O Nobel de Química de 2024 foi concedido a três cientistas que usam a inteligência artificial para decifrar a estrutura das proteínas. Um deles é David Baker, da Universidade de Washington (EUA), e os outros dois laureados são Demis Hassabis e John M. Jumper, do Google DeepMind, uma empresa britânica focada em soluções que usam a IA, comprada pelo Google em 2014.

A dupla de cientistas que atua no Reino Unido usou a inteligência artificial para resolver um problema de mais de cinco décadas da bioquímica: antecipar como são as estruturas complexas de proteínas e aminoácidos. Eles desenvolveram o bem-sucedido programa computacional AlphaFold 2 e os avanços científicos desses estudos tornaram possível prever a estrutura de mais de 200 milhões de proteínas conhecidas.

Baker, por sua vez, foi capaz de desenvolver um modelo para criar proteínas inteiramente novas – em alguns casos, com funções totalmente novas também. No fim dos anos 1990, ele começou a desenvolver o software Rosetta, cuja publicação dos resultados ocorreu em 2003. Ele também liberou o código do programa para a comunidade científica.

“O trabalho dos pesquisadores que ganharam o prêmio de Química resolveu um dos grandes desafios da Biologia. O código genético antecipa o que serão as proteínas por ele codificadas, e a estrutura das proteínas é o que vai determinar a sua funcionalidade. E essa relação entre a sequência dos aminoácidos decorrentes do código genético e a estrutura das proteínas foi resolvida por esses pesquisadores”, afirmou Glaucius Oliva, do Instituto de Física de São Carlos e vice-presidente da Academia Brasileira de Ciências para a Regional São Paulo.

“Isso tem grandes impactos em todas as áreas de saúde, medicamentos, a compreensão de como funcionam as vacinas, anticorpos monoclonais para o tratamento do câncer, tudo isso cada vez mais está avançando com essa tecnologia que eles desenvolveram”, acrescentou Oliva.

Prodígio

Demis Hassabis foi uma criança prodígio e desenvolvedor de games antes de se dedicar ao estudo das proteínas. Ele começou a jogar xadrez com apenas 4 anos e aos 13 já tinha alcançado o nível de mestre (o terceiro mais alto). Em 2009, conseguiu o PhD pela University College London. Ele ainda estabeleceu uma nova teoria sobre a forma como o cérebro cria e mantém os contextos das lembranças como uma peça-chave para resgatar memórias.

As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.