Não vai ter horário de verão neste ano; medida divide população

Retomada da medida vinha em discussão; ontem, ministro confirmou que implantação segue no radar para 2025

Redação Bem Paraná
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Horário de verão: País estava dividido meio a meio sobre a volta (Franklin de Freitas)

Depois de semanas em discussão e expectativas, o retorno do horário brasileiro de verão para este ano foi descartado pelo governo federal. Ontem, o ministro de Minas e Energia, Alexandre Silveira, anunciou que a medida não será tomada neste ano.

“Chegamos à conclusão de que não há necessidade de decretação do horário de verão para este período, para este verão”, declarou Silveira, durante coletiva de imprensa na sede do ministério, em Brasília.
Mas Silveira deixou em aberto a retomada do horário especial para 2025. “Temos a segurança energética assegurada. É o início de um processo de restabelecimento da nossa condição hídrica ainda muito modesto, mas temos condições de chegar, depois do verão, em condição de avaliar a volta desta política [para o verão de 2025/2026]”, acrescentou o ministro, defendendo a eficácia da medida em determinadas circunstâncias.

Prós e contras

A adoção do horário de verão dividiu as opiniões. Na segunda-feira, o instituto Datafolha divulgou o resultado de uma pesquisa que aponta que a volta do horário de verão divide brasileiros: 47% dos entrevistados declararam ser favoráveis à medida. Outros 47% disseram ser contrários, enquanto os 6% restantes responderam ser indiferentes à iniciativa. A pesquisa foi realizada nos dias 7 e 8 de outubro. Foram ouvidas 2.029 pessoas em 113 cidades das cinco regiões.

Em meados de setembro, o portal Reclame Aqui e a Associação Brasileira de Bares e Restaurantes (Abrasel) divulgaram as conclusões de um levantamento que indica que a maior parcela (54,9%) da população estava de acordo com o horário de verão: 41,8% disseram ser totalmente favoráveis e 13,1%, parcialmente favoráveis. Outros 25,8% se mostraram totalmente contrários.

No Brasil, o horário de verão foi instituído pela primeira vez em 1931. Seguiu sendo adotado de forma irregular até 1985, quando passou a ser implementado sistematicamente. Em 2019 foi extinto, com a alegação de que a medida já não trazia vantagens.

Custo-benefício não justificava retomada para este ano, diz ministro

O ministro de Minas e Energia, Alexandre Silveira, disse no começo desta semana que o horário de verão só seria retomado em 2024 se fosse imprescindível.

“É importante que esta política seja sempre considerada. [O horário de verão] não pode ser fruto de uma avaliação apenas dogmática ou de cunho político, pois tem reflexos tanto positivos, quanto negativos, no setor elétrico, quanto na economia [em geral], devendo estar sempre na mesa”, disse o ministro .

“O pico do custo-benefício do horário de verão é nos meses de outubro e novembro, até meados de dezembro. Se nossa posição fosse decretar o horário de verão agora, usufruiríamos muito pouco deste pico. Porque teríamos que fazer um planejamento mínimo para os setores poderem se adaptar. Conseguiríamos entrar com isso só em meados de novembro e o custo-benefício seria muito pequeno”, acrescentou o ministro.

“Países que têm matrizes de energia nuclear, como, por exemplo, a França, adotam o horário de verão muito mais por uma questão econômica, de impulsionar a economia em certos períodos do ano, do que pela segurança energética”, comentou o ministro.

E no Brasil é justamente um dos setores da economia que mais defendia a volta do horário de verão. Bares e restaurantes viam com bons olhos o atraso em uma hora dos relógios para impulsionar as atividades.

Logo após o anúncio do ministro de descartar o horário para este ano, a Associação Brasileira de Bares e Restaurantes (Abrasel) criticou o governo. Para a associação, a decisão desconsidera os importantes benefícios econômicos, sociais e ambientais que a medida traria para o país, especialmente no atual cenário, onde há tarifas elevadas de energia e pressão sobre o sistema elétrico.

A Abrasel também destaca que o horário de verão geraria um aumento significativo no faturamento do setor de bares e restaurantes. “Estimamos que a extensão das horas de luz natural entre 18h e 21h resultaria em um crescimento de até 50% no movimento nesse período, o que levaria a um aumento de 10 a 15% no faturamento mensal dos estabelecimentos”, ressalta o presidente da Abrasel, Paulo Solmucci.