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Abordagem social de rua: segundo dados do Cadastro Único, Curitiba já soma mais de 4 mil pessoas em situação de rua (Foto: Franklin de Freitas)

A manhã de ontem foi marcada por uma tragédia no bairro Fazendinha, em Curitiba. Um homem que estaria em situação de rua foi encontrado morto embaixo de uma marquise de loja na Rua Raul Pompéia, onde teria passado a noite. A vítima, que tinha cerca de 40 anos, possivelmente faleceu de causa natural, já que seu corpo não apresentava nenhum sinal de violência. E durante todo o tempo a situação foi acompanhada por um cão branco, cujo dono seria justamente o homem falecido, numa cena que gerou comoção. No final das contas, o animal foi recolhido pela equipe de Proteção Animal da Prefeitura de Curitiba.

Ocorre que cenas como essa (ainda que não sempre com a mesma dramaticidade) são algo um tanto corriqueiras na Capital. É o que revelam informações extraídas pelo Bem Paraná da base de dados do Sistema Integrado de Atendimento ao Cidadão (SIAC), que reúne as solicitações geradas na Central 156, principal canal de comunicação entre o cidadão e a Prefeitura Municipal de Curitiba.

Conforme o levantamento, entre janeiro e junho deste ano a Central 156 registrou 4.208 solicitações de abordagem social envolvendo pessoas dormindo ou caídas na rua. Para se ter uma dimensão do que isso representa, é como se a cada dia 23 pessoas (ou grupo de pessoas, já que em algumas ocorrências há mais de um indivíduo dormindo ou caído na via) fossem encontradas desacordadas nalguma rua curitibana, o equivalente ainda a uma ocorrência a cada 62 minutos.

O cenário, no entanto, é só mais uma evidência de um problema ainda maior. De acordo com relatório da Secretaria de Avaliação, Gestão da Informação e Cadastro Único (Sagicad), em todo o Brasil há 284.910 pessoas vivendo em situação de rua. Só no Paraná são 14.371 indivíduos vivendo nessa condição, dos quais 4.022 estão em Curitiba – sendo que em setembro do ano passado havia 3.487 pessoas em situação de rua na Capital, o que aponta para um avanço de 15,3% em menos de um ano.

Uma solicitação de “abordagem social de rua” a cada 15 minutos

Além das demandas envolvendo pessoas dormindo ou caídas na rua, a Central 156 recebe também várias outras solicitações de abordagem social de rua, que envolvem: ajuda para encontrar adultos desaparecidos; abordagem a pessoas alcoolizadas e/ou drogadas; abordagem de pessoas esmolando; Operação Inverno (ações para proteção da população vulnerável em dias de frio); abordagem de pessoas perdidas e/ou desorientadas; e abordagem de pessoas ou até famílias em desabrigo na rua.

Nos seis primeiros meses de 2024, a Central 156 recebeu um total de 17.119 solicitações de abordagem social de rua (incluindo-se as demandas envolvendo pessoas caídas ou desacordadas), o equivalente a quase 95 demandas diárias e a uma solicitação a cada 15 minutos.

Até aqui, os meses com mais atendimentos solicitados foram maio (3.175), janeiro (2.884) e junho (2.850). Já as solicitações mais comuns envolvem a abordagem de pessoas ou famílias em desabrigo na rua (11.403 registros), os casos de pessoas dormindo ou caídas na rua (4.208), a abordagem de pessoas perdidas ou desorientadas (640), adultos desaparecidos (321) e pessoas alcoolizadas ou drogadas (320).

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Morador de rua caído no meio da rua em Curitiba: cena cada vez mais corriqueira (Foto: Franklin de Freitas)