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No pior momento da longa estiagem, agosto e setembro registraram muitos casos de incêndios ambientais (Franklin de Freitas)

A área queimada no Paraná em 2024, entre os meses de janeiro e agosto, cresceu exponencialmente (quase sete vezes) em relação ao mesmo período do ano passado. Desde o início do ano, mais de 62 mil hectares já arderam no estado, com crescimento de 665% em relação a 2023, quando 8.114 hectares (ha) haviam queimado nos oito primeiros meses do ano. Agosto, justamente, foi o mês com maior área queimada: 48.779 ha, o equivalente a 78,5% do total no ano. É apenas um retrato do cenário apocalíptico que acabou cobrindo mais da metade do país com fumaça de incêndios.

Os dados do Monitor do Fogo, levantamento realizado mensalmente pelo MapBiomas, revelam ainda que uma área maior do que o município de Curitiba já queimou no Paraná neste ano. A capital paranaense, de acordo com o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), tem uma área territorial de aproximadamente 435 quilômetros quadrados, o equivalente a 43.500 ha. O território que já ardeu no estado neste ano, por sua vez, soma 62.104 ha (ou 621,04 km²), 42% a mais que o território curitibano. Ou seja, é como se “uma Curitiba e meia” tivesse queimado no Paraná apenas em 2024.

Outra estatística que dá a dimensão do que está ocorrendo é o comparativo da área queimada no Paraná neste ano em relação aos anos anteriores. Entre 2021 e 2023, 60.457 ha arderam no Paraná, em todo o período. Neste ano, em apenas oito meses, o estado já se superou a marca dos 62 mil hectares queimados. E a tendência é que esse dado fique ainda pior em setembro, considerando que o calor e tempo seco persiste e que o número de focos de incêndio segue elevado, conforme dados do Corpo de Bombeiros que serão analisados mais detidamente a seguir.

Finalmente, dos 62.104 hectares queimados no Paraná em 2024, 25.493 ha são campos alagados e áreas pantanosas; 8.949 ha, plantações de soja; 6.933 ha, mosaicos de usos (áreas de uso agropecuário onde não foi possível distinguir entre pastagem e agricultura); 5.880 ha, plantações de cana; 3.768, outras lavouras temporárias; e 2.163, formações florestais.

77 incêndios florestais por dia em setembro
O Corpo de Bombeiros do Paraná registrou no mês de setembro, até o dia 26 (última quinta-feira), uma média de quase 77 focos de incêndio ambiental por dia no Paraná.

Os dados são do Sistema de Registro de Ocorrências e Estatísticas do Corpo de Bombeiros (SysBM) e foram compilados pelo Bem Paraná.
No nono mês do ano, 2.001 focos de incêndio em vegetação foram registrados no estado. O número, entretanto, ainda fica abaixo do registrado no mês anterior: 2.898 focos de incêndio (quase 94 ocorrências diárias).

Ao longo de todo este ano, os bombeiros anotaram ainda 11.972 focos de incêndio ambiental no Paraná. Isso já supera em 84,6% o total de registros do ano passado (6.485 focos) e se aproxima do recorde recente do estado.

Desde 2018, o ano com mais incêndios florestais no estado é 2019, com 12.717 registros.

Área queimada no Paraná
2024*: 62.104 hectares
2023: 11.613 ha
2022: 6.726 ha
2021: 42.118 ha
2020: 18.828 ha
2019: 38.393 ha

Até agosto
2024 x 2023

(Janeiro a agosto)
2024: 62.104 ha
2023: 8.114 há
Variação: + 665,4%
Fonte: MapBiomas – Monitor do Fogo