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Foto: Franklin de Freitas

O candidato do União a prefeito de Curitiba, Ney Leprevost, foi o terceiro entrevistado da Sabatina Bem Paraná. Na conversa com as jornalistas Martha Feldens, Roberta Canetti e Lenise Aubrift Klenk, o candidato confirmou que vai implantar a tarifa de R$ 5 já no primeiro semestre de 2025 caso seja eleito. 

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Também falou sobre a proposta para resolver a questão dos moradores em situação de rua que, para ele, é uma dos problemas mais graves da cidade no momento.

Martha Feldens – Eu vou entrar de cara num assunto já mais espinhoso. Você tem dito que concorre contra candidatos das máquinas públicas, as máquinas da Prefeitura e do Estado, no caso do candidato Eduardo Pimentel (PSD) e a máquina federal, no caso do Luciano Ducci (PSB). Onde que você percebe que esse apoio das máquinas favorece a eles e te prejudica, vamos dizer assim, e quais as dificuldades que você sente na hora de enfrentar esses candidatos?
Ney Leprevost –
Veja, Marta, o apoio das máquinas favoreceu muito esses candidatos, principalmente no momento em que eles montaram as suas coligações. Nos bastidores existe uma composição de cargos, o que não é ilegal, mas de certa forma, fere o princípio da igualdade de direitos entre os competidores da eleição. Eu entendo que a lei eleitoral precisa de mudanças no Brasil. Nós precisamos, com urgência, uma reforma política. Eu, por exemplo, considero absurdo um candidato ter quatro vezes mais tempo do que eu. Como considero absurdo alguns candidatos não terem nenhum tempo na televisão. Esse critério, a meu ver, está errado. Assim como está errada também a distribuição do fundo eleitoral. Deveríamos ter o mesmo tempo de televisão para todos e o mesmo valor do fundo eleitoral, que afinal de contas é pago pelo povo, é dinheiro do contribuinte para financiar a democracia igual para todos. Eu acho uma injustiça, por exemplo, não que eu seja aliado dele, mas acho uma injustiça, por exemplo, um ex-governador Requião não poder aparecer na televisão no programa eleitoral. Acho uma injustiça a Cristina Graeml, não concordo com tudo que ela fala, mas acho uma injustiça ela não poder expressar as suas ideias no programa eleitoral.

Roberta Canetti – Em função da polarização muito acentuada e uma confusão até generalizada sobre o que é a esquerda e a direita política no Brasil. Às vezes não só políticos, mas o eleitor mesmo faz associações que chegam a ser engraçadas de pessoas que são antipetistas e estão sendo chamadas de esquerdistas. A gente tem visto isso acontecer. O que eu quero saber é como você vê isso E se a escolha da sua vice, da Rosângela Moro, faz parte de uma estratégia de descolar totalmente a sua imagem do governo Lula e Jair Bolsonaro.  Você é um antipetista?
Leprevost –
A União Brasil nasceu lá atrás de uma aliança entre o PSL, que era o partido do Bolsonaro, e o DEM, que foi capitaneado na época pelo ex-governador, pelo atual governador de Goiás, o Ronaldo Caiado, e o ex-prefeito de Salvador, o A.C. Emineto. Quando eu era deputado federal, União Brasil era, você vê como é que é a política, um dos maiores partidos da base do então presidente Jair Bolsonaro. As notícias que eu tenho, nacionais, sobre a União Brasil dão conta de que a bancada não tem votado unida lá. Dão conta de que 60% da bancada tem votado contra o governo do PT na maioria das questões, principalmente naquelas que têm a ver com questões identitárias, com questões que são mais pertinentes à pauta da esquerda, e 40% têm votado com o governo federal. De qualquer forma, eles têm lá alguns ministros filiados à União Brasil, em ministérios medianos, eu diria, não muito importantes. O que acontece aqui no Paraná e por que a União Brasil é um partido que serve para as minhas aspirações? Os diretórios da União Brasil têm, por parte da direção nacional do partido, independência. Têm liberdade para tomar a posição ideológica que desejem. Eu não sou um político ligado a ideologias, nunca fui. Eu sou um homem de ideias e de ideais. Eu quero fazer as coisas pela população. O hospital que a gente precisa construir, ele não é de esquerda nem de direita. A creche não é de esquerda nem de direita. Quanto à doutora Rosângela Moro, A indicação dela para vice foi uma sugestão do presidente nacional do União Brasil, o António Rueda, feita a mim e ao jovem deputado Filipe Francischini, que é o presidente estadual do União Brasil aqui no Paraná. Eu também gostei da ideia, porque a gente quer recuperar para o Paraná pessoas que têm talento e que foram para outros estados. Eu achei uma pena quando a doutora Rosângela foi ser candidata lá em São Paulo. Depois eu fiquei sabendo, nem foi ela que me disse, que isso foi uma estratégia para não atrapalhar a candidatura do Deltan Dallganol aqui, porque a Lava Jato achava que fazia um deputado federal, não dois. Até tive que perguntar para ela se procede essa informação, mas parece coerente até esse argumento. Eles estavam lançando em mais de um estado para formar uma bancada Lava Jatista. Agora, eu sendo prefeito, eu trago de volta a doutora Rosângela para o Paraná e acho muito bom tê-la meu lado, porque ela é uma pessoa que eu já conhecia mesmo antes de conhecer o senador Sérgio Moro. A nossa amizade vem por conta do trabalho que a gente faz na Apae. Ela sempre levantou muito forte. Roberta Bandeira das Apaes e eu também. E eu sempre trabalhei, porque eu fui presidente da Comissão de Saúde, com as entidades que atendem as pessoas com doenças raras. E ela também. É uma pessoa que quando eu for prefeito eu não vou precisar ter medo que mande cortar o freio do meu carro para assumir a prefeitura. Então eu estou satisfeito com a minha vice.

Lenise Aubrift Klenk –  Candidato, pegando carona nessa pergunta aqui da colega Roberta, eu queria emendar dois questionamentos ainda falando na sua vice. Uma bancada lavajatista é um argumento suficiente para fazer uma pessoa que quer se dedicar à vida política mudar de domicílio eleitoral? E o segundo. O senhor que é um representante de Curitiba, que se orgulha de ser um curitibano, de ter dedicado a sua vida política aos cidadãos de Curitiba, não teme que o senhor possa sofrer uma rejeição por conta de uma candidata à vice que fez essa mudança para São Paulo por conta, como o senhor acabou de falar, por uma estratégia política. E agora volta a Curitiba, oportunamente, para se candidatar à sua vice na sua chapa. Como o senhor lida com esses conflitos?
Leprevost –
Em primeiro lugar, quem fez essa estratégia de bancada lavajatista, se é que existiu isso, não fui eu. Eu nem estava participando desse processo que envolve a Lava Jato. O que eu acho é que a resposta está nas ruas, eu tenho andado nos finais de semana com a doutora Rosângela, fui na feira do Largo da Ordem com ela, minha mulher foi nos terminais de ônibus com ela, eu tenho levado elas em vários eventos em bairros.  Eu não tenho sentido rejeição a ela. A impressão que me dá é que o pessoal de São Paulo está bravo com ela. Quem é de São Paulo está magoado por ela ter sido eleita por São Paulo. Mas quem é de Curitiba está gostando da vinda dela para cá. Pelo menos assim, aquela pessoa que não é radical de esquerda, nem extremista de direita. E eu acho que quem conhece ela de verdade gosta, quem não conhecia e tá passando a conhecer durante a campanha tá gostando dela. Não temos a  menor expectativa nem que a extrema-direita e nem que a esquerda radical passe a gostar dela. O que para mim também é bom, porque daí eles não ficam torcendo para eu morrer quando eu for prefeito.

Martha – Para encerrar o assunto de União Brasil, que eu ainda tenho mais uma questão. A União Brasil está lhe tratando muito bem, né? Eu vi que foram já quatro repasses do fundo eleitoral com 8.772.600. Ou seja, você é prioridade para União Brasil;
Leprevost –
A nossa candidatura a prefeito é a única candidatura do União Brasil do sul do Brasil que pode ser vitoriosa. O compromisso do União Brasil é repassar R$ 9,8 milhões. Esse dinheiro não chegou, mas eu quero te dizer uma coisa, mesmo com todo esse repasse do fundo eleitoral, mesmo com a União Brasil apostando forte na minha campanha, eu preferia campanha sem fundo eleitoral. Eu preferia mil vezes a campanha em que a gente podia pedir ajuda de empresários, eles podiam doar através da pessoa jurídica. E não quer dizer que isso significava que tivesse algum interesse oculto. Tem empresários que se identificam com a minha maneira de pensar. Tem empresários que se identificam com as ideias que eu tenho para inovar em Curitiba. Tem empresários que estão preocupados com a segurança pública da sua família e que acreditam que o único que pode restabelecer como prefeito a lei e a ordem em Curitiba, mas de forma humana, respeitando os direitos do cidadão, sou eu. Então doação de empresa não é sinônimo de corrupção. O problema é que os caciques políticos nacionais que se perpetuam no Senado e na Câmara Federal querem manter o sistema funcionando, querem se reeleger e fazem dos candidatos a deputado, dos candidatos a vereador, dos candidatos a prefeito, reféns desse sistema eleitoral de fundo eleitoral e fundo partidário. Não é o caso do União Brasil em relação a mim, mas eu vejo em outros partidos candidatos tendo repasses insuficientes para fazer a sua campanha porque não aparecem bem nas pesquisas. E outra coisa que tem que ser rediscutida também na reforma eleitoral é o papel das pesquisas na eleição. Eu entendo que alguém que faz pesquisa para a Prefeitura Municipal, para o Governo do Estado, para a Assembleia Legislativa, recebendo dinheiro público, não poderia fazer pesquisas para serem divulgadas por veículos de comunicações na época da eleição. Isso, para mim, é um claro conflito de interesses, não é ilegal, mas é absolutamente imoral.

Lenise –  Vamos passar um pouco para parte das propostas, começando pela área de assistência social. Eu vi que você tem uma proposta de criação dos centros de reabilitação, inclusão, saúde, trabalho e organização para os moradores de rua. A gente tem um problema sério com as pessoas em situação de rua em Curitiba, uma população estimada em mais ou menos umas 3.300 pessoas. Sabemos que os abrigos dão conta em torno de 30% dessa população. Mas há anos a prefeitura tem repetido que sobram vagas nos abrigos. Então a questão de infraestrutura não é a mais grave. A mais grave é uma estratégia de convencimento dessas pessoas para que elas saiam das ruas e entrem nesse sistema com essa ursa que é feita pelo estado de assistência. Como resolver esse ponto, o ponto do convencimento e da abordagem às pessoas em situação de rua?
Leprevost –
  Talvez seja o problema mais sério de Curitiba no momento. Eu fui domingo, ali na procissão da nossa padroeira, de Nossa Senhora da Luz dos Pinhais, e fiquei prestando atenção, enquanto eu esperava a procissão chegar, nas pessoas ali ao redor da Praça Tiradentes. É uma situação deprimente, de cortar o coração da gente, sabe? Pessoas dormindo no chão, pessoas defecadas, andando,  pedindo esmolas, pessoas completamente embriagadas, pessoas com olhos de quem tinha acabado de consumir crack, Eu tenho algumas amizades que atuam muito nessas entidades que procuram fazer algum bem, socorrer de alguma forma, minimizar as dores dos moradores de rua. Eles falam que o número de moradores de rua é muito maior do que o que a prefeitura afirma.

Lenise –  Qual que é a estimativa então?
Leprevost –
Chega já a 6 mil reais, 6 mil pessoas, se for contar. Mas não tem o número oficial. É uma impressão que eles têm. O que eles fazem? Eles dão alimentos. Então eles somam todas as entidades que dão alimentos e chega a esse número aí, meio próximo de 6 mil reais, porque não tem mais morador de rua só no centro. Se você for lá no Boqueirão, tem morador de rua. Você vai no bairro que eu moro, Santa Felicidade, até alguns anos atrás, era como se fosse uma cidadezinha do interior, super agradável, aqui dentro de Curitiba. Na rua da minha casa, às vezes, já tem morador de rua. Então é um problema grave. Fica também um paradoxo, né? Porque a gente quer ajudar o morador de rua, quer dar alimento para ele, quer dar um cobertor, mas quando a gente ajuda também, de uma certa forma, talvez esteja incentivando ele a não querer sair da rua. Então a gente tem que trabalhar pensando em muitos fatores. Tem o fator de assistência social, o fator de moradia popular, o fator de qualificação profissional, o fator de saúde e o fator de segurança. No nosso programa de gestão para Curitiba está prevista a implantação dos CRISTOs. O que seriam os CRISTOs? Centros de Reabilitação, Inclusão, Saúde, Trabalho e Organização (CRISTOs). A gente vai ter que fazer uma triagem para ver, através da FAS, e na minha gestão a FAS não vai ter indicação política, a primeira-dama não vai ser presidente da FAS, a FAS vai ter uma gestão técnica, executiva. A gente vai ter que ver qual é o morador de rua que está lá porque perdeu a casa durante o Covid, ficou desempregado e perdeu a casa. Tem gente que não é dependente de craque e mora na rua. Acreditem, mas tem. Esse aí nós vamos ter que fazer o aluguel social até que a prefeitura consiga investir em moradia popular para essa pessoa. Tem um morador de rua que está lá porque é desempregado, não se atualizou para o mercado de trabalho. Ontem eu fui na João Fallers, que é uma rua que liga o bairro Orleans com o bairro Campo Comprido. Fui caminhar no comércio e aí tinha um senhor lá que é morador de rua. Ele não é desempregado, ele é coveiro do cemitério do Orleans. Até me disse que já viu fantasma, mas acho que isso é por conta de um pouco de excesso de álcool, porque ele estava bem embriagado. Mas eu fui comprar um caldo de cana, dei um caldo de cana para ele também, e sentei ali, fiquei batendo papo para entender um pouco a cabeça deles. Aí ele tinha um outro morador de rua do lado dele. Eu perguntei, se eu fizer o Cristo, você vai para lá? Daí ele falou, vou, mas tem uma condição. Ela tem que ir junto comigo. Ele tinha uma mulher também moradora de rua. Daí ele falou, vai funcionar só o Cristo se você fizer um só para homem, um só para mulher e um para casais, senão não vai funcionar. Eu não tinha nunca na vida pensado nisso. Conversando na rua, com morador de rua, eu aprendi isso. Então tem que cuidar. É para dar o tratamento psiquiátrico e até o internamento, se for necessário, para aqueles que são dependentes químicos, a moradia para quem não tem teto, e principalmente o curso de qualificação profissional para quem está desempregado poder voltar para o mercado de trabalho. Agora, a gente tem que separar as coisas. A pessoa que está lá morando na rua porque é alcoólatra ou porque é dependente de droga como maconha, cocaína, se consegue até. Talvez tenha que internar uns 15 dias, mas depois até consegue fazer tratamento psiquiátrico centro dia. Agora, o que está afundado no crack tem que ter um internamento. E você sabe por que a Prefeitura não interna? Porque houve desde a época do Marcelo Kimati, que assumiu na gestão de Gustavo Fruet (PDT) aqui o setor de saúde mental da Prefeitura de Curitiba, um desmantelamento da rede de saúde mental do município, que só ampliou nas últimas gestões. A prefeitura não investe em saúde mental. Curitiba tem só 115 leitos na rede pública municipal de saúde para transtornos psiquiátricos. Como é que a gente vai tratar o morador de rua sem aumentar o número de leitos psiquiátricos do município? Não tem como. Então, através dos Cristos e dessa separação do joio do trigo, a gente pode e vai fazer isso. Até porque também tem, no meio do morador de rua, pessoas que são foragidos da justiça e que estão ali infiltrados para não serem presos. O que eu posso te dizer Roberta, é que eu vou restabelecer a lei e a ordem em Curitiba, custa o que custar, não vou deixar nossa cidade virar uma Cracolândia, só que eu vou fazer isso com humanismo e com respeito à Constituição Federal e aos direitos humanos.

Lenise- Candidato, mas o senhor fala em internação e hoje essa não é uma decisão só municipal, a internação ela deve ser voluntária e esse talvez seja um dos principais desafios que qualquer estrutura administrativa do poder público municipal, estadual, federal enfrenta. A questão parece ser bem mais profunda do que simplesmente ter a estrutura ou voltar a internar ou não internar. Já que o senhor mencionou também as pessoas que são foragidas da justiça, que estariam em situação de rua, se escondendo, provavelmente da justiça, queria saber do senhor se a dependência química, dependência de álcool, que é um dos fatores preponderantes para levar as pessoas que são moradoras de Curitiba em situação de rua para essa situação, é um problema. Se esse é um problema de segurança pública ou um problema de saúde, afinal.
Leprevost
– Não, é um problema de saúde e de segurança. O traficante é um problema da segurança. Quem ganha dinheiro…

Lenise –  Mas geralmente não é o morador em situação de rua.
Leprevost –
Não, mas eu não estou falando que é o morador em situação de rua. Estou falando daquele que fugiu da penitenciária e se escondeu no meio dos moradores de rua. Não se preocupe que eu não quero prender nenhum morador de rua, não. Deus me livre disso.

Lenise – É bom a gente pontuar isso, candidato, porque a gente já teve posicionamentos políticos que são muito próximos de uma filosofia de higienização da cidade, então acho que é uma oportunidade de o senhor se colocar também.
Leprevost-
Não, eu não sou o meu adversário, pode ficar tranquilo. O internamento não pode ser feito na marra, mas se a família daquele morador de rua se afaz achar o familiar do morador de rua e o familiar concordar que esse morador de rua seja conduzido até um psiquiatra e o familiar for lá junto e assinar junto com o psiquiatra. A lei permite o tratamento involuntário. Então é importante a gente pontuar isso. Não estou dizendo que é um necessariamente. É, é mais difícil no caso do morador de rua, porque muitas vezes esse morador de rua nem é de Curitiba. Mas assim, a lei permite internamento involuntário. Não é desculpa para a Prefeitura não fazer nada. E tem o internamento compulsório, que daí é determinado pelo juiz, se o morador de rua, por exemplo, usa tanta droga a ponto de perder a cabeça e sair com uma faca, tentando enfiar a faca em alguém. Aí o juiz pode também determinar o internamento compulsório. Mas daí é só para casos muito graves, quando ele está colocando em risco a vida do próximo. Quanto à questão da droga, eu acho que a droga é um dos maiores problemas de saúde pública do mundo hoje. E é um problema que tem uma origem. As pessoas estão mentalmente doentes. Todos nós. A pandemia da Covid-19 deixou as pessoas com mais depressão. A internet, a tecnologia, as redes sociais deixam as pessoas com mais ansiedade. É necessário tratar a saúde mental das pessoas. Por isso que eu digo que nós temos que ter programas de prevenção às drogas que não sejam programas baseados em preconceitos. Tem que ser programas claros, programas que tratem a dependência química como uma doença, porque é isso que ela é. Agora, o traficante. Esse é quem enriquece, que compra mansões, carros importados, vendendo droga e que muitas vezes nem põe a mão nessa droga, ele só financia. E esse deveria, na minha opinião, ter prisão perpétua. Eu tenho ódio de traficantes de drogas. E olha que a palavra ódio, vindo da boca de alguém que sempre prega paz e amor, como é uma palavra muito pesada. Mas eu tenho ódio dos traficantes e tenho profunda compaixão pelas pessoas que não conseguiram se controlar e que acabam abusando do álcool e das drogas. Eu sou um dependente químico também do cigarro. Eu fumo muito. Nunca tentei parar de fumar ainda. Mas isso não me impediu de ser o autor da lei que proíbe as pessoas de fumarem no carro quando tem criança dentro do carro. Eu sou autor dessa lei no Paraná. Até pela experiência pessoal que eu tenho em relação ao cigarro. Então, eu concordo com você. Tem que separar as questões. Saúde é uma coisa, segurança é outra.

Martha – Eu queria mudar um pouquinho de assunto. Teve a liminar suspendendo o corte de árvores na obra do Inter 2 no Santa Quitéria. Você mudaria o projeto do Inter2?
Leprevost 
– Mudaria.  Mas não sou engenheiro, nem tenho a pretensão de ser. engenharia hoje tem mil e uma alternativas. Descrever para você como é que vai ser esse projeto seria chutômetro aqui. Agora, o que é mais importante a gente frisar? Sem corte de árvores, com certeza.  Sabe o que é mais importante que eu quero te dizer? Quando entrei no Ministério Público pra impedir esse corte de árvores e o Ministério Público tocou o assunto pra frente, não sei se tem a ver com a minha provocação ou não, mas tocou o assunto pra frente e suspendeu o corte na Justiça, Eu  estava achando assim, todo mundo falava muito, muitos políticos iam na rede social, se posicionavam contra, mas ninguém fazia nada na prática, assim, de efetivo, Agora, com a fumaça que está chegando em Curitiba, eu vi um monte de gente que me criticou na rede social, quando eu protocolei isso no Ministério Público, agora elogiando a minha iniciativa. Então eu vejo que foi acertada. Não dá mais para cortar árvore. O aquecimento global é um problema seríssimo. Nós não podemos ser negacionistas do clima. A ciência já comprovou que há um aquecimento global, sim. Nós teremos cada vez fenômenos de mais calor nos meses de verão e fora deles. Nós não estamos no verão. E também de muito frio, quando fizer frio, e de chuva intensa, com temporais, com devastações, como aconteceu no Rio Grande do Sul. Então nós temos que cuidar mais do meio ambiente. É um problema, evidentemente, mundial, mas Curitiba não pode ficar na contramão disso. Cortou as árvores da Vitor Ferreira do Amaral, da Erasto Gartner. Foi um erro tremendo da atual gestão. Me admira que o vice-prefeito, que tem falado no programa eleitoral dele bastante e bem até, com uma propaganda bonita sobre o meio ambiente, não tenha tido a coragem de se posicionar firmemente contra isso que o prefeito fez na Erasto e na Vitor Ferreira do Amaral e nem contra o que o prefeito quer fazer na Arthur Bernardes e mais. Na minha gestão, a Prefeitura vai ter que seguir a lei que ela impõe aos cidadãos. Se você cortar uma única árvore no quintal da tua casa, eles vão te multar e não se assuste se aparecer alguém lá, se não aparecer alguém lá para te prender. Por que a Prefeitura pode e o cidadão não pode? A Prefeitura vai cumprir, na minha gestão, a mesma regra que ela impõe aos cidadãos.

Roberta Canetti –  Com relação ao transporte coletivo, a redução da tarifa está entre suas propostas, mas não só a redução como algo mais objetivo? De chegar a cinco reais já nos primeiros seis meses de gestão. Me leva a crer que já existe até um cálculo e algum método aí para conseguir alcançar isso. Queria que você explicasse como isso vai ser possível e na sua opinião por que isso até hoje não foi possível.
Leprevost –
Tem muita gente técnica me ajudando na construção das minhas propostas. A maioria deles são nomes que eu não posso revelar, porque a gente que faz parte de equipes dentro do governo do Estado, dentro da Prefeitura, dentro da Universidade Federal do Paraná, que é uma universidade que também é mantida pelo governo federal, São pessoas que não querem se expor, mas são cabeças brilhantes que estão me ajudando. Em primeiro lugar, a gente precisa salientar que o transporte público de Curitiba hoje já é subsidiado. Se o Greca quisesse, amanhã mesmo, ele poderia baixar a tarifa para R$ 5,00. É possível, e por isso eu assumi esse compromisso que é o possível, que é de baixar a tarifa no primeiro semestre de gestão para R$ 5,00 e voltar com a domingueira a apenas R$ 1,00. Agora, não é só essa a nossa proposta para o transporte coletivo. A gente quer também fazer a renovação da frota, porque o transporte está perdendo clientela. O curitibano está optando por pagar um pouquinho mais caro e comprar, sei lá, uma moto em não sei quantas parcelas, e aí nós vamos ter mais acidente de trânsito, em andar num carro particular, mesmo que esse carro já esteja muito velho. Então, a gente precisa resgatar o cliente do transporte coletivo. Se a gente não der ônibus bom, que não fique parando, que não fique estragando toda hora. Se a gente não climatizar os ônibus, como todas as boas capitais do Brasil já tem ônibus com ar-condicionado, e se a gente não criar linhas alternativas, como tinha antigamente, por exemplo, o circular centro, a gente não vai conseguir trazer de volta a classe média para dentro do transporte coletivo. Hoje, quem pode, não anda mais de ônibus. Eu, quando era criança, pegava ônibus na Praça da Santa Quitéria, ali do ladinho da escola Alice Braga, e vinha com 11 anos de idade, eu e o meu irmão João Guilherme, para o Colégio Bom Jesus. A gente descia na Praça Ruy Barbosa. Então a segurança é um outro problema, porque hoje um pai de classe média, como era o meu pai, não vai deixar o filho de 11 anos pegar um ônibus sozinho em Curitiba, porque tem gente fumando crack, dentro do ônibus, tem gente fazendo assédio sexual dentro do ônibus, tem gente molestando mulheres dentro do ônibus. Por isso que eu vou colocar guardas municipais, à paisana dentro dos ônibus para serem os anjos do transporte. Nós vamos ter 120 guardas fazendo um revezamento entre os ônibus de Curitiba para pegar em flagrante esses pedófilos e assediadores sexuais que estão lá dentro e que colocam em risco as mulheres e as crianças.

Lenise –  Um dos seus adversários garante que vai garantir creche para todas as crianças. Hoje a gente tem alguns estudos que mostram 9 mil crianças em espera na fila da creche. Isso é viável a partir da próxima gestão?
Leprevost
– Eu diria mais do que isso, eu diria que é uma obrigação da Prefeitura. Veja, a Prefeitura tem registradas 9.500 crianças que estão fora de creches. Eu fui visitar uma moça, na semana passada, lá no Tatuquara, chamada Valéria. A Valéria tem uma filha chamada Bela Jolie. Ela está há um ano e nove meses esperando uma vaga em creche. Valéria quer montar o brechozinho dela num ponto comercial. Ela precisa de uma creche pra Bela Jolie. Ela foi na creche, sabe o que falaram para ela? Por acaso o seu marido está preso? Olha a pergunta. Ela falou, não, meu marido não está preso. Ela falou, não, não, porque se o seu marido estivesse preso, a sua filha teria prioridade na creche aqui. Eu fiquei pensando dentro da minha humildade, poxa, tudo bem, o filho do preso não tem culpa nenhuma do pai e da mãe terem cometido um crime. Ele tem direito à creche também, mas que culpa tem a Bela Jolie, de que a mãe dela não cometeu um crime. Por que ela não pode ir para creche também? Então nós vamos sim zerar a fila de creches em Curitiba, eu vou fazer convênios com as creches comunitárias, já tem um modelo que eu vou seguir, é o da creche Jesus Criança, que fica no São Brás, eu peço pra que as pessoas vão lá conhecer, a criança, além de toda a parte de ensino infantil, a criança lá tem o café da manhã, almoço, lanche da tarde e uma refeição do jantar antecipada, tem atividades esportivas, tem biblioteca infantil, tem até musicoterapia, porque eu arrumei uma emenda federal lá, Para eles, eles conseguiram colocar a musicoterapia e eu vou investir pesado na parceria com essas creches comunitárias até que eu possa começar a construir as 36 novas creches que estão previstas no meu programa de gestão para Curitiba. A partir do nono mês, eu inauguro, no mínimo, uma creche por mês. Lenise? A arrecadação prevista para Curitiba, por ano que vem, é 14 bilhões de reais. Não tem desculpa para prefeito não fazer creche. É só gastar menos comprando estátua, gastar menos fazendo terminal de ônibus, dizendo que tem energia solar e que nem tem banheiro, 4 milhões de reais. O espaço é o metro quadrado mais caro de Curitiba, o terminal, que fizeram um só aí pra inglês ver. É só parar de gastar com essas coisas e gastar com o que interessa. Saúde, educação e segurança.

Bate-bola

Um lugar em Curitiba – Parque Barigio

Uma comida de Curitiba – Polenta na chapa.

Um clube de futebol de Curitiba: Athletico

Um artista de Curitiba: Paulo Leminski.

Esquerda ou direita? É pra frente que se anda.

Lula ou Bolsonaro? Chega de divisão, precisamos nos unir, pensar no futuro. Como eu disse, é para frente que se anda.

Um nome para o governo do estado em 2026? Sérgio Moro.

Pimentel será o entrevistado desta quinta

Com o objetivo de informar o eleitor sobre as candidaturas e propostas para Curitiba, o Bem Paraná realiza até 20 de setembro sabatinas com os dez candidatos a prefeito de Curitiba. Nesta quinta (11), o Bem Paraná entrevista, ao vivo, às 15 horas, o candidato do PSD, Eduardo Pimentel.

Veja o calendário da Sabatina Bem Paraná

12/09 Eduardo Pimentel (PSD)

13/09 Maria Victoria (PP)

16/09 Andrea Caldas (PSOL)

17/09 Felipe Bombardelli (PCO)

18/09 Luizão (Solidariedade)

19/09 Roberto Requião (Mobiliza)

20/09 Luciano Ducci (PSB)