A ida do presidente Luiz Inácio Lula da Silva para o México, no fim de semana, tem como objetivo aumentar o comércio entre os dois países – as vendas de produtos agrícolas brasileiros teriam o principal potencial de crescimento – e deverá incluir conversas sobre Venezuela. O Brasil gostaria de atrair os mexicanos de volta para as discussões sobre a turbulência política no país vizinho.

As informações foram repassadas a jornalistas por diplomatas no Itamaraty, durante o que é conhecido como “briefing”, nesta quarta-feira, 25. Trata-se do momento em que o Ministério das Relações Exteriores explica como será a próxima viagem do presidente da República ao exterior.

Lula embarca para o México no domingo, 29, por volta das 12h, e chega ao país no fim da tarde. Terá reuniões separadas com o presidente mexicano, Andrés Manuel López Obrador, e com a presidente eleita, Claudia Sheinbaum, no sábado, 30. Também participará do encerramento de um encontro empresarial com cerca de 400 empresários, sendo aproximadamente 150 brasileiros. Na terça, dia 1º, ele participará da posse de Sheinbaum e retornará ao Brasil. É possível que haja mais alguma reunião, mas ainda não há confirmação.

Comércio e investimentos

A Secretária de América Latina e Caribe do Ministério das Relações Exteriores, Gisela Padovan, disse que a área com maior potencial para crescimento das exportações brasileiras para o México é a de alimentos. O atual governo mexicano tem um programa para reduzir o preço da comida que, segundo ela, dá a oportunidade para vender mais produtos agrícolas. “Mas sem descuidar da indústria”, disse ela.

O Broadcast Político apurou que as áreas em que o Brasil julga ter maior possibilidade de atrair investimentos para o País nessa viagem são a financeira, indústria química e, principalmente, telecomunicações – a gigante mundial América Móvil, de Carlos Slim, é de origem mexicana.

Padovan também disse que o Brasil tem uma janela de oportunidade em 2025 para negociar novas alíquotas para o comércio com o México porque os mexicanos estão próximos de renegociar os termos do bloco econômico que formam junto com Canadá e Estados Unidos. “A ideia básica é ampliar o número de linhas tarifárias com condições especiais entre Brasil e México. Um acordo que abrange só 13% das linhas é muito restrito”, disse a diplomata.

Em 2023, o México foi o quinto país que mais comprou produtos brasileiros, com US$ 8,6 bilhões em importações. Também foi o oitavo que mais vendeu para o Brasil, com US$ 5,5 bilhões.

Venezuela

Padovan disse que discussões sobre Venezuela não estão na agenda oficial, mas que provavelmente serão tema de conversas de Lula tanto com Obrador quanto com Sheinbaum. “Os países estão mais ou menos na mesma linha de tentar uma interlocução”, disse ela.

Brasil, México e Colômbia fizeram movimentos conjuntos depois de o chefe de o regime venezuelano, Nicolás Maduro, ser declarado reeleito em uma disputa contestada tanto pela oposição local quanto por organizações internacionais. Os mexicanos, porém, se afastaram das conversas .

Padovan indicou que o Brasil gostaria que os mexicanos retornassem a esse grupo. “Se tem três países com as características e peso de Brasil, Colômbia e México, isso tem mais alavancagem para mostrar que é algo de âmbito regional. Obviamente haverá conversas, e obviamente o Brasil gostaria de ter seus principais parceiros na América Latina em um tema da região”, declarou a diplomata.