A Justiça do Paraná decide nesta terça-feira (18 de junho) se o responsável pelo brutal assassinato de Oziel Braques dos Santos, ocorrido durante um ataque homofóbico em um ônibus biarticulado no último domingo (16 de junho), permanecerá na cadeia ou não. E antes da audiência de custódia, advogados do Grupo Dignidade explicaram como se deu a dinâmica dos fatos durante o ataque homofóbico que terminou em assassinato.
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Em entrevista ao jornalista Franklin de Freitas, do Bem Paraná, a Dra. Luz Reginatto e o Dr. Jean Muksen explicaram que as vítimas das ofensas, inicialmente, foram uma mulher trans e um amigo dela, um homem gay.
“O agressor começou questionando o gênero de uma das vítimas, perguntando se ela de fato era mulher, se era homem. Ele ameaçou tirar as roupas da vítima para degradá-la, para humilhá-la. Então a gente sabe que tem esse caráter transfóbico bem forte [no crime]“, comenta Reginatto.
Oziel, por sua vez, reagiu ao ataque homofóbico logo após a tentativa dos agressores de tirar a roupa da mulher trans e uma agressão perpetrada contra o amigo dela.
“Tentaram arrancar a roupa dela no ônibus e depois o menino é agredido, leva um tapa. É nessa hora que o Sr. Oziel se levanta e pede para que parem com aquela situação. Nisso, os dois autores do crime, um segura o Oziel e o outro esfaqueia ele diversas vezes”, relata Muksen, com base no depoimento de pelo menos cinco testemunhas já ouvidas.
A vítima, que tinha 42 anos, voltada para casa após um dia de trabalho quando acabou sendo morta. Ele acabou levando mais de 10 facadas nas costas, barriga e pescoço e morreu ainda dentro do ônibus, da linha Santa Cândida/Capão Raso.
Ao reagir ao ataque homofóbico, começou a gritar que um assalto estaria ocorrendo, pedindo para que o motorista do ônibus parasse. “Ele tentou ocasionar ali uma dispersão, o que não aconteceu. E os dois suspeitos reagiram e cometeram esse ato brutal”, comenta Muksen.