PRINCIPAL
Pico Paraná, a maior montanha da região Sul do Brasil, com 1.878 metros de altitude (Foto: Franklin de Freitas)

A Serra do Ibitiraquire, também conhecida como “Serra Verde” (numa simples tradução do tupi para o português), é um dos principais lugares no Paraná para os amantes do montanhismo. Localizada entre os municípios de Antonina (no litoral paranaense) e Campina Grande do Sul (na Região Metropolitana de Curitiba), a unidade de conservação apresenta algumas das mais altas e mais desafiadoras montanhas do Sul do Brasil. Entre elas estão o Pico Caratuva (com 1.860 metros de altitude) e o Pico Siririca (conhecido por ser o “K2 Paranaense”, a montanha de trilha consolidada mais difícil do estado).

Mas o grande destaque da região, inquestionavelmente, é o colossal Pico Paraná, que com 1.878 metros de altitude é a maior montanha de nossa região. E foi para lá que a equipe do Bem Paraná se deslocou recentemente, na companhia do guia Lineu César Filho, que é também integrante do Corpo de Socorro em Montanha (Cosmo). Uma jornada desafiadora, cujo ataque ao cume e o retorno até a Fazenda Rio das Pedras levou pouco mais de 12 horas. Um esforço extraordinário, mas que definitivamente vale a pena.

Como chegar até o Parque Estadual Pico Paraná

Para chegar ao Parque Estadual Pico Paraná (PEPP), é necessário pegar a BR-116. Passando o Posto do Tio Doca, entre à direita na Ponte do Rio Tucum e siga por 6 quilômetros em estrada de terra. Nesse caminho, você vai passar pela Fazenda Pico Paraná e pela Fazenda Rio das Pedras, até chegar na base do Instituto Água e Terra (IAT), que fica no final da estrada. O preenchimento do cadastro na base do IAT é obrigatório e também fundamental para a própria segurança dos aventureiros.

Feito esse cadastro, é hora de iniciar o acesso à trilha para o Pico Paraná. Também é por ali que se acessam outras montanhas daquela Unidade de Conservação, já que o PP é rodeado por várias outras montanhas.

O início da jornada

Nossa aventura teve início pouco depois das 4 horas da madrugada. Após estacionar o carro na Fazenda Rio das Pedras, o trio (formado pelo guia Lineu César Filho, o fotógrafo Franklin de Freitas e o repórter Rodolfo Luis Kowalski) se cadastrou na base do IAT. E em seguida, já começou a jornada com destino ao ponto culminante da região Sul do Brasil.

A primeira parada foi no Morro do Getúlio. Uma caminhada de 3,5 quilômetros que é tranquila, embora exija um esforço físico moderado para quem não pratica o montanhismo. É que desde a partida se faz a trilha em subida, para depois alternar entre subidas e caminhadas planas. No caminho, se passa pela Pedra do Grito (um mirante que proporciona uma vista espetacular da Represa do Capivari) e o Lago Morto. Já do cume do Getúlio, é possível também apreciar a vista para outras montanhas da região, com destaque para o Caratuva, localizado bem de frente.

Seguindo pela trilha, chega-se a um ponto bastante conhecido, onde estão as placas de sinalização que indicam o caminho até as diferentes montanhas do PEPP. Indo reto se vai para a o Itapiroca e o Pico Paraná, enquanto à esquerda ficam as trilhas que levam para o Caratuva, o Taipabuçu e o Ferraria.

E é aí que a aventura tem início, efetivamente.

A caminhada até o cume do Pico Paraná

Para se abastecer com água, há uma bica entre o Caratuva e o Itapiroca. Mais a frente, há ainda dois riozinhos onde é possível coletar água antes de chegar à base A1. É necessário, contudo, ter formas de purificar essa água antes de consumi-la. Por isso, é fundamental que quem for se aventurar calcule direito a quantidade de água que será levada para a jornada ou garanta formas de tornar a água que há pelo caminho potável, senão os perrengues serão inevitáveis.

De partida, a trilha que leva ao Pico Paraná coloca como desafio a escalada em raízes, com um sobe e desce intenso. São as últimas partes da trilha, no entanto, que oferecem as maiores belezas e, também, as maiores dificuldades.

É que as últimas partes da trilha são um pouco mais verticais, com um pouco mais de pedras. É necessário ir contornando numa crista e passar na beira do precipício por alguns locais onde tem mais rochas expostas com ‘escadinhas’, por exemplo.

“A subida é mais vertical, é um pouco mais exigente fisicamente, e não tem uma cobertura vegetal que proporcione sombra. Então a gente vai subindo o tempo inteiro com sol a pino. É um pouco mais desgastante por isso quando tem muito sol. Então tem que cuidar bem da hidratação, porque na chegada ao cume, principalmente, você já está há várias horas em atividade, o corpo já está um pouco desidratado, então é importante chegar sempre aqui no topo da montanha com água e, também, com água para voltar, porque aqui é a metade do caminho. A outra metade a gente precisa percorrer ainda para chegar de volta na base”

Lineu César Filho, guia e um dos mais experientes montanhistas do Paraná

Ao todo, o Bem Paraná levou sete horas para subir até o cume do Pico Paraná, de onde é possível avistar todo o conjunto de serras e as baías de Paranaguá e Antonina, além de Curitiba e região. Para descer, foram mais cinco horas de pernada até chegar novamente na base do IAT.

Preparo físico e mental são fundamentais, bem como equipamentos adequados

Para fazer a aventura, obviamente, é necessário ter um bom preparo físico, até pela extensão da caminhada. Mas também é fundamental um bom preparo mental/psicológico, para não deixar o cansaço levar o aventureiro a erros. Por isso, para quem está querendo começar nesse tipo de prática o ideal é iniciar por morros e trilhas com acesso mais fácil e nível de dificuldade menor. Uma boa pedida é a Serra da Baitaca, em Quatro Barras, onde estão os morros Anhangava, Pão de Loth e Samambaia.

Ter a indumentária adequada também é fundamental.

“Da mesma forma que a gente não vai para a praia como se estivesse vestido para ir a uma festa ou com uma roupa de frio, na montanha é a mesma coisa. Precisa ter um calçado adequado, um calçado confortável, que tenha boa aderência. De preferência uma bota, porque ela dá mais estabilidade no tornozelo. O ideal é ter um reservatório de água condizente com o tanto de água que você tem disponível no caminho e um isotônico ajuda muito para garantir a hidratação”, orienta Lineu.

“A gente costuma estar de preferência com uma calça comprida, que proteja a canela de arranhões e também da temperatura. Uma jaqueta impermeável também é importante e uma mochila adequada para caber tudo o que você tem que carregar e que tenha conforto e estabilidade. E não se deve andar sem lanterna, é um equipamento fundamental”, ressalta ainda o guia.

Quer se aventurar? Contrate um guia profissional de montanha

Para a aventura do Bem Paraná ser possível, foi fundamental o acompanhamento de um guia profissional de montanha. E Lineu Filho é um dos profissionais mais experientes no Paraná, com décadas de prática, além de ser integrante do Cosmo.

“Eu faço esse trabalho guiando as pessoas, trazendo elas pela primeira vez ou até outros já mais experientes, que precisam de um apoio, uma companhia. Fazemos cursos de escalada também, curso de iniciação no montanhismo… Atuamos em tudo, dependendo da demanda, e também podemos direcionar o pessoal para os guias adequados, pessoas responsáveis, com experiência”, comenta Lineu.

Para contatar o profissional, basta procurá-lo nas redes sociais, principalmente o Instagram: @lineu_cesar_filho_