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Economia tem dia importante na quarta (Foto: Marcello Casal/Agência Brasil)

O próximo dia 18 de setembro é mais uma “Super Quarta”, uma data decisiva para a base de juros norte-americana e, também, os ajustes para os próximos passos da Selic no Brasil. Desta vez, segundo os especialistas consultados da FIPECAFI (Instituição que vem da FEA-USP), espera-se uma reunião que amenize os juros norte-americano, em contraponto ao esperado do cenário exterior, uma alta do Copom.

Começando pelo cenário brasileiro, a projeção de um novo ciclo de alta, vindo do Banco Central, demostra uma possível pressão inflacionária para os próximos períodos. Os resultados sobre o crescimento do PIB e outras notícias sobre a economia do país empurraram as expectativas de inflação para cima e o mercado financeiro acredita que o BACEN possa subir as taxas básicas de juros e encerrar o ano entre 11,25% e 11,5% ao ano.

Para o professor de finanças da FIPECAFI, Rogério Paulucci Mauad, mesmo que a inflação de agosto tenha vindo negativa (-0,02%), há uma pressão para os próximos meses em decorrência, por exemplo, do futuro aumento na conta de energia elétrica e das taxas de câmbio, que podem repercutir na elevação dos preços de commodities. “Com a deflação de agosto, há uma pressão dos setores produtivos para que o BACEN mantenha a Selic estável. Contudo, mesmo com esta pequena deflação de agosto, o mercado espera que o BACEN comece um ciclo de alta na taxa Selic e eleve entre 0,25% e 0,5%”, argumenta.

Já na análise para o cenário norte americano, que contempla a eleição para ocupar a presidência do país, além dos dados desafiadores sobre a economia e possíveis movimentos financeiros nos últimos meses, espera que o Federal Reserve, através de seu comitê de política monetária (FOMC), inicie um ciclo de corte nas taxas de juros, reduzindo em 25 pontos-base (0,25%) e que estes cortes possam continuar nas próximas reuniões.

“A expectativa que a inflação norte-americana recue nos próximos meses, conjugada a um mercado de trabalho mais fraco, com criação de menos vagas em diversos setores, eleva os temores de uma futura recessão nos Estados Unidos, competência ao Fed reduzir as taxas de juros para que isto não ocorra. Um ciclo de redução pode levar há uma depreciação do dólar perante as principais moedas o que, em tese, poderia favorecer as exportações de produtos norte-americanos e fortalecer os demais países emergentes, visto que o fluxo de recursos poderá migrar dos investimentos em títulos do Tesouro dos Estados Unidos para os demais mercados financeiros ao redor do mundo”, explica o especialista.

O especialista em Finanças da FIPECAFI, Felipe Nasciben, comenta que os dados norte-americanos persistem em vir abaixo das expectativas já que a economia vem crescendo, mas em ritmo mais lento do que o imaginado e previsto. Para ele, o FOMC já deveria ter iniciado o ciclo de diminuição de juros na reunião anterior, mas optou por aguardar e manteve a faixa entre 5,25% e 5,50% – o que os coloca “atrás” da curva, atrasados frente às necessidades de incentivos.

“Entretanto, a próxima reunião deverá trazer finalmente esse início de relaxamento monetário de. A verdade é que o necessário deveria ser um relaxamento um tanto maior de 0,50% e, ainda, acredito que possa ser esse o movimento de fato. Parte do mercado já passa a acreditar mais nessa ação mais intensa”, explica.

Esse movimento de relaxamento dos juros nos EUA, na visão de Nasciben, deverá dar mais ânimo ao ritmo de crescimento da economia e, ainda, colaborar com espaço para a continuidade da tendência da bolsa americana assim como diminuir a pressão sobre a brasileira e no resto do mundo.

“Se no Brasil, tivéssemos continuado o ciclo de baixa, essa combinação daria mais espaço para aumento de investimentos produtivos e valorização do índice Ibovespa. Contudo, localmente teremos o contrapeso ao movimento americano pelos desafios internos que deverão fazer com que os juros se mantenham”, finaliza.

Super Quarta é um evento que mexe com a economia

A Super Quarta é um evento conhecido no mercado financeiro e que ocorre quando, numa mesma quarta-feira, o Banco Central brasileiro e o Federal Reserve, que é Banco Central norte-americano, divulgam suas novas taxas básicas de juros. Nesta edição, completará o total dos quatro encontros esperados para 2024, que coincidem as individuais discussões monetárias entre países.