A investigação da Operação Face Off, que colocou o Ministério Público de São Paulo no encalço dos policiais civis Valdenir Paulo de Almeida, o “Xixo”, e Valmir Pinheiro, conhecido como “Bolsonaro”, por suspeita de receberem propina do tráfico de drogas, descortinou um segundo esquema criminoso supostamente envolvendo os investigadores, o de agiotagem.

Até a publicação deste texto, o Estadão buscou contato com as defesas, mas sem sucesso. O espaço está aberto para manifestação.

Os policiais do Departamento de Prevenção e Repressão ao Narcotráfico (Denarc) estariam por trás de empréstimos informais de dinheiro a juros mediante taxas abusivas.

Planilhas de contabilidade foram encontradas pelos investigadores e indicam transações de mais de R$ 1,5 milhão.

Em um dos casos, a taxa de juros cobrada chegou a 20%. Uma das testemunhas ouvidas no inquérito relatou que os policiais ameaçaram tomar o apartamento onde ele morava com a mulher, no bairro Cambuci, na região central de São Paulo, por causa dos juros em aberto.

“Falaram pra mim: ‘Olha, o apartamento lá não é mais seu, tá? Você tem duas escolhas, você sai de lá ou você paga o aluguel”, relatou a testemunha no depoimento.

Os policias foram denunciados por organização criminosa, corrupção, lavagem de dinheiro e usura.

O Ministério Público afirma que eles cobravam juros sobre dívidas em dinheiro “em valor superior à taxa permitida por lei, por meio da troca de cheques, transferência de propriedade sobre imóvel, e cobranças abusivas”.

Valdenir e Valmir Pinheiro estão presos. Eles também são acusados de receber R$ 800 mil em propina de traficantes para arquivar uma investigação.