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(Foto: Marcelo Camargo/Agência Brasil)
Em algum momento da vida, muitos profissionais podem se deparar com a encruzilhada da transição de carreira, um processo tão labiríntico quanto a própria existência. Não se trata apenas de mudar de emprego, mas de redefinir-se, de reescrever a narrativa de quem somos e quem desejamos ser. A pergunta primordial é: como se preparar para essa metamorfose?

O gestor de carreira, Virgilio Marques dos Santos, afirma que a preparação para uma transição de carreira começa antes mesmo de qualquer decisão prática. Ele explica que cada uma exige abordagem única, mas todas compartilham três passos principais: a necessidade de autoconhecimento, planejamento estratégico e comunicação clara.

“É preciso entender profundamente o que motiva essa mudança. Talvez seja o descontentamento com o status quo, a necessidade de novos desafios ou o desejo de alinhar a vida profissional com os valores pessoais. Independentemente da razão, o primeiro passo é introspectivo: entender o que, de fato, se busca”, diz.

Uma vez que a decisão de mudança é tomada, a próxima questão, segundo Santos, é como fazer a transição de forma estratégica. O gestor lembra que transições bem-sucedidas não são impulsivas; elas são cuidadosamente planejadas. Por isso, de acordo com Santos, é essencial mapear as habilidades atuais, identificar quais serão necessárias na nova jornada e, então, buscar a qualificação necessária.

A transição pode exigir novos estudos, um retorno à academia ou até mesmo um período de experiência em outra área, como voluntariado ou freelancer. A preparação é, em grande parte, uma questão de pavimentar o caminho para o futuro desejado.

“Certa vez, fiz uma transição sem planejamento, apenas cedendo à pressão de uma antiga parceira. Resultado: perdi mais de 2 milhões de reais, 5 anos da minha vida e o relacionamento. Portanto, não faça como eu, porque gastar 5 anos para chegar no mesmo patamar em que estava não é algo gostoso”, relata.

Por fim, a comunicação – afinal, como transmitir essa mudança?

Dizer que está em transição de carreira pode ser um desafio, “especialmente em uma cultura que valoriza a estabilidade”, diz Santos. O gestor, no entanto, lembra que é crucial ser honesto e transparente, tanto consigo mesmo quanto com os outros. “Ao comunicar a transição, enfoque na visão de futuro, nas razões que impulsionam a mudança e nos passos que estão sendo dados para alcançá-la. Esses cuidados, segundo Santos, irá ajudar a solidificar a decisão perante os outros e a fortalecer o compromisso com a nova direção.

O gestor ressalta que há muitos tipos de transições de carreira, cada uma com suas particularidades. Ele cita desde as mudanças radicais, como passar de uma carreira corporativa para o empreendedorismo, até a transições dentro do mesmo campo, como evoluir de um cargo técnico para um papel de liderança.

“De qualquer forma, é um movimento entre o velho e o novo, onde se equilibra a experiência adquirida com a abertura para novas possibilidades. Não se trata de abandonar o passado, mas de usá-lo como alicerce para construir o futuro. Cada passo deve ser dado com cuidado, mas com a coragem de quem sabe que a mudança é inevitável e, muitas vezes, desejável”, aconselha.

Para Santos, tanto na vida, quanto na carreira, as transições são inevitáveis. Essas alterações de rota, na opinião do gestor, são o motor que impulsiona adiante, “que nos força a crescer, a nos adaptar e a encontrar nosso verdadeiro propósito. Passar por elas com sabedoria é um dos maiores desafios e, ao mesmo tempo, uma das maiores oportunidades que a vida nos oferece”, finaliza.

Virgilio Marques dos Santos é um dos fundadores da FM2S, gestor de carreiras, doutor, mestre e graduado em Engenharia Mecânica pela Unicamp e Master Black Belt pela mesma Universidade. TEDx Speaker, foi professor dos cursos de Black Belt, Green Belt e especialização em Gestão e Estratégia de Empresas da Unicamp, assim como de outras universidades e cursos de pós-graduação. Atuou como gerente de processos e melhoria em empresa de bebidas e foi um dos idealizadores do Desafio Unicamp de Inovação Tecnológica.