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Há 38 anos, em 17 de junho de 1983, o ‘Bem Paraná’ chegava às bancas pela primeira vez, ainda com o nome de ‘Jornal do Estado’. Corria o ano de 1983. Um militar governava o Brasil. Um vírus colocava medo na população de todo o mundo. Havia incertezas quanto à economia. O Uno, carro da Fiat, estava nas ruas. O celular era algo que todos queriam. Flamengo e Athletico erguiam taças no futebol e a seleção brasileira disputava uma Copa América. O videogame era um entretenimento “da hora”. Enfim, eram outros tempos. Ou não?



O presidente em 1983
João Figueiredo, general do exército, foi colocado no poder em 1979 pelo regime militar. Ficou até 1985, quando foi sucedido por José Sarney – na época, ele era o vice de Tancredo Neves, que morreu sem assumir a presidência.

O governador do Paraná em 1983
José Richa havia sido eleito em 1982, na primeira eleição direta após o golpe militar de 1964. Ele sucedeu Ney Braga e governou até 1986. Era pai de Beto Richa, que foi governador do Paraná entre 2011 e 2018.

O prefeito de Curitiba em 1983
Maurício Fruet sucedeu Jaime Lerner em 1983, sem eleição direta. Ele foi alçado ao posto por determinação do governador José Richa e ficou até 1985. Fruet era pai de Gustavo Fruet, prefeito de Curitiba entre 2013 e 2016.

Os senadores paranaenses em 1983

  • Affonso Camargo (eleito em 1978)
  • Alvaro Dias (eleito em 1982)
  • Enéas Faria (era suplente; virou senador depois que José Richa assumiu o governo, em 1982)

O atual presidente
Jair Bolsonaro tinha completado 28 anos em 1983 e estava em carreira militar. Formado nas Agulhas Negras em 1977, virou capitão do exército. Foi eleito vereador do Rio de Janeiro em 1988 e ali iniciou a carreira política.

O atual governador
Ratinho Júnior tinha 2 anos em 1983 e ainda morava em Jandaia do Sul, interior do Paraná, com sua família – Carlos Roberto Massa, o Ratinho, e Solange Martinez Massa. Veio para Curitiba no ano seguinte.

O atual prefeito de Curitiba
Rafael Greca completou 27 anos em 1983 e estava em seu primeiro mandato como vereador de Curitiba – havia sido eleito em 1982, ainda pelo PDS. Em 1983, ingressou no Partido Democrático Trabalhista (PDT).

Os atuais senadores paranaenses

  • Alvaro Dias (eleito em 2014, exerce sua quarta legislatura na Casa; as outras começaram em 1983, 1999 e 2007)
  • Flavio Arns (eleito em 2018)
  • Oriovisto Guimarães (eleito em 2018)

Celular, objeto de desejo de consumo
Em 1983, foi apresentado ao mundo o telefone que pode ser levado e atendido em qualquer lugar: o DynaTAC 8000X, desenvolvido pela Motorola. Na época, o “celular” só servia para chamadas telefônicas. Mesmo assim, era um tremendo objeto de desejo. Hoje, até crianças têm um celular. O acesso à internet via celular traz possibilidades quase infinitas em termos de comunicações, com sites, estações de rádio, playlists de músicas ou vídeos e arquivos, além de tirar fotos, fazer vídeos e mandar e receber mensagens de todos os tipos. As crianças talvez nem saibam, mas serve até para chamadas telefônicas.

O mundo na tela
Mudar de canal a cabo, mudar de serviço de streaming, acessar qualquer vídeo a qualquer hora, ver o filme que quer na hora que quer, maratonar séries… Tanta opção que parece impossível lembrar o que era ver televisão no Brasil em 1983. Em Curitiba, havia apenas quatro canais: 2 (TV Curitiba/sem rede), o 4 (Iguaçu/SBT), o 6 (Paraná/Bandeirantes) e o 12 (Paranaense/Globo). Não gostou? Tinha que levantar do sofá. O controle remoto não existia. A imagem? Nada de resolução 4K ou de 1.080 pontos; era de 640 x 480 pontos, e olhe lá. Não ficava boa? O jeito era colocar bombril na antena…

Jogos eletrônicos
Poucos Natais tiveram um produto tão onipresente nas vendas quando aquele de 1983. O nome da vez era o Atari, que viria a ser o mais popular videogame dos anos 80. O Atari perdeu espaço para consoles mais modernos que foram lançados posteriormente. A cada geração, eles ganham em recursos gráficos, em jogos mais complexos e em capacidade. Só a popularidade não mudou. Os games se multiplicam em fãs pelo mundo.

Sobre quatro rodas
Foi em 1983 que a Fiat lançou a versão definitiva do Uno, criado para ser o carro 0 km mais barato à venda no mercado — e ser um concorrente ao Fusca, o carro mais popular da época. O Fusca não existe mais, mas o Uno sim. Foi totalmente remodelado (claro), mudou de nome (Mille, quando ganhou motor de 1000 cc), descontinuado (em 2014) e relançado como Novo Uno. Só que não é o mais barato do mercado; o Fiat Mobi tem um valor de compra menor.

Um vírus que assombra todo o planeta
A primeira edição do ‘Jornal do Estado’ trazia uma matéria de página inteira sobre a aids. Em 1983, no Instituto Pasteur, de Paris, o pesquisador Luc Montagnier e sua equipe conseguiram isolar um certo vírus que estava causando mortes misteriosas na África. O vírus, que viria a ganhar o nome de HIV, era o causador de um mal chamado síndrome da imunodeficiência adquirida (AIDS, pela sigla em inglês). Hoje, o mundo tem que lidar com outro vírus, o coronavírus, que causa a Corona Virus Disease (COVID, pela sigla em inglês). A Covid assusta, mas não soa como uma sentença de morte definitiva, como o HIV soava em 1983. Por outro lado, a Aids nunca chegou a um status de pandemia semelhante ao da Covid. No último ano e meio, 176 milhões de pessoas foram infectadas pelo coronavírus, contra 1,5 milhão de contágios por aids em 2020.



A cor do dinheiro
Em 1983, a moeda tinha o nome de Cruzeiro, e sua nota mais famosa era a de Cr$ 1.000 — tinha até um apelido, “Barão”, em alusão à efíege do Barão do Rio Branco. Um “Barão” dava para comprar 10 edições do ‘Jornal do Estado’ (cada uma custava Cr$ 100). Como o atual preço do jornal é de R$ 2, o “Barão” equivaleria a uma nota atual de R$ 20, se a cotação monetária dos últimos 38 anos fosse feita pelo preço de capa do ‘Bem Paraná’. Mas não é bem assim. Nesses 38 anos, houve cinco planos econômicos, que tiveram trocas de moedas e cortes de zeros, para controlar inflações inimagináveis nos padrões de hoje. O real foi criado em 1994 e era equiparado ao dólar. Considerando apenas as trocas de moedas, um real equivaleria a Cr$ 2.750.000.000.000,00 (2,7 trilhões de cruzeiros). Em 1983, havia incertezas quando à economia, corroída por uma inflação de 10% ao mês; hoje o vilão da economia é outro: a pandemia da Covid-19, que causa incertezas financeiras para o futuro.



E rola a bola

  • Em 1983, a seleção brasileira foi vice-campeã da Copa América. Hoje, a seleção brasileira está em plena disputa de Copa América
  • O campeão brasileiro de 1983 foi o Flamengo. O atual campeão nacional é o… Flamengo
  • O campeão paranaense de 1983 foi o Atlético. O atual campeão nacional é o… Athletico (só mudou a grafia do nome)


Linha do tempo da Grande Curitiba
A Região Metropolitana de Curitiba (RMC) existe desde 1974. Foi criada a partir de uma lei de 1973. Junto, também surgiu a Coordenação da Região Metropolitana de Curitiba (Comec), uma entidade autárquica do Governo do Estado. A RMC foi manchete da primeira edição do Jornal do Estado, em 17 de junho de 1983. De lá para cá, a região cresceu em área e em número de cidades: hoje são 29

1983
Além de Curitiba, a RMC tinha outras 13 cidades: Almirante Tamandaré, Araucária, Campo Largo, Colombo Manditiruba, Piraquara, São José dos Pinhais, Balsa Nova, Bocaiúva do Sul, Campina Grande do Sul, Contenda, Quatro Barras e Rio Branco do Sul — essas seis últimas sem divisa direta com a Capital.

1990
Surgem as cidades de Fazenda Rio Grande, Itaperuçu e Tunas do Paraná. Todas já na RMC.

1992
O distrito de Pinhais se separa de Piraquara, vira cidade e se junta à RMC.

1994
A RMC ganha Cerro Azul, Doutor Ulysses, Quitandinha e Tijucas do Sul

1995
Adrianópolis entra para a RMC; surge a cidade de Campo Magro, derivada de Almirante Tamandaré.

1998
Agudos do Sul consegue ingressar para a Região Metropolitana de Curitiba.

2002
A tradicional Lapa é a 26ª cidade a ser incluída na Grande Curitiba.

2011
Campo do Tenente, Rio Negro e Piên passam a integrar a região.