e RJ9 são os eleitos pelas unidades como os que trazem maior benefício. Na visão de Elaine Cristina Gerlach, secretária da 1ª turma, “algumas telas do PJE no 2º grau ainda estão nas primeiras versões do programa e o Solária, em especial o RJ2 e RJ20, contribuiu muito com a diminuição de cliques e de trabalhos repetitivos, uniformizando procedimentos e trazendo celeridade. Resultou desde a implantação em segurança e economia de horas de trabalho, diminuindo o prazo médio de duração dos processos”.

A 1ª Vara do Trabalho de Curitiba é uma das maiores usuárias do programa e, na perspectiva do diretor de secretaria, Claudio Gerson de Oliveira “a utilização dos robôs contribui para a celeridade da prestação jurisdicional, na medida em que possibilita reduzir, ou até mesmo eliminar, o ‘tempo morto’ dos processos, período em que o processo fica parado, aguardando movimentação”. E exemplifica: “Na nossa Unidade, a intimação das partes para manifestação sobre os cálculos em fase de liquidação é realizada pelo RJ21, sem qualquer intervenção humana. O ‘tempo morto’, nesse caso, é zero. Em outras circunstâncias, o RJ21 pode atuar da mesma forma ao gerar CHIP, visando ao cumprimento urgente de tarefas, tais como a expedição de alvarás, ofícios ou intimações”.

Recentemente, foram desenvolvidos dois novos robôs que contribuíram com o alcance desta meta. O RJ13, que rastreia a petição inicial para identificar casos de segredo de justiça com amparo na Lei 14.283/2022, passou a identificar também casos de assédio eleitoral na forma da Resolução CSJT 355/2023, contribuindo para identificação do assédio eleitoral nas relações de trabalho.

Outro integrante recém-nascido é o RJ25 que permite a Secretaria de Precatórios informar a tramitação dos precatórios por meio da juntada automática dos despachos proferidos pelo setor nos autos originários. A família de robôs tem a expectativa de agregar novos membros num breve futuro. No Encontro Anual de Diretores e Assistentes de 2ª Grau, realizado em junho deste ano em Curitiba, os participantes apresentaram propostas de dez novos robôs que já estão sendo analisados e desenvolvidos pelas equipes de negócios e de tecnologia do Solária.

De acordo, com o juiz Bráulio Gabriel Gusmão, coordenador da Comissão de Assessoramento, Acompanhamento e Apoio das Soluções de Automação dos Produtos Digitais da Área Judiciária (CAAAS-JUD) no âmbito do Tribunal Regional do Trabalho da 9ª Região e secretário-geral do Conselho Superior da Justiça do Trabalho, “temos muitas oportunidades de automação no Poder Judiciário, ainda que sem qualquer solução de inteligência artificial, como é o caso dos atuais robôs do projeto Solária. Obviamente, a partir do momento que começarmos a utilizar IA a tendência de crescimento será exponencial. Não há limites para o que os robôs podem fazer”.