O Ministério das Relações Exteriores afirma que o governo brasileiro permanecerá com a custódia da embaixada da Argentina na Venezuela, mesmo diante da pressão do governo venezuelano. Além do cerco ao prédio por forças policiais, a gestão de Nicolás Maduro diz que revogará o consentimento para que o Brasil proteja os interesses argentinos na Venezuela.

Em nota divulgada ontem, 07, o governo brasileiro diz ter recebido o comunicado venezuelano “com surpresa”. Ao citar os termos das Convenções de Viena, o Itamaraty afirma que permanecerá com a custódia e a defesa dos interesses argentinos até que o governo argentino indique outro Estado aceitável pelo governo venezuelano para exercer essas funções.

“O governo brasileiro ressalta nesse contexto, nos termos das Convenções de Viena, a inviolabilidade das instalações da missão diplomática argentina, que atualmente abrigam seis asilados venezuelanos além de bens e arquivos”, complementa a nota. Apesar da previsão de inviolabilidade das instalações, a embaixada argentina teve o serviço de energia interrompido.

Os seis asilados são da equipe de Maria Corina Machado, figura de oposição ao regime Maduro, estando eles abrigados no prédio desde o dia 20 de março. Edmundo González, candidato da oposição que concorreu nas eleições de julho, estava refugiado há algumas semanas na embaixada da Espanha na Venezuela e, diante de um mandado de prisão contra ele, deixou o território venezuelano para se asilar na Espanha.

Contexto

O Brasil assumiu a custódia a pedido do governo argentino, que teve a equipe diplomática expulsa pela gestão de Nicolás Maduro em julho, diante de críticas ao processo eleitoral. No mesmo período, Maduro expulsou as equipes diplomáticas do Chile, Costa Rica, Peru, Panamá, República Dominicana e Uruguai.

A assunção das funções diplomáticas foi iniciada em 1º de agosto. Pouco mais de um mês depois, no dia 6, última sexta-feira, o prédio foi cercado por agentes do regime venezuelano.

O anúncio da revogação da autorização para o governo brasileiro representar os interesses da Argentina no país foi feito no dia seguinte. Em nota, a chancelaria venezuelana diz ter tomado a decisão, que, nos termos publicados, teria caráter imediato.