Tombini vê inflação em queda com manutenção dos juros no nível atual

Folhapress

EDUARDO CUCOLO
BRASÍLIA, DF – O Banco Central está mais preocupado com a recuperação da economia mundial e mais otimista em relação à inflação no Brasil.
Essas foram as principais mensagens passadas pelo presidente da instituição, Alexandre Tombini, em entrevista ao órgão de comunicação interna da instituição “Conexão Real”.
Em relação à inflação, uma das principais afirmações de Tombini foi a de que, mantidas as condições monetárias, “a inflação tende a entrar em trajetória de convergência para a meta [de 4,5%] ao longo do horizonte relevante para a política monetária”, ou seja, no período que vai até junho de 2016.
A frase resume as projeções apresentadas pela instituição no seu Relatório de Inflação publicado na última quinta-feira (26).
JUROS
Segundo o relatório, mantida a taxa básica nos atuais 11% ao ano, o IPCA (índice oficial de preços ao consumidor) deve chegar ao pico de 6,6% em setembro deste ano e continuar próximo de 6% até setembro de 2015. A partir daí, iniciaria uma trajetória de queda para 5,1% em junho de 2016.
Com base no relatório, vários economistas disseram que caiu a possibilidade de novo aumento dos juros este ano.
Também passaram a avaliar que surgiu a possibilidade de o BC promover cortes de juros após as eleições, embora o entendimento predominante seja o de que essa hipótese ainda é remota.
ALIMENTOS
O presidente do BC disse ainda que o choque de preços de alimentos está “se dissipando e revertendo”, com redução de preços no atacado “que começa a se traduzir em beneficio para o consumidor”.
Tombini, que participou neste fim de semana de reunião do BIS (Banco de Compensações Internacionais), em Basileia (Suíça), afirmou que a principal mudança no cenário internacional é a recuperação “um pouco mais lenta do que se antecipava há pouco tempo”.
Ele afirmou, entretanto, que não se trata de uma reversão semelhante à da crise na Europa de 2011. Naquela época, o BC brasileiro interrompeu um ciclo de alta de juros e começou a cortar a taxa básica (Selic), usando como principal argumento o cenário externo.